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Cresce o número de sequestros de cães no Brasil

4 de março de 2016
4 min. de leitura
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Por Reese Ewing/Reuters (Tradução: Bruna Oliveira/ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais)

Bosco
Bosco já foi encontrado: o Terrier foi um dos cães furtados. Foto: Facebook

No último dia 27, o Brasil voltou ao noticiário no exterior ao ser pauta do jornal britânico The Daily Mail, por meio da agência de notícias Reuters, em uma reportagem que abordava o crescente aumento de sequestros de cães no país.

A publicação dizia que, enquanto a economia do Brasil “está presa na casinha do cachorro”, o mercado negro de sequestros de cães está à solta, tornando-se uma das novas modalidades de crime.

Bosco, um Boston Terrier branco e preto, foi roubado em novembro do ano passado enquanto seu tutor fazia compras em um supermercado no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo, e se tornou protagonista do debate sobre o roubo de animais domésticos no País.

Seu tutor, Fernando Pedrosa, desencadeou uma avalanche de comentários nas redes sociais com as hashtags #whereisbosco (“onde está o Bosco”) e #voltabosco, em sua busca incessante pelo animal.

Raul Rocha, membro de uma equipe de seis detetives especializados em desaparecimento de animais da DetetivePet e um dos responsáveis pelo retorno de Bosco, disse que ao Daily Mail que, no passado, os ladrões queriam dinheiro rápido, vendendo o cão sequestrado em feiras informais de calçadas ou no mercado negro de filhotes. Segundo ele, isso mudou.

“Hoje em dia, a maior parte de nossos casos envolve pedidos de resgate”, disse Rocha à publicação inglesa, acrescentando que ele tem visto um aumento acentuado de cães furtados com relação ao ano passado. “Os criminosos estão usando o amor que o tutor sente pelo animal para garantir o pagamento”.

Fernando não quis comentar ao jornal inglês sobre o sofrimento que passou enquanto o Terrier esteve nas mãos dos criminosos. Disse apenas que ele e Bosco precisavam de um tempo para se recuperar. Suas publicações nas mídias sociais, no entanto, continuam incentivando outros tutores a procurar pelos animais furtados.

A polícia diz que não há números oficiais sobre o furto de animais, mas os detetives e a mídia local dizem que os ladrões estão aderindo cada vez mais à prática. O terrível negócio de roubar animais de estimação parece estar em expansão.

Mais de 52 milhões de cães são tutelados no Brasil, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), excedendo o número de crianças menores de 14 anos de idade na maior economia da América Latina.

Cerca de uma em cada quatro famílias tutela pelo menos um cão no País, em comparação com cerca de uma em cada três famílias nos Estados Unidos, de acordo com grupo Pet Brasil.

cachorros
Pequinês, Pug e Spitz Alemão são as raças que estão na mira dos ladrões. Foto: tudosobrecachorro.com.br

Tutores de animais estão sendo orientados por grupos de direitos animais e veterinários a não deixar os animais presos do lado de fora de lojas, além de recomendar que os passeios ocorram apenas em locais públicos e movimentados.

Raças como Spitz Alemão, Pug e Pequinês estão entre as preferidas dos ladrões por serem fáceis de transportar, sem muita luta por parte dos caninos. Essas raças também são as mais bem pagas pelo mercado negro.

A maior parte dos roubos ocorre nas ruas, sem violência, de acordo com informações disponibilizadas pelo detetive Rocha ao Daily Mail.

A empresa privada Sistemas Marq irá lançar em abril um sistema de posicionamento global (GPS), semelhante ao de celulares, que será anexado à coleira dos animais e irá informar os tutores através de seus smartphones sobre o paradeiro do animal.

“Nós percebemos os tutores precisavam de uma maneira confiável de localizar os seus animais”, disse Daniel Rosenfeld, um dos sócios fundadores da Sistemas Marq.


Vídeo mostra ladrões furtando Bosco: no minuto 1:06, um rapaz de boné começa a desamarrar a coleiras do cachorro. Uma comparsa fica de prontidão na entrada do supermercado para ver se o tutor do animal aparece. Vídeo vinculado em 2015 pela Veja SP.

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