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Ainda no tempo das carroças

22 de setembro de 2011
2 min. de leitura
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Em pleno despertar do século XXI para o desenvolvimento científico e tecnológico em várias áreas do saber, e saliento aqui, especificamente, a autonomia da mobilidade e do deslocamento humano através dos meios de transporte modernos, ainda persiste, sobretudo em nosso meio urbano, as milenares carroças puxadas por cavalos. Trata-se do arcaico, convivendo de uma forma nada sincrônica e harmônica, com o moderno; o atraso persistindo com o progresso.

Égua resgatada pela entidade Chicote Nunca Mais na cidade de Gravataí (RS). Foto: Chicote Nunca Mais

É bem verdade que, segundo especialistas do trânsito, os congestionamentos caóticos vividos diariamente em decorrência do aumento dos veículos nas ruas das grandes cidades e regiões metropolitanas, tem nos levado a retroceder (em velocidade percorrida) ao tempo das diligências, porém não devemos aceitar que as próprias ainda estejam nas ruas. Que fiquem os motores a cavalo e não os cavalos no lugar dos motores.

Aliás, num conturbado e estressante trânsito, nunca se sabe qual a reação que um equino pode ter e as consequências e riscos em relação à segurança e a vida das pessoas são imprevisíveis. Melhor não arriscar! A prevenção com a limitação ou proibição nos centros urbanos é a melhor solução, muito razoável e de bom senso. Discursinho politicamente “correto” em favor da permanência das carroças circulando nos centros urbanos é estapafúrdio e oportunista.

Os cavalos são animais extremamente sensíveis e na maior parte dos casos são covardemente assoleados com relhos e chicotes por seus tutores ignorantes, que os tratam como verdadeiros escravos. São sobrecarregados com pesadas cargas e sequer podem descansar adequadamente para recompor suas energias. São condenados à fadiga de um sol escaldante no verão, onde amargam uma sede brutal. No inverno, são castigados com o frio e chuva constante a deslizar pelo lombo. Muitos não resistem ao sofrimento e tombam pelas vias.

As necessidades fisiológicas excretórias se dão em movimento, deixando pelas ruas um rastro de sujeira e odor insuportáveis. Além de ser uma questão de saúde pública e preciso equiparar as responsabilidades daqueles que tutalam um animal. Da mesma forma que há uma obrigação moral (nem sempre legal) do cidadão em recolher com um saquinho o cocô do seu cachorro, o mesmo deve ser feito pelo sujeito que monta ou conduz um cavalo numa carroça! E os menores condutores de carroças, inclusive crianças, não devem passar indiferentes ao olhar dos agentes de trânsito ou da segurança pública, seja de que instância for. A carroça e seus condutores deveriam cumprir as mesmas regras de trânsito. Além disso, há a questão da exploração do trabalho infantil, que as autoridades públicas não devem ficar omissas!

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