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Seca no Paraguai provoca morte em massa de animais selvagens

27 de julho de 2016
3 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Jorge Adorno, Reuters
Foto: Jorge Adorno, Reuters

Os urubus estão nos galhos mais altos da árvore, seus corpos negros contrastam com a madeira sob seus pés. Abaixo deles, jacarés e capivaras rastejam na lama na lagoa Agropil à procura de água, que deverá ficar escassa por muitos meses. O rio secou e não há lugar para os animais se refugiarem.

A lagoa, localizada na província ocidental paraguaia do Boquerón, é apenas um dos muitos trechos do rio Pilcomayo que têm registrado inúmeras mortes de jacarés, peixes e outras criaturas do rio, informa a National Geographic.

Não há quaisquer estimativas oficiais do Ministério do Meio Ambiente, mas Roque González Vera, jornalista do ABC Color, no Paraguai, relata a devastação em alguns lugares: suspeita-se que 98% dos jacarés e 80% das capivaras estejam mortos.

O Paraguai está enfrentando uma severa crise ecológica decorrida da combinação da seca e da má gestão que deixou o Rio Pilcomayo seco em uma extensão de 700 quilômetros, de acordo com a jornalista.

Em 24 de junho, o Paraguai declarou estado de emergência ambiental, mas pouco tem sido feito ou pode ser feito para aliviar a situação dos animais ameaçados até o retorno da temporada de chuvas.

A estação seca normalmente dura até outubro e a recarga anual ocorre geralmente até janeiro.

De acordo com o Ministério das Obras Públicas e Comunicação (MOPC), esta é a segunda pior seca dos últimos 30 anos e esta escassez de chuva não era observada desde os 1996 e 1997.

Sozinha, a seca representa uma ameaça para a vida selvagem e para a agricultura, mas a crise foi agravada pela má gestão dos recursos hídricos e de infraestrutura do governo paraguaio, afirma Vera.

Foto: Jorge Adorno, Reuters
Foto: Jorge Adorno, Reuters

Em certa medida, o governo concorda. O MOPC concluiu que a Comissão Nacional do Pilcomayo fez um trabalho insuficiente de manutenção de canais e do rio e, recentemente, demitiu o chefe da comissão, Daniel Garay, acusado de irregularidades.

No entanto, a má gestão também se estende até a fronteira com a Argentina. Em 1991, os dois países assinaram um acordo de distribuição de água para o Pilcomayo, mas eles têm lutado para manter uma distribuição justa de água.

O geólogo argentino Oscar Orfeo, do Centro de Ecologia Costeira Aplicada, acredita que a falta de água é simplesmente um resultado natural da morfologia do rio.

Ele também acredita que a atual emergência ambiental não pode ser atribuída a um período de seca extrema, mas sim a um comportamento ‘’sinuoso’’ do rio.

Com a ameaça ao meio ambiente e às espécies animais, os cientistas paraguaios temem que a crise atual possa tornar-se frequente nos próximos anos.

Em meio à pressão da população, o ministro das Obras Públicas e Comunicação, Ramón Jiménez Gaona, anunciou que o governo está trabalhando com as autoridades locais, grupos indígenas e moradores para remediar a situação.

No entanto, apesar das afirmações do governo, até agora tem havido pouca ação para resolver a crise, diz Vera.

Na realidade, é difícil enxergar uma solução clara agora: com a seca, não há como descarregar ou desviar água.

As opções existentes para a reabilitação do Pilcomayo se referem principalmente à limpeza e à renovação dos canais que são preenchidos com sedimentos, mas não é fácil e  nem rápido fazer isso.

Para restaurar um fluxo consistente em ambos os lados da fronteira, o Paraguai e a Argentina devem se comprometer a compartilhar a água, mas a cooperação entre os países não tem ocorrido.

Até que haja desenvolvimento e manutenção infraestruturais, só resta esperar que as chuvas no próximo ano sejam suficientes para salvar os animais ou que o rio corra de volta para o seu canal paraguaio.

Infelizmente, enquanto esta crise não é solucionada, diversas espécies inocentes padecem.

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