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10 mil golfinhos são caçados todo ano para servir de isca a tubarões em extinção

21 de outubro de 2013
5 min. de leitura
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Por Walkyria Rocha (da Redação)

Mais de 10 mil de golfinhos estão sendo mortos por pescadores peruanos para servirem de isca à pesca de tubarões. Ambas as espécies estão em perigo de extinção, sendo os golfinhos, animais protegidos por lei. Há rumores de que essa pode ser a maior matança mundial de golfinhos.

Acompanhando uma equipe de caçadores de golfinhos na costa do Peru, o jornalista Jim Wickens conseguiu presenciar toda a matança através de um financiamento pelo Centro Pulitzer para Relatórios de Crise e muitas negociações com navios pesqueiros da região, até que um capitão aceitou transportá-lo desde que fosse respeitado um rigoroso anonimato em relação aos seus tripulantes e seu barco.

Momentos antes da caça realmente começar, enquanto os navios eram rodeados de golfinhos, Wickens revela que a visão era muito bonita, “Enquanto nosso navio cortava as ondas do Pacífico, os golfinhos agrupavam-se sob a proa se revezando para brincar de navegar na esteira”.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Entretanto, a paisagem aconchegante não durou muito tempo, “eu mal podia aguentar olhar, passando mal com o que viria a acontecer”, disse Wickens.

Pois acima dos golfinhos, no convés do navio pesqueiro peruano, estava seu capitão, empunhando um arpão afiado. Ele firmou-se cuidadosamente, observando o ritmo dos golfinhos ao vir à superfície respirar. Segundo Wickens, houve uma pausa momentânea e, em seguida, o capitão golpeou o animal, arremessando 30 kg de um tubo de aço em suas costas enquanto ele inocentemente nadava ao lado do navio.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Enquanto dois tripulantes puxavam a corda amarrada ao arpão, o golfinho tentava a qualquer custo se desvencilhar no objeto. Ele agonizava de dor e, logo ao chegar ao lado do barco, um gancho de aço brilhante afundou em sua cabeça e o transportou a bordo, com os intestinos saindo da ferida onde o arpão havia penetrado. O corpo do animal ainda estava se contorcendo.

O jornalista revela que um membro da tripulação afiou uma faca e começou a cortar as nadadeiras do golfinho, e as sacudiu no mar. “Enquanto uma poça de sangue grosso e brilhante aumentava, ele começou a tirar a pele das costas do animal”.

Para os tripulantes, os golfinhos são chamados de “porcos do mar”, pois são somente a isca perfeita para a caça de tubarões. Em um dos momentos de assassinato de golfinhos, Wickens conta que precisou filmar cada detalhe, pois “tínhamos que ter uma gravação a qual nós poderíamos recorrer para exibir ao mundo. Mas ainda mais matança estava por vir”. No dia seguinte à caça aos golfinhos, era a vez de realizar a matança em tubarões. Os tripulantes limparam todo o convés e separaram toda a carne do golfinho que havia sido estripado no dia anterior.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

“A carne de golfinho é muito própria para o tubarão azul”, disse o capitão do navio. “Quando você a corta, sangra bastante e o tubarão azul gosta de gordura, e o golfinho é gordura pura”. E continuou, “Eu compreendo que a caça do golfinho é ilegal. Mas para mim, ela é necessária. Eu faço isso para manter meus gastos. Eu posso diminuir meus custos, porque a isca para tubarão é muito cara. A maioria dos barcos que pescam, possuem arpões que estão prontos para uso”.

Os membros da tripulação espetavam a carne do golfinho caçado em ganchos e os amarravam em linhas de pesca. Depois lançavam milhares desses ganchos pela água. Os tripulantes de preparavam para a segunda matança com energizantes naturais, que os manteriam acordados durante a noite da caça.

O primeiro tubarão chegou no meio da noite, de surpresa, conta Wickens. “Nadando no seu habitat natural sobre a água, o tubarão azul era uma linda visão, seu torso arredondado e grandes olhos dotavam-o de uma elegância suave”.

Mas esta elegância também durou pouco tempo. O tubarão foi arpoado e, em poucos segundos, ele foi arrastado por cima da amurada e se chocou contra convés, se debatendo. Em seguida, a equipe o imobilizou. Um cortou todo o seu focinho, bem na frente de seus olhos brancos.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

“No buraco aberto com o golpe, uma haste longa e fina foi inserida rapidamente para baixo da coluna vertebral do tubarão e, afinal os golpes cessaram. Sua barriga foi aberta, os interiores lavados e a carcaça do tubarão jogada para um lado do convés.
Esse seria o primeiro de uma dúzia de tubarões que o barco pegaria, mataria e cortaria aquela noite”, disse Wickens.

Uma hora depois o motor desacelerou novamente entre gritos entusiasmados da tripulação do convés. Todos os quatro homens deixaram seu trabalho para ajudar a puxar a linha. Eles haviam capturado um enorme tubarão tresher, uma espécie recentemente classificada como próxima da extinção.

Com várias centenas de quilos, sua alongada nadadeira característica da espécie media sozinha 6 metros.

Wickens revela que, “por um momento ou dois, era ainda uma linda criatura marinha e então as facas o cortaram e foi jogada à pilha crescente de carne”.

“Mas o pior ainda estava por vir. Um outro tubarão azul foi trazido à superfície, ainda se debatendo na água. Quando sua barriga foi aberta, dúzias de perfeitos bebês tubarões deslizaram para fora, contorcendo-se no convés”. A crueldade dos assassinos era tanta que, ao pedir que colocassem os filhotes no mar, eles riram de Wickens.

Esta foi a prova absoluta de toda a crueldade na caça aos golfinhos e tubarões. Exausto com as mortes presenciadas, Wickens deixou o convés com “tubarões se contorcendo sob ganchos bestiais” e desceu para a cabine.

Segundo o jornalista, “Em todos os sentidos, eu tinha tido – e visto – o suficiente”.

 

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