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Negligência: gato desaparece quando seria transportado pela GOL

29 de dezembro de 2016
8 min. de leitura
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Redação ANDA | Agência de Notícias de Direitos Animais

Gatinho Bebel segue desaparecido (Foto: Arquivo Pessoal)
Gatinho Bebel segue desaparecido (Foto: Arquivo Pessoal)

Em mais um caso de irresponsabilidade de companhias aéreas no transporte de animais, um gato desapareceu durante o embarque de um voo para Macapá (AP) no aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus (AM). O deslocamento seria realizado pela empresa Gollog, responsável pelo transporte de cargas da GOL Linhas Aéreas, na madrugada da última quinta-feira (22).

O gatinho Bebel seguiria viagem para reencontrar sua tutora Elizabeth Silva após três meses de separação. O encontro foi organizado por Elizeth Silva, irmã gêmea de Elizabeth, e a ideia era realizar uma surpresa de Natal.

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Elizeth e Elizabeth estão em Macapá e Bebel ficou hospedado com uma amiga da família em Manaus (AM). Atendendo todos os requisitos para a viagem, Bebel foi entregue em segurança à Gollog por um amigo da família para o translado.

Todos os procedimentos iniciais correram bem. Elizeth recebeu do amigo a notícia que em breve Bebel estaria chegando para o reencontro. Em entrevista à ANDA, Elizeth conta o momento de angustia com o impacto da notícia do desaparecimento do gatinho. “Durante a noite, de quarta para quinta, eu estava agoniada, nervosa, muito preocupada, principalmente por ele estar vindo sozinho, mas eu paguei um serviço à Gollog, que eu acreditei ser seguro e de qualidade. E essa angústia, eu senti só, porque não podia contar para minha irmã sobre a vinda do Bebel, por ser uma surpresa. Meu amigo foi informado às 12h, horário de Manaus, quase 12h após o ocorrido. Eu fiquei sabendo às 13:45, horário de Macapá. Eu estava atrasada 15 min, estava ansiosa para chegar ao aeroporto, quando ele liga e avisa que o Bebel não embarcou, no momento que ele contou que o Bebel fugiu, eu não ouvi mais nada, eu apenas chorava”, relembra emocionada.

A GOL e a Gollog não entraram em contato com as tutoras do animal para informar o ocorrido. Após a notícia da fuga do animal, as irmãs solicitaram passagens à GOL e foram a Manaus iniciar as buscas e receber esclarecimentos. As irmãs chegaram em Manaus no sábado, dia 24, véspera de Natal e encontram resistência da GOL que restringiu a área de busca, no entanto a empresa demonstrou maior empenho no caso após uma intensa divulgação do caso através de redes sociais e portais locais, e abriu as portas de seus galpões para buscas, além de disponibilizar funcionários para contribuir na procura.

O vídeo da fuga de Bebel ainda não foi disponibilizado para a família do gatinho. Elizeth afirma que recebeu apenas um breve relato de um funcionário afirmando que segundo as imagens Bebel saiu calmo da plataforma de embarque, pulou para pista e desapareceu.

Divulgação / Arquivo pessoal
Divulgação / Arquivo pessoal

Controvérsias e erro humano

A caixa de transporte de Bebel não estava quebrada e as trancas estavam intactas. A caixa passou por aproximadamente quatro pessoas, incluindo um operador raio-x. Irregularidades na caixa não foram relatadas. Elizeth chama atenção para o fato da caixa não estar lacrada, um procedimento que necessitaria a perfuração do objeto. Funcionários da Gollog também não souberam explicar como o gato fugiu, pois a caixa e as trancas são de materiais resistentes e não havia nenhuma abertura que possibilitasse a saída do animal.

Divulgação / Arquivo pessoal
Divulgação / Arquivo pessoal

Suspeita de crime

Elizeth conta ainda que a cada dia cresce uma suspeita desconfortável, que Bebel possa ter sido solto deliberadamente ou sequestrado em troca de recompensa. Ela diz que foi surpreendida por mensagens via WhatsApp perguntando sobre uma suposta recompensa que estaria sendo oferecida a quem encontrar o gato. Uma pessoa questionou inclusive se era real a oferta de 10 mil reais em troca do paradeiro de Bebel. “Eu não tenho nenhum tostão, meu único bem é o Bebel e a minha irmã. Se o Bebel tivesse fugido de alguma forma, só que ele não fugiu, eu ainda aceitaria. O mais difícil é saber que alguém fez isso com meu filho para ganhar dinheiro”, desabafa.

Divulgação / Arquivo pessoal
Divulgação / Arquivo pessoal

O gatinho Bebel

Bebel vive com as irmãs Silva há oito anos. É um gatinho, dócil, amado e muito inteligente. Ele foi adotado ainda bebê por Elizabeth. Elizeth lembra com carinho a chegada de Bebel. “Eu lembro, foi em uma sexta-feira, quando minha irmã o levou para casa, ela pegou uma caixinha de sapato e colocou no chão, a primeira coisa que ele fez foi entrar na caixinha. Ele é dócil, carinhoso e conquista até quem não gosta de gatos. Minha irmã é louca por ele, é apaixonada pelo Bebel”, conta.

