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Conheça produtos naturais que estão prejudicando os animais e o planeta

O consumo puramente ético é um ideal que muitos de nós estamos tentando alcançar,O consumo puramente ético é um ideal que muitos de nós estamos tentando alcançar,O consumo puramente ético é um ideal que muitos de nós estamos tentando alcançar

3 de abril de 2021
Redação | Gabriela AlvesRedação | Gabriela AlvesRedação | Gabriela Alves
8 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Pixabay

Determinar quais produtos e alimentos são “bons” e quais não são nem sempre é simples. Muitos produtos aparentemente bons estão secretamente prejudicando nossos amigos animais e o meio-ambiente mais do que a maioria das pessoas está ciente. Aqui estão alguns deles:

Azeite de dendê ou óleo de palma

O vídeo de um orangotango escalando uma árvore através do mato, tentando escapar de um guindaste de corte raso (guindaste florestal), demonstra a realidade de partir o coração da produção do azeite de dendê.  O azeite de dendê ou óleo de palma é encontrado em muitas comidas, de manteiga de amendoim a massa de pizza, assim como em produtos de beleza e de uso doméstico, de batons a detergentes. Infelizmente, o azeite de dendê é um secreto matador de orangotangos e de outros animais, assim como uma das principais causas do desmatamento ao redor do mundo. O óleo de palma em sua “forma bruta”, vindo diretamente do fruto do dendezeiro que é encontrado no continente africano e no Sudeste Asiático é, de fato, vegano. Contudo, o processo de produção do azeite de dendê  destrói o meio natural de muitos animais e ecossistemas.

Um estudo de 2018 descobriu que mais de 100.000 orangotangos desapareceram de Bornéu ao longo de um período de 16 anos. Um dado impressionante para ajudar a visualizar. Os orangotangos não são os únicos animais que sofrem com a produção de óleo de palma; macacos, rinocerontes, tigres, leopardos, elefantes e ursos também estão sofrendo. A perda de habitat é catastrófica e os ecossistemas onde esses animais vivem estão diminuindo rapidamente. Além disso, o desmatamento causado pelo óleo de palma libera milhares de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Além da degradação do meio-ambiente, a produção do azeite de dendê também leva a violações dos direitos humanos.  A indústria do óleo de palma foi considerada culpada de vários abusos de direitos humanos, incluindo o uso de trabalho infantil, saque de vilas e abuso de trabalhadores nas plantações.

A classificação feita pela Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (em inglês, RSPO) teve como objetivo destacar práticas sustentáveis na área de produção de óleo de palma, mas muitos acreditam que a RSPO não foi longe o suficiente para limitar o desmatamento, junto com os danos humanos e animais. Há pessoas céticas em relação a como essa iniciativa disciplina as empresas que não seguem os padrões. Recentemente, o Greenpeace até divulgou um relatório, Burning down the house, revelando que as empresas que são membros da Mesa Redonda sobre o Óleo de Palma Sustentável (RSPO) adquiriram seu óleo de palma de produtores que estão vinculados aos incêndios na Indonésia.

O Certified Sustainable Palm Oil (CSPO) é outro modelo de certificação um pouco mais completo, mas não é uma iniciativa estabelecida nem muito conhecida. É a união da iniciativa do Indonesian Sustainable Palm Oil (ISPO) e do programa de certificação Malaysian Sustainable Pail Oil (MSPO). O CSPO Watch fornece vários recursos para descobrir informações adicionais sobre a produção mais ética do óleo de palma.

Evitar o azeite de dendê  é extremamente difícil, considerando o quão onipresente ele é e quantos nomes o óleo esconde. Portanto, também precisamos nos concentrar em pressionar as empresas a pararem de usar óleo de palma e, em vez disso, investirem em alternativas sustentáveis.

