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Policial que atendeu a ocorrência da yorkshire assassinada dá novos detalhes sobre o crime

26 de dezembro de 2011
7 min. de leitura
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Por Lilian Regato Garrafa  (da Redação)
O caso da enfermeira Camilla Corrêa Alves de Moura Araújo dos Santos, de 22 anos, que foi filmada espancando um cachorro da raça Yorkshire em Formosa, cidade goiana no Entorno do Distrito Federal, continua mobilizando defensores e simpatizantes da causa animal.
Sheila Moura, presidente da Sociedade Educacional Fala Bicho, conversou com a soldada Luciana, que esteve no apartamento em que vivia a cachorrinha yorkshire Lana, no dia de seu bárbaro assassinato.

Enfermeira durante flagrante de agressão registrado em vídeo (Foto: Reprodução/Youtube)

A soldada Luciana esteve na antevéspera do crime, um sábado, no aniversário da filha da Vera, que foi a denunciante do caso. Neste evento, Claudemir, que é o compadre de Vera, apresentou à soldada o vídeo com o registro de uma agressão que Camila praticou contra a cachorrinha e questionou a policial sobre qual seria o caminho correto para denunciar o caso. Na inexistência de órgaos na cidade de Formosa aos quais se possam encaminhar atendimentos dessa natureza, a soldada recomendou que no domingo ele se dirigisse ao CIOPS (Centro Integrado de Operações de Segurança), junto à autoridade competente, e narrasse o caso ao delegado, que informaria o procedimento correto. A soldada relata que antes havia na cidade um órgao da prefeitura que atuava em casos de remoção, porém não é mais atuante na cidade. No dia a soldada tentou entrar em contato com a polícia ambiental, mas eles estavam fora, a trabalho, por isso ficou uma lacuna do sábado para o domingo.
Na segunda-feira, a soldada recebeu uma ligação da Vera, dizendo que a cachorrinha ainda estava viva, sofrendo muito, já num estágio bem avançado de agressão, e a mulher continuava a praticar a violência na frente da criança, e inclusive durante aquela ligação estaria acontecendo – momento em que Vera pediu para que a soldada fosse para lá imediatamente.
No total foram feitas seis gravações: duas pela Vera, duas pelo pessoal da casa e duas pela soldada, que instalou a câmera. Essa imagem não foi veiculada, estando ainda em posse da policial. São imagens que mostram as mesmas cenas: imagens da cachorra sendo espancada e com toalha e balde sobre a cabeça a fim de tirar a oxigenação do animal. A soldada afirma ter filmado para ter algum material para reportar ao delegado. Os bombeiros também foram acionados e, mesmo tendo conhecimento de que não seria uma obrigação da polícia militar atender este caso, concordaram que de modo algum poderiam ser feitas “vistas grossas” diante da gravidade do caso. Afirmaram que fariam contato com uma pessoa em Brasília que teria uma área destinada a acolher animais vitimas de maus-tratos.
A agressora espancou o animal na frente de uma criança (Foto: Reprodução/Youtube)

Mediante toda essa situação já preparada para fazer o resgate de Lana, a soldada convocou sua equipe de serviço. Ao chegarem ao local, as equipes de bombeiros e PM subiram ao apartamento pela entrada e serviço do edifício e provavelmente Camila, tendo visto a chegada da polícia, fugiu pela saída social. No apartamento, a equipe foi recebida pelo marido de Camila, que permitiu a entrada e negou o ocorrido, mesmo a agressão tendo sido registrada pelas câmeras minutos antes. Ele tentou mostrar o apartamento à equipe, impedindo o acesso à área de serviço, para ganhar tempo. A soldada, percebendo a cumplicidade dele, pediu-lhe que a levasse imediatamente ao local onde estariam sua mulher e o animal, caso contrário seria também detido. O marido respondeu, então, que ela havia descido com o animal. Nesse instante, outro policial militar desceu e encontrou Camila com o filho no colo e a cachorrinha já morta no gramado.
No pátio do prédio, o policial se deparou com Camila num ato como se estivesse esganando a cachorra, mas, ao ser indagada sobre o que estaria fazendo, desconversou dizendo que a cachorra teria engolido uma lagartixa e se engasgado. Inclusive havia outras pessoas no local que viram aquela movimentação e, ao se defrontarem com o cachorro, entraram em desespero e imediatamente se dirigiram a ela chamando-a de “assassina”. O policial no ato retirou Camila do local pra resguardá-la de possíveis investidas de quem presenciara a covardia.
No entanto, em razão da greve da polícia, Camila naquele momento não foi levada à delegacia, apenas foi qualificada, segundo a soldada. O marido da criminosa desceu algum tempo depois, recolheu o corpo da cadelinha e, segundo informou à polícia, no dia seguinte o jogou num contêiner de lixo localizado numa avenida da cidade. Ele e a empregada foram ouvidos pela polícia, mas não acrescentaram dados relevantes em seus depoimentos. O marido afirmou nunca ter visto a mulher maltratar a cadelinha e não a vira descer quando deu fim à vida do animal. A polícia já ouviu todas as pessoas envolvidas e só está aguardando o laudo das psicólogas e a chegada do depoimento do Claudemir (autor das imagens), que se deslocará do Mato Grosso, estado onde reside.
Provas revelam que maus-tratos contra yorkshire eram constantes (Foto: Reprodução/Youtube)

A soldada Luciana, que também tem cachorros em casa, mostrou-se revoltada e indignada com a frieza e crueldade com a qual teve de lidar nesse caso. Afirmou sentir-se “algemada” diante de atos como este, pois considera a vida de animais tanto quanto a de humanos, e espera que isso repercuta a quem realmente possa capacitar os órgãos responsáveis por agir e deixá-los mais atuantes
A partir dessa tragédia, que foi um momento muito importante para a proteção animal, esperamos e cobramos que as autoridades que governam esse país levem esse assunto a sério porque a mobilização foi grande, inclusive com grandes manifestações no exterior. Segundo Sheila Moura, este crime foi um aprendizado tanto para quem é da defesa animal quanto para as autoridades do país. Sua proposta é que se conquistem como aliados as autoridades policiais no fortalecimento do desejo antigo de mudança nas penalidades destes crimes. Ela lembra que até 1998 atos como estes eram tratados apenas como contravenção penal e ainda hoje há delegados que sequer têm conhecimento de que isto é crime, ainda tratando como contravenção.
Para ouvir a entrevista com a soldada Luciana na íntegra acesse o blog O Grito do Bicho.
Para acompanhar o histórico do caso da yorkshire Lana em ordem cronológica, desde a primeira denúncia feita pela ANDA, acesse os links a seguir:
Enfermeira espanca cão yorkshire até a morte, em GO

Polícia abre investigação sobre caso do cão agredido em GO

Agressão a cão causa comoção nacional e mobiliza campanha contra maus-tratos

Delegada Geral de Polícia de GO pede rigor na apuração do caso do cão espancado

Polícia confirma que yorkshire espancado por tutora morreu após violência

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