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Ativista agredida em Pomerode recupera-se de agressão e fala sobre o caso

1 de maio de 2010
3 min. de leitura
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Aos 58 anos, Bárbara Lebrecht é uma liderança em defesa da causa animal. Ex-presidente da Associação de Proteção aos Animais de Blumenau, ela recupera-se de uma cirurgia no fêmur, fraturado dia 18 abril, quando foi agredida, junto de outros manifestantes contrários à puxada de cavalos, por adeptos da competição. Em entrevista ao Jornal de Santa Catarina, ela fala do desfecho que espera para o caso.

Jornal de Santa Catarina – Como está sendo a recuperação pós-cirurgia?

Bárbara Lebrecht – Estou em repouso, recuperando-me da cirurgia que exigiu a colocação de três parafusos na cabeça do fêmur. Houve também rompimento de artérias na hora da fuga e ficarei quatro meses sem apoiar o pé esquerdo no chão. Resultado da violência com que fui arremessada ao chão por um dos organizadores da competição.

Jornal SC – Algumas pessoas disseram que os defensores dos animais não deveriam ter protestado, pois não eram bem-vindos ao local da competição. Qual sua resposta para isso?

Bárbara – Quem pratica irregularidades não poderia estar gostando de nossa presença. Nossa manifestação foi silenciosa. Estávamos com as bocas vedadas para não retrucar os xingamentos.

Jornal SC – Passadas três semanas das agressões, como você avalia a repercussão sobre o caso?

Bárbara – Se a puxada tivesse sido um sucesso, o que não o foi, porque resultou em tentativa de assassinato, a prefeitura teria assumido a parceria com o evento. Mas, num gesto de tirar o corpo fora, o poder público distorceu os fatos ao afirmar que está dando apoio às pessoas agredidas. Ignorantes que não conhecem nossos combates contra crueldades afirmam que a puxada é um mal menor diante dos rodeios e matadouros. Por outro lado, recebemos muitas manifestações de apoio.

Jornal SC – O que você sentiu na hora da agressão?

Bárbara – Em minha mente só vinha a imagem dos cavalos subindo a rampa para a tortura a qual seriam submetidos. Cabisbaixos, suados e com sede. Por um instante, estávamos no mesmo patamar, vítimas de algozes em fúria. Não senti dor na hora, somente a injúria a que estava sendo submetida.

Jornal SC – Veterinários ouvidos pelo Jornal argumentam que as raças de cavalos usadas na competição suportam puxar peso. Qual sua opinião?

Bárbara – A opinião de alguns veterinários não teve suficiente embasamento técnico. Os animais deveriam ter sido analisados antes, durante e após o evento, para se ter um quadro real do estado físico.

Jornal SC –  O que mais a impressionou na puxada?

Bárbara – Não estivemos no local da puxada, só na rua em frente. Mas já havíamos analisado filmagens de eventos anteriores que evidenciam a crueldade contra os animais. Não se faz necessário um diploma para que o sofrimento de um ser vivo seja percebido. Basta ter coração.

Jornal SC – O que espera das investigações?

Bárbara – Que elas sejam feitas com justiça e sem pré-julgamentos. A verdade deverá ser vencedora.



Entenda o caso

A prefeitura de Pomerode incluiu a puxada de cavalos no calendário de eventos, elaborado pela Secretaria de Turismo. Em reportagem publicada pelo Jornal de Santa Catarina no dia 15 de abril, o município alegou que a iniciativa serve apenas para evitar que eventos ocorram no mesmo dia, e garantiu não apoiar a competição

No dia 18 de abril, durante a puxada de cavalos, no Clube Germano Tiedt, associações de defesa animal organizaram um protesto. Manifestantes e jornalistas foram agredidos. Pelo menos duas pessoas tiveram ferimentos graves.

A Polícia Civil abriu inquérito para investir o episódio. Pessoas agredidas acionaram a Justiça contra o Clube do Cavalo, que atribuiu ao público a ação violenta.

Em 20 de abril, a Associação Visite Pomerode, que reúne empresários do setor turístico, solicitou à prefeitura que interceda para suspender a puxada de cavalos até que haja uma discussão sobre o tratamento dado aos animais. As empresas temem prejuízos à imagem do município e ao turismo anterior lista.


Fonte: Jornal de Santa Catarina

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