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PETA revela fotos e vídeos de abuso a filhotes de macacos em laboratório nos EUA

10 de setembro de 2014
8 min. de leitura
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(da Redaçã0)

Foto: PETA
Filhote morde a si mesmo como sinal de estresse, resultado do afastamento de sua mãe e da ansiedade do confinamento. Foto: PETA

Os experimentos de Harry Harlow em macacos nos anos 50, 60 e 70 tornaram-se famosos por sua crueldade. Conforme publicado recentemente pela ANDA, Harlow arrancava recém-nascidos de suas mães, dando a alguns deles “mães substitutas” feitas de metal ou de madeira, e mantinha outros bebês traumatizados em isolamento dentro de caixas metálicas minúsculas, algumas vezes por mais de um ano.

Animais aprisionados para experimentação
Animais aprisionados para experimentação (Foto: PETA)

Ao perceber que tais condições horríveis resultavam em debilitante trauma psicológico a longo prazo para os filhotes, Harlow começou a expandir o seu projeto. Ele e seu então aluno Stephen Suomi criaram o chamado “pit of despair” (“poço de desespero”), uma caixa escura de metal projetada para isolar os macacos de tudo no mundo exterior. Em poucos dias, os macacos mantidos dentro do poço eram levados à loucura, sem parar de balançar e agarrando-se, rasgando e mordendo a própria pele e arrancando os seu pelos.

Quando eram finalmente removidos do isolamento, eles estavam muito traumatizados para interagir com outros macacos, e alguns encontravam-se tão chocados e deprimidos que deixavam de se alimentar, até que morriam de inanição. Para ver o que aconteceria quando os macacos atormentados se tornassem mães, Suomi e Harlow criaram o que chamaram de “rape rack” (“estante de estupro”), a fim de restringir e engravidar macacas para então, mais tarde, assistir e fotografar as mães doentes mentais abusando fisicamente e matando os seus próprios bebês.

Filhote com apenas uma semana de vida com a cabeça raspada para exames de imagem
Filhote com apenas uma semana de vida teve a cabeça raspada para ser usado em experiências de imagem cerebral. (Foto: PETA)
Animais aprisionados para experimentos sobre privação maternal. Muitas fêmeas são obrigadas a ter filhotes para serem separadas deles
Animais aprisionados para experimentos sobre privação maternal. Muitas fêmeas são obrigadas a ter filhotes para serem separadas deles (Foto: PETA)

Harlow morreu em 1981 e, embora a maioria das pessoas acreditem que suas experiências são uma coisa do passado, a PETA teve conhecimento de que o seu protegido, Stephen Suomi, continuou a conduzir experimentos de privação e depressão materna semelhantes em macacos filhotes por mais de 30 anos nos laboratórios do National Institutes of Health (NIH) em Poolesville, Maryland (EUA).

Foto: PETA
Foto: PETA
Foto: PETA
Foto: PETA

Um ciclo de sofrimento

A PETA obteve documentos, centenas de fotos e mais de 500 horas de vídeos de alta definição nunca antes vistos, filmados de dentro dessa unidade da NIH, detalhando o abuso psicológico permanente de filhotes de macacos em experimentos repugnantemente cruéis e arcaicos que foram financiados por mais de 30 milhões de dólares, oriundos de impostos pagos por contribuintes, só nos últimos sete anos.

A cada ano, de 40 a 60 macacos nascem nesse laboratório, muitos intencionalmente criados para serem geneticamente predispostos à doenças mentais. Metade dos macacos nascidos a cada ano são separados de suas mães na hora do nascimento e nunca mais voltam para elas. Alguns bebês recebem uma garrafa de água coberta de pano como uma mãe “substituta”. Como nas experiências anteriores de Harlow e Suomi, esses filhotes sem as respectivas mães são mais propensos a sofrer de ansiedade severa, agressividade, depressão, diarréia, perda de pelo e outras doenças físicas e mentais, bem como um comportamento autodestrutivo, como morder a si mesmos e puxar seu próprio pelo.

Os macacos passam por anos de experiências terríveis e dolorosas para exacerbar os seus sintomas de doença mental e testar a gravidade do seu trauma psicológico. Atualmente, cerca de 200 jovens macacos estão envolvidos nos experimentos.

Foto: PETA
Lactentes com poucas semanas de idade são obrigados a inalar um medicamento para testar se o mesmo aumenta a sua capacidade de imitar expressões faciais humanas. Foto: PETA

O vídeo que o NIH não quer que você veja

Os vídeos obtidos pela PETA – que o NIH tentou “comprar” da ONG por 100 mil dólares, sem sucesso – mostram como os experimentos do NIH aterrorizam os bebês de macaco que eles tornaram intencionalmente doentes mentais em experiências recentes e em andamento.

