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Exploração com animais em circo é cancelada após boicote de ativistas

14 de outubro de 2013
4 min. de leitura
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Por Walkyria Rocha (da Redação)

Espetáculo com animais explorados é cancelado na China. (Foto: Reprodução)
Espetáculo com animais explorados é cancelado na China. (Foto: Reprodução)

Um espetáculo circense com apresentações de animais foi cancelado depois que cidadãos convocaram um boicote e o denunciaram às autoridades. Os ativistas consideraram como uma vitória para o crescente movimento em prol dos animais na China. As informações são do U-T San Diego.

O material promocional do Festival e Carnaval Animal de Jinan indicava apresentações de animais fora de seu habitat e domesticados à custo de maus-tratos, como ursos com bastões em chamas em suas costas, tigres andando a cavalo e um macaco montado em uma cabra.

Os regulamentos chineses proíbem performances de animais, mas ativistas pelos direitos dos animais estimam que centenas desses cruéis shows ainda ocorram a cada ano na China. Eles dizem que os animais são mantidos em condições precárias, em pequenos espaços sujos onde não conseguem se movimentar corretamente, amarrados à cordas e correntes e são adestrados sob medo e estresse. As estratégias de adestramento envolvem tanto a violência direta, com danos físicos aos animais, como a tática de retirar um objeto que o animal gosta e devolvê-lo somente quando a tarefa for cumprida, causando estresse e danos psicológicos. Convém dizer, também, que a própria liberdade já está sendo restringida e que, em qualquer aspecto, o confinamento não é concebível para animal nenhum.

O gerente de um jornal do Partido Comunista local, o Qilu Evening News, informou que os cidadãos organizaram um boicote online do festival, que duraria quase três semanas e, que estava marcado para ter início no final de setembro e o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano e Rural, que tem a responsabilidade de gestão zoológica, foi avisado. O jornal disse que o Ministério emitiu um “aviso urgente” para o festival não ir adiante e que os organizadores teriam seus bilhetes reembolsados​​.

O Ministério recusou-se a comentar o caso. Alguns microbloggers em Sina Weibo opuseram-se à apresentação dos animais para entretenimento e aceitaram a proibição oficial.

"Animais selvagens fazendo truques? Hein?" (Foto: Reprodução)
“Animais selvagens fazendo truques? Hein?” (Foto: Reprodução)

O organizador do espetáculo , a Administração Municipal de Horticultura Greening de jinan e o anfitrião, o Parque Ecológico Quancheng de Jinan, confirmaram que o show havia sido cancelado, mas se recusaram a dar detalhes.

Em 2010, a Administração Florestal Estatal da China proibiu “o contato direto entre os animais selvagens e o público” e disse que as possíveis penalidades incluem suspensão do negócio, revogação das licenças para a manutenção e reprodução de animais e o envio do caso para as autoridades judiciais. Em junho deste ano, o Ministério da Habitação emitiu um regulamentos que declarou que “espetáculos com animais são estritamente proibidos.”

Dave Neale, que está em Hong Kong e é responsável pelo setor de Animais na Ásia, vem documentando shows de animais na China durante os últimos quatro anos e relata que poucas vezes os regulamentos são realmente aplicados e que ainda há centenas de apresentações de animais por ano.

Apesar de shows de animais ainda serem populares, há uma crescente conscientização sobre o tratamento dispensado aos animais nessas para essas apresentações, explicou Neale.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

“O fato das pessoas estarem realmente telefonando para o Ministério para se opor a esse tipo de coisa era algo de que não se tinha ouvido falar antes, em matéria de animais”, disse ele.

Esses cidadãos que fazem campanha contra os shows e que chamam atenção para as questões de bem-estar dos animais são muitas vezes estudantes universitários e pessoas idosas que começaram a cuidar de cães e gatos abandonados.

Li Wei, de 39 anos, que dirige uma loja online, disse que há um esforço crescente para proteger os direitos dos animais entre os chineses abaixo dos 40 anos.

“Através de redes sociais eles aprendem e transmitem uns aos outros o conhecimento necessário de como melhor proteger os animais”, disse ela.

Li atua como voluntária duas vezes por semana para a Associação de Bem-Estar Animal, que começou como um santuário para cães e gatos abandonados e agora sugere ao governo como agir para a proteção animal.

Seu fundador, Qin Xiaona, disse que ainda há um longo caminho a percorrer antes dos direitos animais penetrarem na consciência da tradicional sociedade chinesa.

“Na China, mais e mais pessoas estão participando na proteção dos direitos animais, mas há muitas pessoas e empresas que ainda tentam comercializar e ter lucro com os animais, como os conhecidos festivais de carne de cachorro”, disse ela.

Nestes festivais, tais como o que acontece anualmente na cidade de Yulin, no sul de Guangxi, os moradores abatem cães para servirem de alimento.

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