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Golfinhos se reconhecem através de espelho, diz psicóloga

30 de agosto de 2015
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Foto: Reprodução/ TV Globo
Foto: Reprodução/ TV Globo

No mundo animal, as espécies desenvolvem os sentidos que lhes dão a maior chance de sobreviver no ambiente em que vivem. Estrelas-do-mar enxergam, mas não como nós. Um olho em cada ponta da estrela é capaz de enxergar apenas imagens sem muita definição, mas é o suficiente para ajudá-las a encontrar o caminho de volta para as áreas de alimentação.
Borboletas e mariposas não têm nariz. Mas seu olfato é várias vezes mais sensível até mesmo que o dos cachorros, e isso, graças a suas antenas. Chamamos de antenas, mas na verdade elas são usadas para cheirar. Em algumas espécies, as antenas detectam até umas poucas moléculas do cheiro de um parceiro em potencial.
Algumas espécies vão desenvolver um tipo de hierarquia sensorial – um ou dois sentidos se tornarão muito mais sensíveis que os outros. Por isso, se dois animais têm diferentes sentidos dominantes, o quanto isso influenciará seu modo de pensar? Pensar ou agir?
Psicóloga testa habilidades de golfinhos de se reconhecerem como indivíduos
No Aquário Nacional de Baltimore, a psicóloga de animal Diana Reiss está investigando se os golfinhos têm uma habilidade que só foi observada em um seleto grupo de animais sociais.
O aquário tem uma sala de observação, apelidada de ‘o poço’. É apertada, mas dá para ter uma excelente visão do que os golfinhos estão fazendo. É bonito de observar, mas Diana quer descobrir outra coisa: será que os golfinhos se reconhecem como indivíduos? Há muito tempo acreditávamos que só a mente humana seria capaz disso, mas hoje sabemos que um pequeno grupo de animais também pode fazer isso.
Diana coloca um vidro espelhado dentro da sala de observação para testar os golfinhos. Não é comum o curioso movimento da nadadeira. Nem olhar para dentro da própria boca ou girar para ver o abdome. Os golfinhos usam o espelho como uma ferramenta – para ver partes do próprio corpo que normalmente não conseguem enxergar.
“Isso não se parece em nada com o que eles fazem quando estão interagindo socialmente com outros golfinhos”, afirmou Diana Reiss.
E Diana observou que os golfinhos usaram o espelho para outra coisa. Uma incrível gravação deles fazendo sexo também foi obtida através de um vidro espelhado.
“Eles vieram para o espelho, olharam de frente para ele e começaram a se acasalar enquanto olhavam, ambos, para o espelho e observavam”, contou Diana Reiss.
Isso é algo que eles não conseguem ver sem um espelho – é bastante sofisticado. Isso é a compreensão de si mesmo e a compreensão de que o espelho é uma ferramento para se enxergar.
Os golfinhos compartilham essa capacidade de se reconhecer com poucos animais: os elefantes e os chimpanzés são capazes de fazer isso. Mas a grande maioria – incluindo aí cachorros e outros macacos – não é capaz. E o que é muito interessante – nem os seres humanos muito jovens.
A maioria das crianças, antes dos 18 meses de idade, não consegue apontar um ponto vermelho pintado em sua própria bochecha. Só quando já têm cerca de dois anos as crianças começam a perceber que o ponto está na própria bochecha.
Os cientistas também observam as atividades dos golfinhos no seu habitat natural e tentam entender o significado das relações sociais deles. Juntos, atuam em grupo e obtêm algumas vantagens – em especial, quando eles se unem para caçar.
Nas águas rasas na costa da Flórida, é difícil que golfinhos solitários consigam apanhar os peixes que fogem rápido. Mas quando eles agem em grupo, um golfinho nada em círculos, levantando um paredão de água barrenta que deixa os peixes encurralados. Três outros esperam, antecipando o que ele está fazendo, e os peixes vão direto para a boca deles.
Se eles colaboram uns com os outros, significa que os golfinhos conseguem se comunicar. Eles devem ter alguma espécie de linguagem. Mas será que a linguagem de animais sociais é algo que algum dia poderemos entender?
O comportamento dos golfinhos pode ser surpreendente: no início de 2013, um extraordinário incidente foi filmado na costa do Havaí. Uma linha de pesca e um anzol ficaram presos no corpo de um golfinho macho. Ele poderia ter morrido, mas o golfinho nadou até um grupo de mergulhadores. O animal devia saber que estava em perigo. Será que ele também compreendeu que os seres humanos, em vez de machucá-lo, poderiam ajudá-lo? O golfinho sobreviveu. Um extraordinário exemplo de empatia que cruzou a barreira das espécies.
Fonte: Globo Repórter.

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