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Campo de concentração: Animais continuam morrendo em zoo de Kiev, na Ucrânia

24 de março de 2011
5 min. de leitura
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Por Camila Arvoredo  (da Redação)

Corpo do elefante Boy de 39 anos. Créditos foto: “Daily Mail”.

Grupos de bem-estar animal de todo o mundo estão pedindo pelo fechamento do zoológico de Kiev, depois que ocorreram diversas mortes de animais, informou o britânico “DailyMail”.

O zoológico de 100 anos foi recentemente apelidado de “campo de concentração para aqueles que possuem pêlos e penas”, com suspeitas de que a corrupção esteja no coração do problema.

Um elefante indiano chamado Boy, o orgulho do zoológico, não sobreviveu e morreu em sua jaula no ano passado.
No mesmo período, Maya, um camelo, sucumbiu a uma doença digestiva e Theo, uma zebra, morreu depois de impactar-se sobre uma cerca de metal.

Um lobo solitário caminha no seu cercado. Créditos foto: “Daily Mail”.

Grupos de bem-estar animal dizem que dúzias, senão centenas de animais morreram no zoológico, nos últimos anos, devido à subnutrição, falta de cuidados médicos e por maus-tratos.

O grupo britânico “NatureWatch”, ligado ao bem-estar animal, está entre as organizações que pedem que o zoológico seja fechado e que os animais sejam mandados para outros lugares da Europa.

“O zoológico de Kiev nunca alcançará os padrões básicos requeridos, pois ele está muito longe dos outros zoológicos da Europa”, disse John Ruane da “NatureWatch”. “As condições são absolutamente horríveis e não importa quantas medidas sejam implementadas a situação sempre continua a mesma”.

Novos gerentes indicados em outubro disseram que próximo da metade dos animais do zoológico ou morreram ou desapareceram misteriosamente nos últimos dois anos em que seus predecessores estiveram no cargo e uma audição governamental demonstrou que milhares de dólares foram gastos em vendas ilegais de animais, enquanto que fundos destinados à alimentação e aos cuidados desapareciam.

Mesmo com a nova direção, os animais ainda estão morrendo em alto índice. Créditos foto: “Daily Mail”.

Promotores de justiça ucranianos abriram uma investigação recentemente, mas embora tenha ocorrido uma mudança na direção do zoológico, os animais continuam morrendo.

Alguns ativistas suspeitam que exista um acordo governamental secreto que pretende dificultar o trabalho do zoológico para que ele possa ser fechado, dando lugar a um terreno que poderá ser posteriormente vendido pelo governo.

Outras violações incluem a compra de medicamentos para macacos que já faleceram, a compra de hienas que nunca chegaram ao zoológico, a venda ilegal de 12 macacos, a venda não registrada de ingressos para visitação e a má-alocação de fundos, que deveriam ser destinados para alimentação dos animais.

As violações já perfazem um total de 200.000 dólares, de acordo com Irina Parkhomenko, relações públicas da agência governamental.

Foto: Reprodução/Daily Mail

Antes considerado como a jóia da capital ucraniana e ponto turístico de fim de semana para as famílias, o zoológico começou a se deteriorar depois do colapso da antiga União Soviética em 1991, seguindo-se de longos anos de pobreza.
Os animais eram mantidos em leitos sujos e mal aquecidos, alimentados inapropriadamente e deixados ao léu, de acordo com os vigias.

O zoológico ganhou notoriedade em 2007, quando foi retirado da Associação de zoológicos européia, depois da trágica morte de uma ursa.

A ursa marrom idosa chamada Dinara foi removida para uma jaula pequena, onde ela gastava todo o seu tempo num cercado, que dividia com um urso malaio macho.

Estressada com sua nova moradia e com seu novo vizinho, Dinara começou a bater a cabeça contra o concreto do cercado, deixando sangue espalhado pelas paredes e piso. Depois de alguns dias, ela teve que ser sacrificada.

Numa visita recente, o zoológico parecia desolador. O cercado do elefante morto permanecia vazio, um lobo solitário vagava num cercado aberto, um grupo de animais de fazenda não podia ser visto pelo público e duas girafas olhavam para dentro de suas celas.

Os problemas do zoológico cresceram sob a prefeitura de Leonid Chernovetsky, o qual foi acusado de mau-gerenciamento da cidade.

Sob a direção de Svitlana Berzina, mais de um quarto dos animais morreram e outro quarto desapareceu, dois anos antes dela ser substituída em outubro.

Oficiais estão tendo dificuldades para determinar exatamente quantos animais morreram ou desapareceram na gerência anterior. O zoológico conta atualmente com 2.600 animais de 328 espécies.

Oleksandr Mazurchak, deputado-chefe da cidade de Kiev, disse que ao redor de 250 animais morreram por problemas durante os dois anos da diretoria Berzina. A audição governamental do último ano também demonstrou que 131 animais estão desaparecidos.

Volodymyr Boreiko, um ecologista que monitorou as reformas do zoológico, disse que um relatório da semana passada mostrou que o número de animais que morreu desde a adesão da nova gerência em outubro chegou a 250 e inclui pingüins, um flamingo, perus e raposas. O zoológico disse que estes números são falsos.

Tolstoukhov disse que o zoológico espera atrair fundos para restaurar o parque e construir novos locais, além de reparar o aquecimento, o ar condicionado e o sistema elétrico. O zoológico também planeja adquirir novos animais, incluindo duas fêmeas de elefante e cabras alpinas. Ele negou a existência de planos para vender os 34 hectares ocupados pelo parque.

“O zoológico está numa condição tal que não pode mais ser considerada nem um zoológico”, disse Tamara Tarnavska, membro de um grupo de defesa dos direitos animais. “Quando eu olho para estes animais, bem nos olhos, eu tenho vergonha de ser um ser humano”.

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