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União Europeia apoia o abate cruel judeu e islâmico

26 de junho de 2009
3 min. de leitura
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Por Marcela Couto (da Redação)

Grupos dos direitos animais reagiram com horror à decisão da União Europeia de proteger os métodos de abate judeu e islâmico no início da semana.

Os judeus praticam uma forma de ritual de abate chamada shechita, enquanto os muçulmanos praticam a dhabiha. Nenhuma das duas formas precisará mais realizar o atordoamento (por exemplo, pistola pneumática) do animal antes do abate de acordo com a decisão. Muitos defensores dos direitos animais consideram a nova regulamentação condenável.

As novas regras da UE determinam que as técnicas de abate não devem causar sofrimento aos animais, descrito como “qualquer angústia ou dor”, mas ao mesmo tempo serão permitidas exceções explícitas para “ritos religiosos e tradições culturais”. Isso significa que a partir de agora a comida kosher e halal poderá ser comercializada livremente em todos os estados da UE.

O porta-voz do Peta US, Philip Schein, declarou: “Quando essas leis foram formuladas há milhares de anos, elas pretendiam minimizar a dor dos animais. De qualquer forma, com a produção em massa de alta velocidade dos dias atuais, o ritual do abate frequentemente ignora sua intenção original. Os animais abatidos de acordo com os métodos kosher e halal vêm das mesmas fazendas miseráveis que os animais enviados a abatedouros comuns. E sem o atordoamento prévio, os animais mortos de acordo com os métodos kosher e hala têm suas gargantas cortadas enquanto estão plenamente conscientes e sangram lentamente até a morte”.

Mas o Dr. Moshe Kantor, presidente do Congresso Judeu Europeu, declarou que o método de abate é um direito religioso: “Esta regulamentação protege os direitos fundamentais das minorias religiosas na Europa”.

O diretor da Conferência dos Rabinos Europeus, Aba Dunner, complementou: “A regulamentação permite que as comunidades religiosas fiquem isentas da necessidade de ‘pré-atordoamento’ ao abater animais para servirem de alimento. Ademais, nenhum membro de estado poderá impedir o comércio da carne abatida de acordo com a religião judaica em seu território”.

Fhuja Shafi, diretor do comitê de padrões alimentares do Conselho Muçulmano Britânico (MCB) disse: “Esta é uma questão de direitos humanos já que envolve a prática de nossa religião. É um método bastante humano de abate. A incisão feita com uma lâmina bem afiada causa uma morte rápida e não vemos problema nisso”.

Mas os ativistas dos direitos animais contam ainda com o apoio de ativistas seculares em sua indignação. Stephen Evans da Sociedade Secular Nacional (NSS) disse: “Essa é uma evidência clara da pressão que a religião exerce sobre os nossos legisladores. Aqui nós temos uma religião não negociável interferindo diretamente em uma legislação destinada a evitar sofrimento desnecessário. A nova regulamentação está dizendo basicamente que não há problema em causar sofrimento a animais, uma vez que você esteja motivado religiosamente”.

A decisão ocorreu quatro anos após o governo britânico ter rejeitado uma recomendação da Farm Animal Welfare Council de banir a prática de abate sem atordoamento prévio. Os grupos de direitos animais afirmam que as técnicas causam imenso sofrimento aos animais.

“Investigações clandestinas do Peta US em abatedouros religiosos revelaram que os animais frequentemente permanecem conscientes por minutos após o corte na jugular, além de serem submetidos a procedimentos extremamente dolorosos enquanto ainda lhes resta total sensibilidade à dor”, disse Mr. Schein.

Em um último esforço para tentar impedir a legislação, o NSS solicitou um encontro com Hillary Benn, secretária do meio ambiente, mas o grupo informou que seu pedido foi rejeitado.

“Nós temos o dever de cuidar dos animais. O ‘bem-estar’ deles é crucial, não apenas por razões éticas, mas também pela saúde e qualidade dos alimentos”, pronunciou Androulla Vassiliou, do EU Health Commision.

Em declaração o governo afirmou que não irá comprometer sua política de tolerância religiosa suspendendo a nova legislação, mas aumentará a fiscalização dos abatedouros padrões e suas técnicas de atordoamento. Ainda assim os estabelecimentos poderão continuar utilizando métodos controversos no pré-abate, como dióxido de carbono para porcos e perus.

Com informações de politics.co.uk

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