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Chip que imita coração humano pode salvar milhares de animais explorados em testes

2 de fevereiro de 2018
3 min. de leitura
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No laboratório da Tara Biosystems, uma start up perto do East River, em Nova York (EUA), a CEO Misti Ushio mostra o espaço recém-inaugurado. Um microscópio mostra que a bolha é feita de tecido cardíaco artificialmente criado e se movimenta em resposta a uma corrente elétrica.

Foto: Tara Biosystems

É como um coração real reagindo ao estímulo cerebral: por meio do bombeamento. Além disso, é muito menor do que um coração humano real, pois possui em torno de três milímetros de comprimento na versão sem ampliação.

A Tara, uma empresa que funciona há três anos, desenvolve o tecido das células-tronco, cultivando-as por até 12 semanas. Posteriormente, a companhia testa a reação do tecido em vários compostos de drogas, mostrando como os corações humanos podem reagir no mundo real.

As empresas farmacêuticas já utilizam a plataforma como uma alternativa para placas de Petri de células cardíacas e a ratos e porcos abusados em testes.

“É como uma máquina de tecido. Temos um pipeline em diferentes estágios de desenvolvimento, por isso estamos sempre prontos, se é necessário realizar um estudo e podemos reagir rapidamente”, ressalta Ushio.

De acordo com a Fast Company, a geladeira do laboratório possui cerca de 200 culturas de tecidos. Atualmente, a Tara realiza testes de toxicologia principalmente com a plataforma: garantindo que o tecido do coração não seja prejudicado quando é imerso em uma solução de drogas. Isso oferece um sistema de alerta inicial para empresas farmacêuticas.

Ao invés de aguardar que os experimentos humanos no final do processo do desenvolvimento de medicamentos mostrem problemas de toxicologia, agora é possível verificar os problemas antes do envolvimento de humanos. Mais de 10 grupos de drogas já usam o serviço da empresa, informa Ushio.

O mini suporte do coração pode testar os efeitos elétricos, químicos, mecânicos, estruturais e biológicos (expressão gênica) dos medicamentos. Segundo Ushio, ele foi testado para 40 compostos diferentes e comparado aos resultados produzidos por testes mais convencionais.

A toxicologia é apenas o começo. A próxima etapa é sujeitar o tecido cardíaco doente a testes de drogas: para que o tecido realmente seja utilizado igualmente, seres humanos ou animais reais são usados em ensaios de drogas. A plataforma pode possibilitar que as empresas testem tipos personalizados de tecido cardíaco, mostrando como o tecido cardíaco de um indivíduo pode reagir a uma droga e não somente usando uma forma genérica de tecido cardíaco.

Ushio espera que as informações acumuladas nos experimentos da Tara auxiliem a plataforma a se tornar preditiva. As informações contêm algoritmos que podem prever como os tipos de tecido cardíaco irão reagir a uma grande variedade de drogas.

Ela acredita que é possível reduzir os prazos dos testes de medicamentos de 10 anos (como atualmente) para um ano. Uma combinação de células-tronco, engenharia de tecidos, além de computadores poderosos, substituiria um trabalho intenso realizado por humanos em laboratórios, aponta.

Há também a possibilidade de fazer isso sem torturar animais para a produção de medicamentos. Em vez disso, tudo pode ser testado em versões artificialmente renderizadas de órgãos humanos antes da última etapa do processo, quando humanos devem se envolver no processo. E não apenas para células cardíacas, mas para todos os órgãos principais do corpo.

“Se você possuísse um ser humano em um prato – uma coleção de todos os tipos de tecido importantes – você realmente pode começar a eliminar o teste de animais completamente”, enfatiza.

Além da criação mais rápida de medicamentos úteis e personalizados, o fim do uso de animais nesses procedimentos é algo revolucionário

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