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Temendo sofrer a catástrofe que somos para os animais

30 de junho de 2015
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E daí chegamos aqui no planeta Terra, animais, como outros quaisquer, os últimos a chegarem, quando os outros já estavam por aqui sem precisar de nós para nada há milênios. Com o passar de outros milênios, após muito catar raízes da terra, frutos das árvores e folhagens, caçando quando dava chance, jejuando muito mais do que se fartando de carnes, fomos nos tornando convencidos de que podíamos e devíamos matar os outros animais para nos locupletar, tornando suas carnes o centro de nossos pratos e a referência de nosso palato.
Para ajudar nessa crença, inventaram que humanos nascem atrofiados, que só conseguem absorver proteínas de origem animal, que aminoácidos de origem vegetal são “inferiores”, e assim por diante. Nada disso é verdade.
Enquanto isso, eras e eras se sucederam, nas quais, quando abalam-se sobre nós as catástrofes, nenhuma diferenciação entre carnes humanas e carnes não humanas tem sido feita, todas igualmente esmagadas pelas avalanches de terra, neve, lama, afogadas nas águas ou tornadas cinzas pelo fogo, ainda que todos tenhamos existido, igualmente, por conta da senciência, essa constituição que nos permite sentir a dor e o prazer, escolher esse e fugir daquela.
O planeta não foi projetado para ser nosso “parque de diversões”. Mas é assim que abusamos dele, como se dele devêssemos tirar toda mais-valia, todo prazer, todo benefício, toda vantagem, sem levar em conta o dano causado aos outros animais e aos ecossistemas naturais, que não são nosso brinquedo nem propriedade nesse imenso parque.
Quando um terremoto, uma tsunami, um vulcão ou um tornado nos entregam seus cartões de visita, corremos todos para pedir misericórdia às divindades de todos os tons de luz e suas respectivas frequências, buscando nelas uma sintonia contraditória com nossos atos de indiferença ao direito dos outros animais à vida, e de matança deles para acumular benesses não devidas por eles a nós.
Os animais de nós nada tiram, portanto não nos devem coisa alguma, muito menos pagar com sua vida por dano que nunca cometeram contra nós.
Os animais nunca nos deveram coisa alguma. Entretanto, cobramos deles a vida, em nome da manutenção da nossa, como se eles fossem a causa de precisarmos de proteínas. A vida dos tecidos do nosso organismo pode e é muito bem mantida sem precisar matar os animais para comer, ou escravizá-los para expropriar deles o que as fêmeas produzem para sua reprodução específica.
Nossas escolhas dietéticas são escolhas morais profundas, abrangentes. Embora a gente não veja isto com clareza na hora em que está a comer, quando comemos estamos selando um pacto com a luz fotossintetizada nos vegetais, ou com a escuridão das carnes e secreções carregadas de sangue extraídas dos animais à custa de sua vida e sem respeito a qualquer de seus direitos fundamentais. É então que nossa escolha dietética se desvela e mostra nosso éthos, nossa ética.

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