Fátima ChuEcco/Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Não há engano na foto que abre essa matéria. Os gatinhos estão mesmo em um hotel de luxo, só que em Paris, onde circulam livremente, inclusive, nas partes internas. Eles transformaram o empreendimento num dos “queridinhos” dos turistas na capital francesa. Agora já pensou que pesadelo seria passar as férias num hotel em local paradisíaco, mas encontrar um monte de gatos famintos em meio a tanta fartura? Pois foi o que a protetora e leitora da ANDA, Yryna Mariama, do Rio, vivenciou no Hotel Iberostar Praia do Forte, na Grande Salvador, Bahia: “O que vi foi de cortar o coração. E percebi que outros hóspedes também já reclamaram da presença de gatos esfomeados e feridos ao redor da piscina e áreas onde pedem comida aos visitantes”, conta.

Yrina tentou checar a situação com a gerência do hotel: “Eles disseram que contrataram dedetizadora para capturar e castrar os gatos para depois colocá-los para adoção, mas não dizem onde eles estão e, além disso, o certo seria contratar uma ONG que atua com controle de animais de rua para lidar com a situação e não uma dedetizadora”.

Em matéria publicada na ANDA em 2015, a dedetizadora Loremi, de SP, foi denunciada por oferecer serviço de controle de gatos. Tanto o Ibama quanto o CCZ de SP alegaram, na ocasião, que empresas controladoras de pragas, ou seja, de insetos, vetores e roedores, não possuem autorização para capturar gatos – atividade que exige técnica e cuidados especiais para não maltratar e nem prejudicar a saúde dos felinos. Para começar, o próprio veículo usado por dedetizadoras, lotado de venenos fatais, já seria um perigo para os gatos mas, de qualquer forma, gato não é vetor nem praga, por isso não pode ser capturado por dedetizadoras.

Em busca de respostas sobre o destino dos gatos do Iberostar, Yrina enviou carta ao Ministério Público da Bahia que ficou de verificar a situação. Ela diz que há confusão nas informações. Enquanto alguns funcionários e/ou executivos do hotel afirmam para ela que os gatos estão sendo capturados, castrados e devolvidos para os arredores do hotel, outros alegam que uma dedetizadora é que está fazendo a captura e cuidando da adoção deles.

Segundo Yrina, que tem se aprofundado no caso, vários hóspedes comentam da cena dramática que é ver os gatos em péssimo estado, extremamente magros e, certamente, feridos porque estão tendo que brigar por restos de comida. Um contraste bastante indigesto já que se trata de um hotel com fartura de comida e que, embora não tenha nenhuma obrigação de cuidar dos gatos, teria que, ao menos, permitir que protetores o façam ou contratar empresa idônea para aplicar o controle por CED – Captura, Esterilização e Devolução como é feito em muitos países com sucesso.

Esse método é o mais indicado porque estabiliza a colônia ao mesmo tempo que garante a saúde dos animais. Quando se elimina uma colônia de gatos de forma abrupta, outra colônia rapidamente se forma no local e o problema nunca acaba. Mas quando se cuida da colônia já existente, novos gatos deixam de aparecer e há o controle de natalidade e de doenças.

Exemplos inspiradores

O resort Aquaville, no Ceará, menciona logo na primeira página de seu site, que cuida dos gatos dos arredores do hotel e que, inclusive, eles representam uma atração à parte para as crianças. Mas o Le Bristol Paris, um dos hotéis mais caros da França, foi ainda mais longe. Tudo começou com o gatinho Fa-Raon que, por alguma razão, começou a frequentar o hotel e chamou a atenção de hóspedes e funcionários. Como se tratava de um gato persa legítimo podia estar perdido, mas como ninguém reclamou por ele foi acolhido pela gerência e acabou se tornando atração do local. Sua história foi parar em revistas e jornais atraindo ainda mais turistas.

Logo arranjaram uma “noiva” para ele, a Kléopatre. Hoje o site do hotel tem páginas exclusivamente dedicadas aos “residentes” felinos com belas fotos e comentários bem-humorados. Segundo o site, Fa-Raon detesta entrevistas e fotos, mas a “doce Kléopatre pode fazê-lo mudar de ideia” para atender jornalistas ou hóspedes que adoram gatos. Para saber mais acesse site.

Esta matéria foi motivada por leitora da ANDA. Você também pode enviar denúncias, sugestões ou contar casos inspiradores mencionando nome completo, Estado/Cidade, dando o máximo de detalhes, formas de contato e, se possível, fotos. Participe!

*É permitida a reprodução total ou parcial desta matéria desde que citada a fonte ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais com o link. Assim você valoriza o trabalho da equipe ANDA formada por jornalistas e profissionais de diversas áreas engajados na causa animal e contribui para um mundo melhor e mais justo.