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Violência gratuita

25 de outubro de 2013
3 min. de leitura
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Sim, a relação do homem com os animais é historicamente pautada pela exploração. Mas há acontecimentos que ultrapassam qualquer limite.

A natureza não é piedosa. Quando querem ridicularizar o comportamento de um vegano, por exemplo, as pessoas frequentemente recorrem a afirmações do tipo “os próprios animais se matam entre eles” e “o leão não sente dó da zebra”. São observações rasas, que carregam até um certo paradoxo: se esses indivíduos querem enfatizar a supremacia do ser humano sobre outros animais, por que buscam justamente essas comparações que nos colocam no mesmo patamar das feras? Esquisito… Mas, enfim, há mesmo uma exatidão nessas colocações. Ao agirem por instinto e necessidade, carnívoros abatem herbívoros. E há quem use esse fato da natureza para justificar seu próprio desejo por bifes. Ok.

Mas há a questão da maldade pura e simples praticada contra animais. Como explica-la? Como justifica-la?

De acordo com Robert Hare, autoridade mundial em psicologia criminal e professor da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), “a falta de emoções, da capacidade de se colocar no lugar do outro para, pelo menos, imaginar seu sofrimento” é o que caracteriza um psicopata. Logo, quem maltrata um animal pura e simplesmente, divertindo-se e sentindo prazer com aquele ato, não passa disso: um psicopata.

Hare afirma que os psicopatas “não sentem nenhuma angústia pessoal e não têm nenhum problema; o problema quem têm são os outros. Sua capacidade para castigar suas vítimas se baseia em um comportamento anormal do cérebro, que reage de forma completamente diferente do que o de uma pessoa sã”. Tendo como objetos de estudo diversos registros penitenciários e entrevistas realizadas com criminosos, o especialista concluiu que o psicopata pode ser avaliado por meio de uma lista de 20 características ou sintomas:

1 Loquacidade / Encanto superficial.
2 Egocentrismo / Sensação grandiosa de autoestima.
3 Necessidade de estimulação / Tendência ao tédio.
4 Mentira patológica.
5 Direção / Manipulação.
6 Falta de remorso e de sentimento de culpa.
7 Afetos pouco profundos.
8 Insensibilidade / Falta de empatia.
9 Estilo de vida parasita.
10 Falta de controle comportamental.
11 Conduta sexual promíscua.
12 Problemas precoces de comportamento.
13 Falta de metas realistas no longo prazo.
14 Impulsividade.
15 Irresponsabilidade.
16 Incapacidade de aceitar a responsabilidade pelas próprias ações.
17 Várias relações maritais breves.
18 Delinquência juvenil.
19 Revogação da liberdade condicional.
20 Versatilidade criminal.

Estudos do FBI, por sua vez, indicam que cerca de 80% dos psicopatas envolvidos com crimes de extrema crueldade cometidos contra pessoas iniciaram suas práticas utilizando vítimas animais. Ou seja: antes de vitimizarem humanos, eles já exerciam seu ódio contra seres de outras espécies. A constatação desse fato levou países como os Estados Unidos e a Inglaterra a endurecerem as penas para os crimes contra bichos. Ou seja: ao contrário do Brasil, onde políticos, juristas e boa parte da sociedade optam por flertar com a impunidade, outros países já enquadram os praticantes de crueldade contra animais como entes perigosos e lhes impingem penalidades concretas, como o encarceramento.

Então, sinceramente, não importa o que levou as meninas do vídeo a agirem como agiram. Elas cometeram um crime, são psicopatas, representam um perigo para a sociedade e não deveriam permanecer impunes. Pena que o fato tenha ocorrido na Indonésia, aparentemente no contexto da gravação de um vídeo erótico – sim, há pessoas que se excitam com isso.

Informações recentes dão conta de que os produtores do tal vídeo foram incriminados pela produção da pornografia, mas não pela crueldade praticada. Então, tal como acontece com milhões de animais todos os dias, este cachorrinho também morreu em vão. Não, não haverá justiça para ele.

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