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Mais de 8.000 aves marinhas morrem de inanição no Alasca

21 de janeiro de 2016
4 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: NY Times
Foto: NY Times

David Irons, um biólogo aposentado do Serviço de Vida Selvagem do Alasca e da Califórnia, teve uma surpresa quando foi checar o barco de um amigo em Whittier, no Alasca: ele viu à distância um punhado de bolhas brancas que pareciam flocos de neve ao longo da praia. Infelizmente, não se tratava de neve – eram cerca de 8.000 pássaros em estado de inanição, mortos e vivos, da espécie “common murre”. As informações são da Care2.

Esse foi mais um golpe devastador às aves marinhas cujas populações vêm declinando: o mundo perdeu 230 milhões desses animais – cerca de 70% do total, nas últimas décadas.

As aves estão morrendo de fome

Essa mortandade em massa junta-se à história das lontras marinhas do Alasca, noticiada há poucos meses atrás. Claramente, há algo de errado na última fronteira e a vida selvagem está pagando por isso.

Conforme reportado pelo Associated Press, à primeira vista, parecia que os murres foram parar na praia “após aparentemente terem morrido de fome”. Essas aves não são grandes voadoras, mas são exímias nadadoras e mergulhadoras (algumas vezes mergulham até 180 metros para capturar peixes). Toda essa ação requer muita energia – elas chegam a consumir de 10 a 30 por cento de sua massa corporal todos os dias – e os cientistas acreditam que não tem havido alimentos suficientes para manter esse processo.

Falta de alimento

Segundo a reportagem, é um tanto complicado responder por que os peixes, que são o principal alimento desses animais, teriam desaparecido.

Há duas fortes possibilidades que recaem no tema “mudanças de ecossistemas”:

1. Aquecimento global ou padrões do “EL Nino” podem ter impactado potencialmente as fontes de alimentos das aves. Uma vez que a temperatura atinge determinado ponto, muitos peixes migram de local ou morrem.

2. Duras tempestades de inverno podem dificultar o acesso

Esse não foi o primeiro caso de quantidade de mortes expressivas de murres, mas o número esmagador em uma só localidade chocou os cientistas. Dessa vez, foi uma situação particular em vários sentidos. De acordo com Kathy Kuletz, bióloga do Serviço de Vida Selvagem, “os curtos intervalos de tempo em que temos visto aves mortas e o escopo geográfico são muito mais significativos que nunca nesses eventos de mortandades massivas. Há também outros exemplos dos pássaros agindo de maneira diferente; por exemplo, eles se movem para perto da praia e começam a competir com leões marinhos por alimento”.

É como se as aves estivessem mostrando para nós há um bom tempo que há algo de errado com o ecossistema. Infelizmente, autoridades de vida selvagem não rastreiam a quantidade de peixes disponíveis no Alasca, diz Irons, “e então quando eles se vão, ninguém tem qualquer informação, exceto as aves que nos mostram que isso aconteceu”. Mas, quando isso finalmente acontece, elas estão mortas – já é tarde.

A bióloga acredita que a atitude de monitorar as fontes de alimento seria uma solução para evitar que mais tragédias desta magnitude aconteçam.

No entanto, a questão parece ser muito mais complexa. Biólogos como John Piatt, um biólogo pesquisador do Centro de Pesquisa Geológica do Alasca, teme que o caso esteja conectado a padrões de aquecimento global. A chamada “Pacific Blob”, uma massa de água quente do Pacífico Norte, ainda está atuando. E as previsões são de que os efeitos do El Niño, que já é tido como uma corrente de aquecimento natural do Pacífico Central, serão extremos em 2016.

Mudança urgente de hábitos

Embora seja preciso conhecer o que causou essas mortes para que se possa prevenir outras “no futuro”, a observação dos fatos deixa claro que elas têm a ver com as consequências das ações humanas abrangentes e nocivas que só vêm se intensificando nos últimos séculos e ocorrem em escala mundial: a destruição contumaz do meio ambiente para a industrialização e a urbanização – que se dá à base do desmatamento, destruição de habitats, queima excessiva de combustíveis fósseis e geração de lixo, e a pecuária – com todos os seus efeitos devastadores sobre o meio e a demanda expressiva de água. Tudo isso, ainda, em meio ao aumento das populações humanas em um mundo com cada vez menos recursos naturais.

Diante desse quadro, é um tanto difícil se manter uma perspectiva otimista, porém não há outra alternativa a não ser a mudança de hábitos urgente que se impõe a cada indivíduo no dia a dia. Deixar de consumir carne, além de ser fundamental enquanto respeito aos direitos animais, é uma das atitudes mais importantes no sentido de reverter este cenário – uma postura que poupa não só a vida dos animais não humanos como literalmente pode vir a salvar a nossa própria vida.

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