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Vida pós-circo: ursos viciados em nicotina e um leão careca

23 de agosto de 2015
4 min. de leitura
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Leão dorme no parque sem fins lucrativos The Wild Animal Sanctuary, nos Estados Unidos
Leão dorme no parque sem fins lucrativos The Wild Animal Sanctuary, nos Estados Unidos

O bigode de Jumanji se contraiu enquanto ele avaliava os visitantes do outro lado da cerca. Segundos depois, pulou na direção deles, orelhas recuadas, olhos amarelos estreitados, caninos expostos.
“Ele se divertiu com isso”, disse Pat Craig, fundador do The Wild Animal Sanctuary, que resgatou o leopardo preto de uma “coleção” de animais em Ohio.
Cuidou-se de Jumanji até que sua saúde se restabelecesse, nas pastagens no nordeste de Denver, onde ele se recuperou da gangrena nas orelhas e das infecções que contraiu por ficar deitado sobre sua própria urina.
O felino de 59 quilos é um dos poucos com sorte. Ele e outros 400 carnívoros – junto com alguns quatis, alpacas e um camelo – são cuidados por um pequeno grupo de funcionários e por centenas de voluntários no parque sem fins lucrativos de Craig.
O parque é um entre dezenas de outros nos EUA que estão acolhendo uma verdadeira arca de Noé devido à repressão de circos e zoológicos sem licença com animais exóticos, e também contra as pessoas que mantém essas espécies como animais domésticos.
Ursos são vistos no The Wild Animal Sanctuary, que abriga animais que eram usados em circos
Ursos são vistos no The Wild Animal Sanctuary, que abriga animais que eram usados em circos

A crise dos refúgios sobrecarregados foi provocada pela conscientização recém-descoberta das circunstâncias muitas vezes precárias em que vivem os animais criados com fins lucrativos; um leão bebê pode arrebatar US$ 1.000, um filhote de tigre branco chega a custar US$ 30.000. Eles podem ser mantidos em espigueiros, trailers para cavalos, porões ou lugares ainda piores.
Aos cuidados de Craig estão o urso preto Baloo, cujas garras foram arrancadas com alicates, e o leão de montanha Major, que chegou tão estressado que não tinha pelos na cauda e nas patas dianteiras.
Os ursos-cinzentos Gaika e Masha passaram 17 anos em um caminhão, viciados na nicotina que um treinador usava para que eles fizessem truques.
“Sempre foi fácil demais para que as pessoas conseguissem animais, para comercializar e procriá-los”, disse Ed Stewart, um dos fundadores da Performing Animal Welfare Society (PAWS), que administra três santuários na Califórnia.
“Finalmente as prefeituras estão dificultando isso, e agora é uma correria para encontrar um lar para todos”.
Leis de proteção
São Francisco acabou de proibir espetáculos com animais selvagens ou exóticos, junto com mais de 40 cidades dos EUA.
O governador do Havaí, David Ige, prometeu parar de conceder autorização para esse tipo de evento. Trinta países, da Grécia ao Peru, proíbem a presença de animais selvagens em circos itinerantes, assim como a Inglaterra fará no fim deste ano.
A Lei de Bem-Estar dos Animais, dos EUA, exige desde 1966 que as empresas que exibam certos animais tenham licenças, mas elas são fáceis de obter, disse Stewart, da PAWS.
A Lei de Segurança dos Animais Selvagens Cativos, vigente há 8 anos, proíbe o transporte interestadual de grandes felinos e ajudou a reduzir o número dos que são mantidos em locais inadequados e levou 11 estados a aprovar proibições semelhantes, disse Carole Baskin, diretora da Big Cat Rescue, que possui cerca de 80 residentes na Flórida.
No Colorado, Craig abriu o The Wild Animal Sanctuary há 35 anos, quando tinha 19 anos, começando com uns poucos hectares na fazenda de sua família.
Hoje o lugar se estende por mais de 290 hectares, e ele disse que está a meio caminho de arrecadar US$ 1,2 milhão para comprar outros 243 hectares.
Ele precisava de 40 só para Jumanji e os 17 outros resgatados junto com ele, entre os quais estão um tigre branco e um leão de montanha.
Metade do orçamento anual de US$ 11 milhões do santuário vem de doações em dinheiro e o restante vem de outras contribuições, como alimentos e materiais de construção.
Os habitantes consomem 13,61 toneladas de alimentos por semana, incluindo filé de costela, ovos crus, pêssegos e aspargos, cortesia da Wal-Mart Stores Inc. Eles recebem mais do que podem consumir, para que não briguem por comida.
Fonte: Revista Exame
Nota da Redação: Circos, zoológicos e outros locais que aprisionam animais devem ser completamente extintos. Casos como os descritos acima servem para alertar a população mundial sobre a injustiça e crueldade escondida atrás de locais que mantém animais em cativeiro apenas para divertimento humano. É preciso clarear a consciência para entender e respeitar os direitos animais. Eles não são objetos para serem expostos e servirem ao prazer de seres humanos. As pessoas podem obter alguns minutos de entretenimento, mas para eles é uma vida inteira de exploração e abusos condenados pelo egoísmo humano.

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