Recém-nascidos confusos e perturbados são tirados de suas mães e pressionados por experimentadores, e suas cabeças são forçadas de lado a lado para ver qual a posição que eles “preferem”.

Os bebês são enjaulados com suas mães, que são quimicamente sedadas, têm  seus mamilos tapados com fita adesiva, e são colocadas em um assento de carro. Os bebês aterrorizados gritam e choram, subindo sobre as suas mães indiferentes e balançando freneticamente. Em pelo menos um caso, pode-se ouvir os pesquisadores rindo enquanto a mãe tenta permanecer acordada para confortar o filhote perturbado. Em alguns testes, os pesquisadores lançam uma cobra “eletrônica” na gaiola com os filhotes de macacos, que temem os répteis por natureza.

Os recém-nascidos são contidos dentro de gaiolas de malha pequenas e colocadas em recintos chamados “câmaras de susto”. Os pesquisadores então deliberadamente assustam os bebês com ruídos altos, levando-os a gritar e a tentar inutilmente se esconder ou fugir.

Outras vezes os bebês são colocados sozinhos em uma gaiola pequena e são repetida e intencionalmente assustados pela presença ameaçadora de um ser humano. Os macacos gritam, se escondem e agarram a parte de trás da gaiola, com medo.

Os vídeos e fotos mostram apenas uma porção do castigo que estes animais suportam.

Conforme os bebês crescem, eles são transportados entre laboratórios do NIH e submetidos a anos de experimentos adicionais. Alguns dos macacos têm dispositivos aparafusados em ​​seus crânios para que os experimentadores possam injetar seus cérebros com uma variedade de drogas que já estão sendo utilizadas com segurança no tratamento de crianças e adultos humanos que sofrem de doença mental, incluindo o Prozac. Outros macacos jovens são injetados com altas doses de etanol para serem deliberadamente transformados em alcoólatras, o que aumenta a sua ansiedade, agressividade, depressão e isolamento social. Outros são vendidos à Universidade Wake Forest, onde são submetidos a experimentos semelhantes de dependência de álcool.

Muitos dos macacos são mortos e dissecados antes de seu oitavo aniversário.

Foto: PETA
Para que adquiram traumas psicológicos para toda a vida, filhotes de macacos são retirados de suas mães poucas horas após o nascimento e lhes é dada uma garrafa coberta de tecido como “mãe substituta”. Foto: PETA

Má Ciência

Essas experiências continuam a ser financiadas e realizadas, embora sejam irrelevantes para a doença mental humana e os próprios experimentadores tenham admitido que o trabalho não é aplicável ao tratamento de distúrbios cerebrais e traumas psicológicos de humanos.

Suomi há muito tempo reconheceu a irrelevância de suas experiências torturantes. Em 1977, ele escreveu o seguinte:

“Se os dados reais obtidos a partir de primatas não-humanos têm adicionado algo significativamente para a nossa compreensão do desenvolvimento humano, isso é outra questão. […] Tais casos são relativamente raros. A maioria dos dados dos macaco não revela novos fatos sobre o comportamento humano; em vez disso, eles têm somente princípios verificados que já foram formulados a partir de dados humanos prévios”.

Após outras quatro décadas realizando esses experimentos, nada mudou. Em um artigo recente, Suomi e seus colegas chegaram a esta conclusão:

“Muitas conclusões de estudos comportamentais e bioquímicos em macacos e outros animais não são replicadas em humanos. Assim, este estudo não pode abordar diretamente a segurança e eficácia de [drogas anti-depressivas] em crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos. […] Este modelo animal de separação materna nunca foi validado como uma medida de eficácia da droga em seres humanos. […] A única maneira de se saber definitivamente se as drogas anti-depressivas funcionam em seres humanos seria estudar a nossa espécie”.

Segundo a reportagem, enquanto isso, pesquisadores dos EUA estão sofrendo de uma escassez de fundos para conduzir pesquisas com base em humanos que podem comprovadamente trazer-lhes benefícios para a saúde humana e o bem-estar. Estudos epidemiológicos e modernas técnicas de escaneamento do cérebro, e estudos genéticos com voluntários já estabeleceram e continuar a desvelar as conexões entre os genes, o estresse precoce e o desenvolvimento de doenças mentais em pessoas.

Para se manifestar contra a prática e pedir a sua proibição, assine a petição.

 

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