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Autoridades portuguesas recusam-se a participar da matança de animais que vivem no lixão

2 de dezembro de 2011
3 min. de leitura
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Foto: Steven Governo/Global Imagens

O comando distrital de Bragança da GNR, em Portugal, recusou-se a participar da captura de cães na zona do Cachão por entender que a proposta feita pela Câmara Municipal de Mirandela aos militares constituía “crime”.
A operação com início previsto para segunda-feira foi entretanto cancelada, com a autarquia a alegar falta de “solidariedade institucional” por ser a única disponível para a captura determinada pela Direção Geral de Veterinária (DGV).
Em declarações à Lusa, o comandante distrital da GNR, Sá Pires, garantiu que “os militares da Guarda estão sempre disponíveis para serem parceiros na resolução de problemas às populações, mas não podiam aceitar a proposta de todo bizarra que foi feita”.
Segundo contou, o destacamento de Mirandela da GNR, foi contatado “pelo departamento do ambiente da Câmara de Mirandela que propôs que os militares fossem lá e matassem os cães com as suas armas”.
“É evidente que achamos que isto é crime e que não estamos disponíveis”, declarou, acrescentando que a GNR propôs a “única alternativa legal para esta operação, mas até ao momento ainda não obteve resposta da autarquia”.
O comandante Sá Pires disse que a GNR recomendou que a captura fosse feita de acordo com as regras, que é “capturar os cães com redes e, em caso de dificuldade acrescida, disparar dardos com sedativos para imobilizar o animal”.
Nestes casos, acrescentou, os cães seriam recolhidos pelo canil, onde teriam de ficar em quarentena, para adoção, se reunissem condições.
O vice-presidente e vereador do ambiente na autarquia de Mirandela, António Branco, confirmou hoje à Lusa que a operação marcada para segunda-feira foi cancelada e que a GNR não se disponibilizou para participar.
António Branco demarcou-se da alegada proposta feita à GNR, alegando que “foi uma opinião pessoal de alguém”, e frisou que a Câmara de Mirandela não tem qualquer responsabilidade nesta operação.
Segundo disse, o município foi a única entidade que se disponibilizou para congregar parcerias para resolver este problema, entre as que foram solicitadas pela DGV que determinou, em novembro, a “captura e/ou eliminação” dos cães, divulgada na zona através de editais, em que é pedida a colaboração de todas as entidades, nomeadamente Câmara de Mirandela, Proteção Civil, GNR, ICNB, PSP e corporações de bombeiros”.
Verificou-se que “a única entidade ou autoridade disponível para participar (na operação) era exclusivamente” a Câmara Municipal de Mirandela, segundo António Branco, que concluiu não existirem “condições de segurança para os funcionários envolvidos, nem de solidariedade institucional para o prosseguimento de qualquer ação”.
Assim, a autarquia “não promoverá qualquer tipo de iniciativa, aguardando quaisquer outros desenvolvimentos que as diversas entidades e autoridades possam vir a promover”.
A operação foi determinada pela DGV depois de dois anos de ofícios da Câmara de Mirandela para se encontrar uma solução para o problema da matilha de 200 cães selvagens em volta do aterro sanitário da Terra Quente, na zona do Cachão.
Os animais já atacaram agricultores, pastores e os homens do lixo, pelo que as autoridades locais entendem que está em causa um problema de “saúde e segurança públicas”.
A operação, segundo disse o vereador António Branco, contemplava o massacre a tiro dos cães, nas situações em que se justificasse.
Esta possibilidade gerou a contestação de defensores dos animais, concretamente a Associação Zoófila Portuguesa, que classificou esta captura de “matança” e acusou as autoridades locais de negligência.
Com informações de Os Bichos

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