EnglishEspañolPortuguês

Baleias são massacradas em tradição cruel nas Ilhas Faroé

14 de outubro de 2013
7 min. de leitura
A-
A+

Por Natália Prieto (da Redação)

Massacre nas Ilhas Faroé. (Foto: Divemag)
Massacre nas Ilhas Faroé. (Foto: Divemag)

O filme vencedor do Oscar, “The Cove” (“A Enseada”, em português), chamou a atenção internacional para a questão da sangrenta carnificina contra golfinhos que agonizam mergulhados no próprio sangue, devido aos maus tratos causados por pescadores japoneses, em um minúsculo espaço físico. As informações são do Global Animal.

No noroeste da Europa há unidades de caças regulares às baleias e golfinhos, tão desnecessárias, bárbaras e impiedosas como a prática em Taiji, Japão: são as caças ocorridas nas Ilhas Faroé, território dependente da Dinamarca.

É em todo o litoral das Ilhas Faroé (aproximadamente 655 km da costa do norte da Europa e as ilhas vizinhas, sendo as ilhas do norte e oeste da Escócia mais próximos) que ocorre o abate de pequenos cetáceos (mamíferos marinhos). Prática que não é destinada para lucro, captura para entretenimentos desprezíveis, ou alimentação da comunidade. As Ilhas Faroé têm um PIB nominal (per capita) de $50.300, um dos mais altos padrões de vida do mundo – mas essas caças medievais ainda acontecem por serem consideradas uma “tradicional diversão Viking”.

A ONG Sea Shepherd tem liderado a oposição contra a matança de baleias e golfinhos nas Ilhas Faroé desde o verão de 1983, quando David McColl, em Glasgow (Escócia), levou uma pequena equipe para a região e, utilizando botes infláveis, conseguiram juntos interromper a caça “Grind”. Esta foi a primeira intervenção e os barcos infláveis foram fortemente danificados pelos assassinos de baleias.

O navio “Sea Shepherd II” navegou por essas regiões para sua primeira campanha em 1985, e depois em 1986, para documentar e combater a caça às baleias nas Ilhas Faroé. Durante a campanha, cinco tripulantes da Sea Shepherd foram presos em terra e detidos sem acusação, de modo que se recusaram a sair das águas das Ilhas Faroé. A população local reagiu ao protesto atacando balas e gás lacrimogêneo, então a tripulação do “Sea Shepherd II” defendeu o navio com tiros de canhão de água com chocolate e torta de limão. A Sea Shepherd documentou todas as atividades baleeiras das Ilhas Faroé e os incidentes dramáticos foram filmados e transmitidos pela BBC – que produziu o premiado documentário, “Black Harvest” (“A Colheita Negra”, em português). Cenas adicionais também foram utilizadas para a série de televisão do Reino Unido no documentário “Defensores da Vida Selvagem”, em um episódio sobre Paul Watson e a Sociedade de Conservação Sea Shepherd, chamado “Ocean Warrior”, que foi ao ar em 1993.

Uma das maiores e mais sangrentas caça às baleias no mundo. (Foto: BBC)
Uma das maiores e mais sangrentas caça às baleias no mundo. (Foto: BBC)
A crueldade é, assim, ensinada como algo "comum". (Foto: Reprodução)
A crueldade é, assim, ensinada como algo “comum”. (Foto: Reprodução)

Em 2000, o navio “Ocean Warrior” partiu para as Ilhas Faroé e a caça “Grind” foi fortemente divulgada nos meios de comunicação europeus. Com isso, a ONG acarretou séria pressão econômica às empresas que ainda compravam frutos do mar da região e como resultado mais de 20 mil pontos de venda europeus romperam seus contratos de pesca com as Ilhas Faroé.

Durante o verão de 2010, a Sea Shepherd lançou a operação “GrindStop”. Peter Hammarstedt, membro da ONG, foi disfarçado até as Ilhas, em Klaksvik, para reunir provas da terrível caça “Grind” e foi seguido duas semanas depois por outra voluntária, Sofia Jonsson, que documentou e divulgou a caça na região de Leynar.

Em 2011, durante a “Operação Ilhas Ferozes” nenhum animal foi morto nas praias das Ilhas Faroé enquanto a Sea Shepherd patrulhava o local. A tripulação, a bordo do rápido navio interceptor “Brigitte Bardot”, enviou mergulhadores para investigar o cemitério debaixo d’água, onde carcaças de baleias são descartadas ao longo das falésias após a caça “Grind”, em Vestmanna e Leynar. A “Operação Ilhas Ferozes” foi registrada em uma série de cinco episódios no canal Animal Planet, chamada “Whale Wars: Shores Viking” (2012).

