EnglishEspañolPortuguês

EUA e Gabão são os únicos a ainda usar chimpanzés em pesquisas

19 de dezembro de 2011
4 min. de leitura
A-
A+

Por Lobo Pasolini (da Redação)
Um relatório do Instituto de Medicina (IOM, na sigla em inglês) e do Conselho de Pesquisa Nacional divulgado nesta quinta-feira, em Washington, determina que não há necessidade para o uso de chimpanzés em laboratórios de pesquisas médica e comportamentais. Segundo a Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos e Gabão são os únicos países a fazer pesquisas científicas usando esses primatas como cobaias. Nos países da União Europeia, nenhuma nação mantém chimpanzés em cativeiro com esse objetivo.

EUA e Gabão são os únicos a ainda usar chimpanzés em pesquisas (Foto: Reprodução)

Para os defensores dos direitos animais, há preocupação com o destino dos primatas usados em laboratórios depois que os fundos estatais forem cortados para os experimentos existentes. O Instituto Nacional da Saúde (NIH, na sigla em inglês) hoje financia o uso de 612 chimpanzés em pesquisas médicas nos Estados Unidos. “Este número me preocupa muito, pois é praticamente igual ao número de chimpanzés que temos em reservas nos Estados Unidos. Quem vai cuidar desses animais que têm vida longa e assumir o custo pela sobrevivência deles?”, disse April Truitt, diretora e fundadora do Primate Rescue Center, uma instituição que protege e cuida de chimpanzés que foram vítimas de abuso ou abandono.
Segundo a ativista, os chimpanzés costumam viver até os 60 anos e custam, por dia, cerca de US$ 22. Para ela, ainda que seja uma boa notícia, o anúncio feito nesta quinta pode ter consequências desastrosas a curto prazo, já que os laboratórios simplesmente devem mandar os animais, alguns com problemas de saúde e sem estarem socializados, a ONGs e instituições de cuidado, sem qualquer ajuda financeira. Há menos de duas semanas, por exemplo, April recebeu um chimpanzé que, em 43 anos, nunca tinha saído do cativeiro.
Relatório
“Começamos o estudo com um ponto de vista agnóstico e, no final dele, chegamos à conclusão de que o uso de chimpanzés em pesquisas biomédicas não é justificável”, disse em uma entrevista à imprensa Jeffrey Kahn, presidente do comitê encarregado pelo relatório e vice-diretor do Berman Instituto de Bioética da Johns Hopkins University.
O relatório, solicitado pelo Congresso dos EUA, foi iniciado em abril deste ano e contou com a colaboração de cientistas, médicos, veterinários, especialistas em bioética, antropólogos e acadêmicos.
Existem atualmente diversas alternativas para a condução destes estudos, como o uso de engenharia genética a partir de modelos humanos.
Foto: New York Times

Exploração de chimpanzés a caminho do fim?
O National Institutes of Health dos Estados Unidos suspendeu todas as novas bolsas de pesquisa biomédica e comportamental em chimpanzés e aceitou os primeiros critérios uniformes de avaliação da necessidade de tais pesquisas. Essas dizem que a pesquisa seja necessária para a saúde humana e que não haja outra forma de realizá-la.
A agência governamental disse que os chimpanzés merecem consideração especial e que segundo um comitê especialista do Institute of Medicine a maioria da pesquisa em chimpanzés era desnecessária.
As novas recomendações cobrem apenas os chimpanzés de propriedade ou mantidos pelo governo, o que totaliza um número de 612 indivíduos de um total de 937 chimpanzés disponíveis para pesquisa nos Estados Unidos. Somente alguns servem como cobaias simultaneamente.
Uma das áreas onde o uso de chimpanzé talvez continue a acontecer é na pesquisa da vacina preventiva de Hepatite C, embora ainda esteja aberto para discussão, já que o comitê não chegou a um consenso sobre este tópico.
A Humane Society elogiou a iniciativa mas ressaltou que a linguagem do texto implica que os chimpanzés ficarão detidos nos centros de pesquisa.
“O que nós queremos é que eles sejam removidos para santuários”, onde áreas maiores estão disponíveis para eles.
Com informações do Jornal do Brasil e do do New York Times.
Nota da Redação: Não é porque os chimpanzés são ‘parentes próximos’ do ser humano que eles têm direito à sua integridade física, mas sim porque, como qualquer outro ser senciente, eles não têm que ser sacrificados para benefício de outros. A medida é benvinda, mas o raciocínio por trás dela é equivocado.

Você viu?

Ir para o topo