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Cada vez mais elefantes morrem devido à tortura, inanição e falta de cuidados médicos

18 de janeiro de 2017
5 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Reprodução/Huffington Post

Elefantes são reverenciados na Índia como personificações do Deus Ganesha, que de acordo com a crença hindu, é o removedor de obstáculos, patrono das artes, ciências e senhor do intelecto e da sabedoria. Porém, quanta sabedoria os indianos mostram em relação a estes gigantes gentis? A vida dos elefantes confinados no país é precária e a maioria deles sofre uma morte lenta por causa da tortura inimaginável que lhes é imposta.

Pelo menos 26 elefantes morreram em 2016 em Kerala, no sul do país, devido à tortura e à negligência de seus guardas. De acordo com relatórios da Heritage Animal Task Force, um grupo de voluntários dedicados ao bem-estar animal, 20 deles eram criados por indivíduos, três estavam sob o controle do Departamento de Florestas Estaduais e três estavam no templo de Guruvayur.

O Estado ao sul da costa de Malabar abriga os maiores números de elefantes mantidos em cativeiro. A espécie é agora ameaçada pela grande perda, degradação e fragmentação de habitat. De acordo com os registros do governo, o Estado tem 577 elefantes em cativeiro. Já a Associação de Proprietários de Elefantes alega que o número verdadeiro é 684.

Templos e indivíduos possuem a maioria deles. Quase 427 elefantes são aprisionados por vários templos e indivíduos em Kerala. Eles são usados para cerimônias religiosas.

Reprodução/Intoday

O famoso templo de Guruvayur tem mais de 60 elefantes enclausurados. Além disso, possuir um elefante no Estado é considerado um símbolo do status feudal de pessoas que alugam esses animais para exibi-los em mais de 10 mil festivais.

Os elefantes são submetidos à tortura; são cegados, ficam famintos, acorrentados e obrigados a desfilar entre fogos de artifício. Tudo isso com correntes e sem nenhuma proteção contra o sol ou chuva. Para os festivais, eles são transportados por longas distâncias em veículos abertos no calor escaldantes durante horas.

Sem comida ou água suficiente, os animais são frequentemente alimentados com álcool para ficarem calmos. Pambady Rajan, um elefante de 35 anos, tem que viajar longas distâncias mais de 10 vezes por semana, sem qualquer descanso ou alimentação adequada.

“Pambady está sendo usado como se não fosse um ser vivo, mas um veículo. Ele embarca em um caminhão e é transportado por algumas centenas de quilômetros. Uma vez que o show é realizado, Pambady novamente entra no caminhão para ser enviado a outro lugar “, disse um ativista ao The Logical Indian.

Reprodução/Intoday

Além de todos estes exercícios terríveis, os elefantes também suportam o abuso dos mahouts (adestradores). A vida média da espécie é de 80 anos, mas devido à grande carga de trabalho e doenças, estes animais estão morrendo prematuramente entre 20 e 40 anos.

Shivraj, um dos elefantes mais famosos do estado foi acorrentado por seu mahout tão firmemente que o grilhão ficou alojado dentro de sua carne. Mais de um ano se passou e Shivraj ainda está se recuperando da ferida terrível.

Números distorcidos e transferências ilegais

Devido ao comércio desenfreado dos elefantes, o Departamento de Florestas não tem a contagem real dos animais na região. As pessoas capturam bebês elefantes na floresta e, quando as autoridades as interrogam, dão desculpas de que resgatam os bebês que se afogaram no rio, que inconscientemente entraram em território humano ou cuja mãe morreu ou sofreu uma infecção.

Reprodução/Chicago2

De acordo com fontes, muitos funcionários do órgão também estão cientes desta tendência. “Um bebê elefante foi capturado no ano passado da selva de Nilambur porque surpreendentemente tinha 20 dedos. Devido a esta característica inusitada, foi levado ao acampamento de elefantes de Konni. As razões citadas foram que ela entrou no habitat humano e que foi levada para o local por uma equipe de resgate, mas sabemos que não é verdade “, disse o ativista.

Falta de cuidados médicos e mortes

O Departamento de Florestas também não mantém um registro adequado das morte de elefantes. Entre novembro de 2011 e dezembro de 2016, 302 elefantes morreram em Kerala e há mais centenas que estão em seus últimos dias de vida.

As principais causas destas mortes são a incapacidade de identificar doenças, o tratamento por médicos inexperientes e a falta de comida adequada e água. A maioria dos elefantes falece devido a escaras e à tuberculose.

Os médicos elefantes são auto treinados e não equipados para cuidar dos animais. Terapias alternativas como a Ayurveda também são usadas para tratá-los. Por inexperiência, os remédios que são dados aos seres humanos também são oferecidos aos elefantes.

Reprodução/Planet Custodian

Os médicos sequer diagnostica doenças por meio da observação de sintomas e não há um bom hospital veterinário no Estado para tratar os animais. Se uma equipe de médicos examiná-los nenhum deles poderá desfilar em festivais de templos.

Apesar do número assustador de mortes que ocorrem todos os anos, as autoridades fecham os olhos e não tomam qualquer ação contra as duras condições dos elefantes. Acredita-se que uma das principais razões para a apatia é a promoção do turismo na região.

De acordo com um relatório apresentado pelo Principal Chief Conservator of Forests e Chief Wildlife Warden of Kerala, em outubro de 2015, o número de elefantes cativos no estado era 601, dos quais 435 eram “propriedades” particulares, cinco eram abusados em circos e 161 por organizações religiosas Devaswom Boards e templos.

O governo, no entanto, em vez de punir os mahouts, tentou conceder-lhes anistia. Se essa negligência continuar, há uma alta probabilidade de que os elefantes sejam extintos em apenas 10 anos.

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