Em 2012, a Sea Shepherd reportou à Dinamarca a violação de três convenções que assinaram com a promessa de proteger as baleias – a Convenção de Berna, Convenção de Bona e ASCOBANS. Como resultado, a Sea Shepherd perseguiu a Comissão Europeia com o objetivo de obrigar a Dinamarca a cumprir as propostas das referidas convenções e agir na defesa dos animais conforme os princípios nelas descritos.

Após o sucesso das campanhas anteriores, e estimulados pelas contínuas atrocidades nas Ilhas Faroé este ano, onde 1.136 pequenos animais marinhos foram mortos durante um período de apenas 38 dias, a tripulação da Sea Shepherd está liderando uma nova campanha para as “ilhas ferozes”. A nova campanha promete ser a mais ampla, incisiva, e longa nas Ilhas Faroé na história da Sea Shepherd – “Operação GrindStop 2014”. Esta campanha foi iniciada por Robert Read – cientista ambiental e diretor da Sea Shepherd no Reino Unido.

É considerado uma "tradição" na Ilha. (Foto: Reprodução/Globo)
É considerado uma “tradição” na Ilha. (Foto: Reprodução/Globo)

Para a “Operação GrindStop 2014” a Sea Shepherd vai empregar uma variedade de táticas diretas e indiretas para pôr fim à caça “Grind”. Confiram algumas delas:

– Um dos objetivos da Sea Shepherd é usar a educação e os meios de comunicação globais para gerar publicidade e consciência da situação de golfinhos e baleias nas Ilhas Faroé.

– A Sea Shepherd vai usar patrulhas de dissuasão por terra e mar. Se necessário, vai empregar táticas intervencionistas não-violentas para impedir que qualquer caça ocorra.

– A Sea Shepherd está pesquisando os mais recentes dispositivos acústicos para criar uma muralha defensiva de som que impeça a migração de pequenos cetáceos de se aproximar das baías ao redor das ilhas.

– Planos de operações terrestres nas ilhas que combinam trabalho de investigação e educação pelos ativistas. Se a equipe terrestre tiver a infelicidade de ser informada sobre qualquer caça “Grind”, eles seguirão a trilha onde a carne/gordura/carcaças dos cetáceos são apreendidas ou eliminadas.

– Configurar uma equipe de voluntários dedicada a divulgar notícias à mídia global.

– Desafiar as reivindicações das Ilhas Faroé, de se considerarem “amantes da natureza”, bem como suas reivindicações de “sustentabilidade”, no que diz respeito ao abuso de animais selvagens para lucros comerciais e esporte.

– Trabalhar em maneiras de transformar a indústria do turismo das Ilhas Faroé contra a caça “‘Grind”. Os turistas não vão ao local para ver sangue nas praias.

– Divulgar globalmente a matança de baleias e outros animais nas Ilhas Faroé. Este ano 430 golfinhos foram mortos em um “Grind” – e por esta razão o logotipo para a “Operação GrindStop 2014” carrega uma baleia e um golfinho.

A Sea Shepherd e a “Operação GrindStop 2014” não são anti-Ilhas Faroé. Não são “anti” qualquer nacionalidade. São pró-preservação marinha e trabalham em prol de toda a vida na Terra. Nossa missão é acabar com a destruição de habitat e abate de animais selvagens em oceanos do mundo todo com o objetivo de conservar e proteger os ecossistemas e espécies. A Sea Shepherd opera fora do chauvinismo cultural insignificante da espécie humana. Nossos clientes são as baleias, golfinhos, focas, tubarões, tartarugas, aves marinhas e peixes.

A Sea Shepherd está aberta ao diálogo com qualquer morador das Ilhas Faroé.

A “Operação GrindStop 2014” tem como único objetivo garantir que nenhuma baleia, golfinho ou qualquer outro pequeno cetáceo seja morto em caças bárbaras, conhecidas como “Grind” ou “Grindadrap”, enquanto patrulhas da Sea Shepherd estiverem nas Ilhas Faroé.

Para saber mais sobre a operação acesse a página da Sea Shepherd.

Você viu?

Ir para o topo