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Zoológicos para quê?

1 de fevereiro de 2012
3 min. de leitura
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No sábado passado, 28 de janeiro, a Folhinha de São Paulo, um encarte semanal para o público jovem do jornal Folha de São Paulo, lançou uma polêmica sobre a existência dos zoológicos, da qual vale a pena participar.

Existe crueldade nos zoológicos? Dias atrás, milhares de pessoas desfilaram por ruas das mais importantes cidades brasileiras, e algumas norte-americanas, denunciando a crueldade praticada contra os animais. CRUELDADE NUNCA MAIS, que é o símbolo da luta, não deve restringir-se aos animais domésticos ou domesticados e evidentemente torturados por humanos, como cachorros, gatos, cavalos, bois. A poucas centenas de metros de nós, em muitas cidades brasileiras, existe um zoológico ou um parque municipal que funciona como zoológico. Ali a crueldade é praticada abertamente, contra centenas de animais, a maioria animais selvagens, que vive lá confinada para ser exibida ao público, como um lazer e divertimento.

Isso não acontece só no Brasil, se repete em todo mundo, incluindo os países mais desenvolvidos. No nosso Santuário de Grandes Primatas e Felinos de Sorocaba, temos as provas viventes do que falamos. A crueldade praticada em zoológicos tem nome próprio no Santuário, já que dezenas de seres – especialmente primatas – foram destruídos mentalmente em poucos anos de estadia nestes centros, que alegam educar o povo e proteger as espécies ameaçadas.

Caco, do Zoológico de Sorocaba; Pongo, do Zoológico de Belo Horizonte; Charles, do Zoológico de Ribeirão Preto; Lilico, do Zoológico de Bauru; Francis, do Zoológico da Bolívia e E.U.A.; Bongo, do Zoológico de Portugal; Junior, do Zoológico de Brasília; Simon e Rakker, do Zoológico de Amsterdan (Holanda); Peter, Judy e Tatá, do Zoológico Paraíso Perdido, de Fortaleza; July, do Zoológico de Piracicaba; Jimmy, do Zoológico de Niterói. São 14 chimpanzés perturbados mentalmente pelo assédio do público e espaço reduzido em que viveram. Estão hoje conosco e tentamos mitigar os males que lhes foram criados em todos esses zoológicos, que nunca deveriam ter existido por conta do mal que iam causar entre os maiores primatas do Planeta.

Todos esses chimpanzés possivelmente estariam mortos prematuramente se tivessem continuado nessas instituições, como muitos de seus companheiros, que não tiveram a mesma sorte e faleceram inexplicavelmente jovens.

E não é só os grandes primatas que sofrem, adoecem e morrem prematuramente em zoológicos. Se essas instituições fossem transparentes, deveriam abrir seus livros que relatam as disfunções, para que se conheçam as causas e o número de mortes que acontecem diariamente.

Mais de vinte anos atrás, me lembro, antes do Ibama existir e a posse de animais selvagens não ter uma legislação clara, eu tinha vários macacos em meu quintal. Um macaco barrigudo adoeceu e o levei ao consultório particular do veterinário chefe do Zoológico de São Paulo, Dr. Faisal, que depois chegou a ser o Diretor, até um dia injustamente ser exonerado. Conversando com ele, lhe manifestei minha intenção de doar os macacos que tinha comigo para o Zoológico de São Paulo. Para minha surpresa, ele me respondeu: “Você quer que eles morram?”

Como centro de entretenimento, lazer e educação ambiental, os zoológicos não precisam existir. Existem muitas formas de divertimento, o que não justifica o uso de animais com esse fim, pois eles pagam com suas vidas prematuras um falso lazer que o povo desfruta.

Existem mais de cinco milhões de animais selvagens aprisionados em zoológicos no mundo todo. Mais de um milhão morrem anualmente, já que não resistem à crueldade do ambiente em que vivem prisioneiros.

Os animais selvagens têm direito de viver em liberdade, não existe nenhuma justificativa –nem essa, estapafúrdia, do Diretor do Zoológico de Sorocaba, de que os “animais no Zoológico são como embaixadores da natureza” – para mantê-los prisioneiros, em pequenos cubículos, jaulas ou ilhas, para serem exibidos ao público.

Se desejamos que os ANIMAIS NUNCA MAIS SOFRAM CRUELDADE, devemos começar por erradicar os zoológicos como eles existem hoje, para divertimento e lazer da população. É uma mesquinharia da raça humana sacrificar milhões de vidas inocentes para agradar seus iguais.

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