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O contato apenas através da violência

19 de junho de 2009
4 min. de leitura
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A frase que li em um site sobre rinhas de galo de São Paulo cita o México como “exemplo de país onde se respeitam as tradições, e os criadores têm alto conceito”. O curioso é que o México não é lá um grande exemplo em se tratando de qualidade de vida, mas para esse pessoal é um país que honra suas ‘tradições’.

De fato, se eles consideram a competição como única forma de se ter contato com animais, tal mentalidade pobre e estreita só poderia se empenhar em defender essa grande tradição que é usar de violência para promover o sadismo, como tantas outras tradições que já existiram.

Argumentos para diversas tradições de violência sempre são baseados em um contato maior com a natureza, purificação e outras balelas. Remoção de clitóris de meninas em diversos países com cacos de vidro ou gilete, pois tem que ser ‘a seco’, manuais de como bater em mulher que são divulgados na Internet, são exemplos de ‘culturas’ que também são respeitadas, pois fazem parte da organização social daqueles povos. Muitos sociólogos querem apenas observar o lado antropológico, enquanto o sofrimento beira o imensurável.

Enquanto não é no nosso próprio couro, nos tranquilizamos, dizendo que são tradições!

Para as pessoas que estão lutando em favor do PL 4548/1998, que pretende tirar os animais domésticos da lei contra maus-tratos, apenas o bife, o hambúrguer serão os contatos com os animais que as crianças terão, se forem proibidas as rinhas, farras e vaquejadas. Pois eles acham que bater e assistir à tortura é uma experiência enriquecedora, é um aprendizado e, pasmem, pois se procurarem com cuidado, verão professores envolvidos nesse meio.

Notem que a demagogia sempre usa ‘as crianças’ e seu futuro quando querem fazer permanecer seus interesses. E constatamos que as crianças pegam sempre os restos e as consequências das péssimas escolhas que têm sido feitas a seu favor. Que boa parte dos encontros pelas crianças, contra a pedofilia e outras misérias nunca saem do papel, pois vemos os números de crianças desaparecidas e vítimas de diversos sofrimentos aumentarem a cada dia, proporcionalmente aos números da violência contra animais. Se pelos animais existem poucos grupos realmente ativos, pelas crianças há uma infinidade de grupos, e todos ganham muitos investimentos. Mas os números não diminuem. É curioso.

Outro grupo que anda recebendo dinheiro é a entidade que organiza a festa ‘Peão de Barretos’. Abaixo, retirado do próprio site do deputado Fernando Chiarelli, PDT-SP, http://www.fernandochiarelli.com.br.

“Entidade recebeu R$ 100 mil em emenda parlamentar do deputado; Ribeirão deve receber R$ 10 milhões até o segundo semestre.
O deputado federal de Ribeirão Preto Fernando Chiarelli (PDT-SP) participou de uma reunião em Barretos com os diretores do Grupo Os Independentes, que organizam, anualmente, a Festa Internacional do Peão de Barretos. O presidente de Os Independentes, Jerônimo Luiz Muzetti, esteve presente na reunião.
A entidade foi uma das 13 beneficiadas pelo deputado com emendas do Orçamento. A festa popular de Barretos receberá R$ 100 mil do governo federal. O recurso foi destinado pelo deputado através de sua cota pessoal de emendas. ‘O Grupo faz um trabalho importantíssimo para a cultura brasileira e de reconhecida competência e criatividade’.
Além dos recursos destinados ao grupo barretense, Chiarelli destinou, na última semana, R$ 1,5 milhão para as cidades da região. A expectativa é que, até o começo do segundo semestre Ribeirão Preto, receba verbas de R$ 10 milhões, recursos que devem ser destinados à área da Saúde. ‘Já tive conversas com o ministro da Saúde e os pedidos serão atendidos’, garante Chiarelli.”

Em nome das tradições, as verbas são destinadas a coisas completamente desnecessárias, que provocam sofrimento e ainda distorcem a cultura brasileira. Pois todos sabemos que a cultura das rinhas e farras são heranças dos portugueses e demais culturas que pisaram neste país, em ambos os sentidos. Que ‘festa do peão’ é uma mistura de culturas vindas de outros países, e não tem nada de brasileiro, exceto talvez a vontade de ganhar dinheiro em cima dos ingênuos que pagam ingressos caros, e lá dentro têm de pagar preços absurdos para comer ou para andar em um brinquedo, como acontece aqui na ‘nossa’ Expointer.

Absurdos como querer tirar os animais domésticos da esfera de proteção da Lei são coisas que só podem acontecer em um país corrupto e de baixo nível. É indignante um país onde, agora, nem mesmo para ser jornalista é obrigatório ter diploma. Um assunto completamente diferente deste que estamos tratando aqui, mas para exemplificar as distorções que estão ocorrendo na Lei e na mentalidade dos que estão nas lideranças desta espelunca.

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