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Universidade britânica que explorava animais como cobaias começa investigação interna

19 de dezembro de 2013
5 min. de leitura
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Por Vinicius Siqueira (da Redação)

Há pouco tempo, uma investigação secreta na faculdade inglesa Imperial College London expôs a terrível crueldade a que animais de laboratório eram submetidos, causando diversas críticas rigorosas e propostas para mudanças na instituição, o que levou a uma investigação interna independente. As informações são do Care2.

Foto: Care2
Foto: Care2

A organização pela abolição da vivissecção, British Union for the Abolition of Vivisection (BUAV), divulgou uma filmagem documentando uma série de problemas.

Segundo a gravação, as controvérsias vão desde a crueldade dos experimentos em si até a indiferença ao sofrimento animal dada pelos pesquisadores e a completa falta de conhecimento da parte deles sobre as licenças e regulamentações que administram os cuidados ao animais nestas circunstâncias.

O vídeo mostra animais sendo manuseados durante a cirurgia, após serem impropriamente anestesiados (intencionalmente e não-intencionalmente), e são abandonados em meio ao sofrimento, deixados para morrer com dores visíveis por dias e assassinados por métodos perturbadores que vão desde a asfixia até a quebra de seus pescoços seguida por decapitação.

A faculdade defendeu seus pesquisadores no momento da divulgação do vídeo e anunciou que os acontecimentos seriam investigados independentemente.

O professor Steve Brown, líder do comitê colocado para se aprofundar no fato controverso, foi questionado por defensores animais a respeito do conflito de interesses que a situação o colocava, por ser favorável ao teste em animais. BUAV chamou as informações finais divulgadas como um “indiciamento devastador” contra a instituição de ensino.

O comitê ressaltou que não estava investigando as questões apontadas pela BUAV, mas sim questões gerais de toda a faculdade. Ainda assim, uma variedade de problemas foi encontrada, o que indicava a necessidade de uma mudança, não somente na Imperial College, mas na pesquisa animal em geral.

Michelle Thew, chefe-executiva da BUAV, afirmou:

“A investigação da BUAV fez florescer importantes questões sobre pesquisa animal no Reino Unido. O sistema supervisionado de experimento com animais está quebrado e precisa de drástica revisão para acabar com o abuso das licenças de permissão [de exploração animal] e para implementar a promessa de redução do número de experimentos levados adiante. Há um número de questões que se mantém sem resposta. Quem, por exemplo, será culpado pelo incontável sofrimento e aflição que foram causados aos milhões de animais sob os cuidados do Imperial College? Nós esperamos pelos resultados das investigações da instituição, mas esperamos, também, uma ação efetiva a ser tomada contra o Imperial College por seus erros. O público não demanda menos”.

A BUAV também notou que se problemas destas proporções podem ser notados em uma das melhores universidades do mundo, então é inevitável que problemas similares estejam ocorrendo por todo o país.

“Muitas recomendações tiveram ressonância pelo país – se elas deverão ser consagradas sob o Ato pelos Animais é algo para futuras discussões (que deverão acontecer)”, Brown disse ao Times Higher Education.

O comitê encontrou em falta “manuseio adequado, liderança, manutenção, treinamento, supervisão e revisões éticas dos sistemas”, e chamou o Corpo de Revisão Ética e Bem-Estar Animal, que é responsável por assegurar o bem-estar de animais usados em experimentos, “não apto para sua função” e em necessidade de uma “reforma intensa”.

Ainda 33 recomendações foram feiras para melhorias, incluindo aumentar a equipe e melhorar a supervisão das atividades e do bem-estar animal por horas após os experimentos e durante semanas.

A faculdade anunciou que irá tentar se mover rapidamente para implementar as recomendações e que tem planos para conseguir montar uma estratégia compreensiva para as investigações até o fim de janeiro de 2014.

Agora, organizações incluindo a BUAV e a National Anti-Vivisection Society (NAVS) estão pedindo monitoramento mais rigoroso de laboratórios e uma redução com objetivo de abolição dos testes em animais, em adição a pedir que o governo revogue a Seção 24 do Ato pelos (procedimentos científicos com) Animais, que previne qualquer um que faça teste da necessidade de divulgar detalhadamente o que acontece com os animais – isto permite que o sistema de experimentação atue sob um “manto de sigilo”.

Segundo o NAVS, apesar da diretiva que promove abertura e transparência na pesquisa animal, o público vem tendo acesso negado às informações já há 140 anos.

“Com as leis que protegem aqueles que testam, só é possível para o público ver a realidade chocante da vida de animais dentro de laboratórios por meio de investigações secretas. Em uma época em que experimentos com animais ultrapassou seu maior número em décadas, nós não podemos continuar com o regime atual de sigilo, que deixa animais sofrerem atrás de ‘portas trancadas'”, disse Jen Creamer, chefe executiva da NAVS.

A investigação independente engloba as alegações da BUAV e informou que pretende processar quem for responsável por violar as regulamentações, mas os resultados só serão divulgados após o fim do ano.

Petição

Assine esta petição e peça para o governo da Inglaterra para de esconder a crueldade que animais sofrem em laboratórios, revogando a Seção 24.

Nota da Redação: Com certeza a crueldade em testes científico deve ser abolida urgentemente, entretanto, “anestesiar corretamente” não é a solução. A exploração total de animais em experimentos, sejam eles quais forem. Isso significa que supervisionar o bem-estar dos animais após um experimento é ainda aprovar o abuso que esses procedimentos lhes infligem, é o mesmo que aceitar a condição de animais enquanto instrumentos para fins humanos. 

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