Divulgação
Divulgação

Bebel não é apenas um membro da família, mas também uma fonte de inspiração e amor. Elizeth conta que o sonho de Elizabeth, agora mais do que nunca, é fundar uma ONG e ajudar cães e gatos abandonados. “Se dependesse da minha irmã, ela teria vários gatos e vários cachorros, antes desse ocorrido, iniciamos um trabalho paralelo que nos possibilitaria um recurso financeiro a mais, e o sonho dela, antes de qualquer coisa, é ter uma ONG”, diz.

Elizeth fala que para a família não teve Natal e também não terá Ano Novo. “A dor é imensa. Eu choro e sofro pensando no que minha irmã está passando. Somos irmãs gêmeas e uma sofre a dor da outra. Eu sofro pela Beth e sofro pelo Bebel”, relata emocionada.

Medidas legais

Um boletim de ocorrência já foi realizado. Elizeth diz também que já está em contato com um advogado, mas ainda está enfrentando alguns obstáculos e limitações financeiras. “Sobre o advogado eu ainda estou dependendo dos valores referentes aos honorários, eu não tenho dinheiro, nosso bem maior é o Bebel”, conclui.

Quem tiver qualquer informação sobre o paradeiro do gato Bebel pode entrar em contato com a Elizeth através dos telefones: (92) 99344-0476 ou 99290-3035 ou através do e-mail: [email protected].

Divulgação / Arquivo pessoal
Divulgação / Arquivo pessoal

Tentamos contato com a GOL e a Gollog via e-mail pedindo esclarecimento sobre o caso, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos respostas.

Desaparecimento de animais em voos

Anteriormente, outros casos envolvendo transporte de animais pelas companhias aéreas brasileiras mereceram destaques negativos. Em 2011 a GOL Linhas Aéreas foi negligente ao transportar o cão Santiago, que morreu vítima de parada cardiorrespiratória após ter ficado mais de 10 horas em um avião.

Um outro caso envolvendo a GOL que teve grande repercussão nacional  em 2011 foi o do cão ‘Pimpoo”. O cãozinho que deveria ter embarcado em Porto Alegre (RS) com destino ao Espírito Santo, fugiu ainda na plataforma de embarque após o rompimento de sua caixa de transporte e só foi encontrado 14 dias depois.

Cão Pimpoo reencontra sua tutora após 14 dias desaparecido
Cão Pimpoo reencontra sua tutora após 14 dias desaparecido

O esteticista de cães, Fábio Cesar dos Santos, tutor do cachorro da raça pug, perdeu seu cão durante um voo entre São Paulo e Vitória devido a um atraso no embarque.

A American Airlines, outra companhia aérea a oferecer o serviço de transporte para animais domésticos no Brasil também não ficou de fora. No Aeroporto Internacional de Cumbica, o gato do biólogo Alexandre Zuntini desapareceu e o caso traumatizou a família. “Se quiser ir pra fora do país, vai ter que ser de carro ou de navio. Alguma coisa que a gente possa levar ele com a gente”, comentou o biólogo.

Em 2015 o caso da cadela Mel chocou o país. O animal desapareceu antes do embarque no aeroporto de Guarulhos (SP) sob a responsabilidade da TAM. A tutora da cadelinha afirma não ter recebido suporte da empresa e ainda denunciou que tentaram oferecer outro animal no lugar. “Como se a vida da Mel fosse uma mala ou qualquer outro objeto que pudesse ser substituído”, desabafou.

Um caso mas recente envolvendo a TAM, foi o desaparecimento do gatinho “Gigio” em uma aeroporto de Roraima. A empresa afirmou após um acidente a caixa do animal quebrou e o gato fugiu. A tutora de Gigio entrou com uma ação na justiça e ganhou 20 mil como indenização, mas afirma lamenta nunca ter encontrado o animal.

Nota da Redação: É inaceitável que as companhias aéreas continuem sendo negligentes com o transporte aéreo de animais. É preciso que tenham o mesmo cuidado que têm com crianças desacompanhadas e com pessoas em situação de vulnerabilidade. Esperamos que a empresa GOL tenha  o mesmo comprometimento com  Bebel como teve com o cãozinho Pimpoo. Este caso precisa de uma apuração detalhada da polícia. Mesmo não sendo reconhecidos legalmente, animais são membros da família e não há reparação financeira que compense o desaparecimento de um animal querido. A não resposta da GOL significa um pouco caso em relação ao gatinho e sua família. A GOL precisa cobrar responsabilidade a seus funcionários por esse caso. 

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