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Poluição plástica é muito mais grave do que se imagina, apontam especialistas

25 de março de 2018
5 min. de leitura
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De acordo com uma nova pesquisa, o número de partículas de plástico que poluem os oceanos do mundo é muito maior do que se imagina. O trabalho revela a maior poluição plástica em um rio perto de Manchester, no Reino Unido. O estudo também mostra que as principais inundações em 2015 e 2016 resultaram em mais de 40 bilhões de partículas de plástico no mar.

Uma pequena coleta de água feita no rio levou os cientistas a concluírem que a estimativa atual do número de partículas no oceano equivale a cinco trilhões e é uma grande subestimação. As partículas incluem resíduos de plástico quebrados, fibras sintéticas e grânulos encontrados em produtos de higiene pessoal. Estes resíduos são conhecidos por afetar gravemente os animais marinhos, que os confundem com alimentos e também podem ser consumidos por humanos através de frutos do mar, água da torneira ou outros alimentos. O risco que isso pode causar na saúde ainda é desconhecido, mas há preocupações de que os plásticos possam acumular substâncias tóxicas e que o mais ínfimo possa entrar na corrente sanguínea.

“Dada a sua natureza penetrante e resistente, os plásticos tornaram-se uma preocupação ambiental global e um risco potencial para as futuras populações humanas”, disse Rachel Hurley da Universidade de Manchester em um relatório, publicado na Nature Geoscience.

A equipe analisou amostras de 10 rios em cerca de 20 quilômetros de Manchester, todos menos um dos 40 locais apresentaram contaminação micro plástica. Após as inundações de inverno entre 2015 e 2016, os especialistas coletaram novas amostras e descobriram que 70% dos plásticos foram varridos, um total de 43 bilhões de partículas ou 850 quilos. Destes, cerca de 17 bilhões estão na água do mar.

“Esta é uma bacia de pequeno a médio porte no norte da Inglaterra, foi um evento de inundação em apenas um ano não há nenhuma maneira de que a estimativa esteja correta”, disse Hurley. Os pesquisadores afirmam que a poluição plástica total nos oceanos do mundo é imensurável.

(Foto: Science Mag)

Além disso, o pior ponto de acesso no rio Tame, tinha mais de 500 mil partículas plásticas por metro quadrado nos 10 centímetros superiores do leito do rio. Esta é a pior concentração de plástico já relatada e 50% a mais do que o recorde anterior, em sedimentos de praias da Coréia do Sul. Mas a especialista Hurley salientou que pode haver lugares piores: “Nós não temos muitos dados para enormes rios no sul do planeta, que podem ter muito mais plástico”.

“Há muitos esforços para a vida marinha em relação a poluição plástica, mas esta pesquisa mostra que isso está realmente sendo levado em grandes proporções às bacias hidrográficas. Precisamos controlar essas fontes para começar a limpar os oceanos”, alertou a pesquisadora.

Cerca de um terço dos plásticos encontrados pela equipe antes das inundações eram substâncias que são usadas em produtos de cuidados pessoais e banidas no Reino Unido em janeiro. Esta alta proporção surpreendeu os cientistas, que informaram que os materiais podem também derivar de usos industriais, que não são abrangidos pela proibição.

(Foto: Tenplay)

O especialista Erik van Sebille, da Universidade de Utrecht, na Holanda, não colaborou com a pesquisa mas afirmou que o trabalho apoia uma estimativa muito maior de poluição plástica global nos oceanos: “Não estou surpreso com essa conclusão. Em 2015, descobrimos que já não está na superfície. O problema é que não sabemos onde está os 99% de plástico do planeta. Está nas praias? No fundo do mar ou nos organismos marinhos? Antes de podermos começar a pensar em limpar o plástico, primeiro precisamos saber como isso está distribuído.”

De acordo com Rachel Hurley, é muito difícil saber como toda essa quantidade de plástico poderá afetar a vida humana, mas definitivamente essas substâncias podem entrar no organismo. As partículas mais pequenas que foram analisadas na nova pesquisa tinham aproximadamente a largura de um cabelo humano. Mas partículas de plástico muito menores poderão existir. “É uma coisa muito pequena sobre a qual nos preocupamos, pois podem passar pelas membranas no intestino e na corrente sanguínea – esse é o verdadeiro medo”, finalizou Hurley.

Nova Zelândia adere projeto para limpar os mares

Recentemente, a Nova Zelândia se juntou à campanha CleanSeas liderada pelas Nações Unidas para limpar os plásticos dos oceanos. A ministra do Meio Ambiente, Eugenie Sage, assinou uma promessa mostrando o compromisso do país com a campanha global CleanSeas no Volvo Ocean Race Village, em Auckland. Outros 40 países já se inscreveram no projeto.

“Tartarugas e outros animais selvagens estão sendo mortos por lixo em nossos oceanos. Além disso, a questão da poluição plástica em nossos oceanos e seus efeitos na cadeia alimentar é uma preocupação para todas as espécies e é um risco potencial para a saúde humana. A Nova Zelândia orgulha-se de se juntar a esta campanha para impedir que isso aconteça “, afirmou o ministra.

Os cientistas estimam que existem hoje mais de 150 milhões de toneladas de plásticos no oceano. Se nada for feito para mudar esta realidade, o plástico nos oceanos será maior do que a quantidade de seres vivos que vivem nas águas até 2050.

Conforme a ministra Eugenie Sage, o governo está tomando medidas para evitar a poluição plástica nos oceanos, as medidas incluíram: a proibição de produtos que contenham substâncias de plástico, desenvolvimento de alternativas para eliminar sacos de plástico de uso único, apoio à coleta de dados em detritos marinhos ao longo de nossas costas e oceanos, iniciativas de financiamento através do Fundo de Minimização de Resíduos, implementação da Lei de Minimização de Resíduos para usar melhor seus poderes e promover a minimização de resíduos.

“Estamos entusiasmados pela Nova Zelândia ter se juntado a nós na luta contra a poluição oceânica. Ao juntar-se à campanha CleanSeas, eles estão afirmando suas promessas para reduzir o desperdício e nós esperamos que outras nações também possam seguir o exemplo e participe da campanha”, finalizou Erik Solheim, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

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