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5.º Campeonato Mundial de Tiro ao Pombo será responsável pela morte de cerca de 20 mil animais

2 de maio de 2011
3 min. de leitura
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(da Redação, com colaboração da assessoria de imprensa da Animal)

O tiro ao pombo também alimenta o comércio de armas e a banalização da vida. Foto: Reprodução blog Afamaran

O “tiro aos pombos”, também conhecido como “tiro ao voo”, é uma modalidade supostamente “desportiva” de tiro ao alvo, mas com alvos vivos – pombos. Pode parecer incrível, mas o tiro aos pombos – atividade proibida em toda a União Europeia (exceto na Espanha e Andorra) – é, em Portugal, uma modalidade de tiro reconhecida, regulada e promovida pela Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça, que gere também outras modalidades de tiro ao alvo, algumas até olímpicas, e que promove várias provas de tiro aos pombos por todo o país.

No tiro aos pombos a espécie de pombo usada é o pombo zurita, uma espécie particularmente apreciada para esta modalidade pelo fato destes pombos serem menores do que os pombos comuns, o que constitui um especial desafio à habilidade dos atiradores. Criados em cativeiro às centenas de milhares na Espanha, estes pombos são importados para Portugal para serem usados como alvos em provas de tiro.

Depois de uma prolongada viagem até o campo de tiro – durante a qual não comem nem bebem –, os pombos chegam já cansados, debilitados e encontram-se sob grande stress, pelo fato de repentinamente terem sido retirados da sua vida normal (pombais de criação) e trazidos em situação de alto estresse.

Nos campos de tiro, são mantidos em gaiolas, novamente sem alimentação e água, até serem utilizados nas provas. Antes de serem colocados nas caixas de onde serão soltos para se transformarem em alvos a abater, são-lhes arrancadas as penas da cauda – as guias, que usam para orientar o seu voo –, o que, cumulativamente com o stress e o cansaço, lhes provoca sofrimento físico. O objetivo desta dolorosa mutilação é fazer com que os pombos tenham um voo irregular, de modo a que seja mais difícil para os atiradores fazerem um tiro certeiro. À voz do atirador, a caixa abre-se e o pombo tem a oportunidade de tentar fugir, embora cansado, debilitado e mutilado, não conseguindo sequer dirigir o seu voo adequadamente. Uma grande parte dos pombos é assassinada, embora seja comum não morrerem imediatamente, caindo feridos no campo de tiro e agonizando durante horas, até ao momento em que assistentes do campo os vêm apanhar e lhes quebrar o pescoço, o que aumenta ainda mais a dor que experienciam em todo este processo, que culmina numa morte extraordinariamente traumática. Os pombos que caem moribundos fora do campo de tiro ficam sujeitos aos predadores e, muitas vezes, à crueldade de humanos, que se divertem em torturá-los. Os poucos pombos que conseguem voar sem ser mortos têm poucas possibilidades de sobrevivência – debilitados e sem as penas que lhes permitem dirigir o seu voo, são animais diminuídos nas suas faculdades, e que, além do mais, estão num ambiente que lhes é estranho e onde dificilmente se conseguem integrar.

Segundo, Rita Silva, Presidente da ANIMAL, “Apesar de haver uma forma de substituir perfeitamente o uso de pombos ou outros alvos vivos na modalidade de “tiro ao voo”, que são as hélices mecânicas (concebidas especificamente para terem um peso igualmente leve e um voo irregular e imprevisível, como o dos pombos), a verdade é que, em Portugal, um grupo de cerca de cem atiradores com alto poder econômico e com predileção por esportes crueis, tem-se empenhado em manter esta prática hedionda, que firmemente voltamos a combater”.

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