Abacate

Os abacates são um alimento vegano muito amado. Infelizmente, eles estão ligados a vários problemas de produção em termos de seu impacto sobre os animais, os seres humanos e o meio ambiente. A própria safra pode ser uma fonte de violência, de abusos dos direitos humanos e atividades de cartéis no México. Conforme o cenário político mudou no México nos últimos 20 anos, o negócio de cartéis cresceu, “se fragmentando” de vários grandes cartéis em dezenas de cartéis menores. A indústria mexicana de cartéis deixou de se concentrar nas exportações de drogas para se concentrar também nas safras e, principalmente, no crescente mercado internacional de abacate. Muitos produtores de abacate têm sido espancados, ameaçados, e até  mortos por membros de cartéis que extorquem dinheiro deles em troca de “proteção”. Além disso, ao focar na categorização do abacate como um alimento vegano, existem alguns problemas em relação ao envolvimento das abelhas.

A prática de “apicultura migratória” é uma prática comum nas principais operações agrícolas e pode ser problemática para alguns veganos. Os agricultores realocam e movem as abelhas para polinizar suas várias plantações. As abelhas realocadas são movidas de fazenda em fazenda e de estado em estado, polinizando e contribuindo para a produção de muitas culturas diferentes. Categorizar essas plantações como veganas pode ser arriscado, já que muitos argumentam que a realocação das abelhas leva ao esforço excessivo e à exploração dos insetos. Na medida em que, alguns argumentam que o consumo de abacates, amêndoas, butternut (ou noz branca) e outras safras não é verdadeiramente vegano.

Além disso, outros argumentam que isso depende de sua “lógica ética” e até onde um vegano autoproclamado irá para viver um estilo de vida completamente ético, por exemplo, sem prejudicar nenhuma criatura viva. Como muitas outras escolhas éticas e de dieta, é aconselhável explorar todas as opções e obter todas as informações disponíveis para tomar a melhor decisão para você. Existem dezenas de outras culturas que utilizam medidas de apicultura para seu cultivo e produção. Se fossemos excluir todas as culturas e alimentos onde a apicultura, migratória ou não, é usada, estaríamos limitando nosso consumo de muitas frutas, vegetais e grãos. Para ajudar a salvar as abelhas, tente eliminar o mel da sua dieta (existem ótimas alternativas veganas!), plante jardins adequados para abelhas, compre produtos orgânicos, não use pesticidas, e assine essa petição para dizer à UE para manter a proibição dos neonicotinoides.

Agave

O doce xarope de agave é um substituto procurado para o mel. Veganos em todo o mundo estão tentando salvar as abelhas boicotando o mel, mas substituir o mel pelo agave pode prejudicar outro animal: o morcego.

O agave, e mais especificamente, o seu néctar, é uma fonte comum de alimento para morcegos. A NPR lançou uma matéria em 2017 que destacava o prejuízo que a produção de tequila estava tendo sobre a população de morcegos. Mike Daulton, o Diretor Executivo da Bat Conservation International, falou com a NPR sobre como morcegos e tequila estão “intimamente ligados”. Infelizmente, devido à grande quantidade de caules de agave necessária para atender à demanda, os agricultores frequentemente cortam e clonam plantas de agave, em vez de permitir que se reproduzam naturalmente por meio da polinização. Por isso impedir que essas plantas suculentas floresçam, os morcegos não têm nenhum xarope para consumir. A íntima conexão entre esses polinizadores vitais e o agave significa que o “cultivo industrial do agave afeta negativamente as plantas e os morcegos.” Apenas na última década, a população do morcego mexicano de nariz comprido diminuiu mais de 50%. A Bat Conservation International prometeu plantar mais de 100.000 agaves para restaurar as populações de morcegos nos “corredores migratórios” entre o México e o sudoeste dos EUA.

Outras fontes acreditam que o agave é vegano e esquecem de mencionar o seu impacto sobre os morcegos. Semelhante à produção de óleo de palma e abacate, é melhor saber o que ocorre na produção de agave para entender sua legitimidade como fonte de alimento vegano. Para ajudar a salvar esses morcegos, certifique-se de só comprar tequila que seja certificada como amigável aos morcegos.

Cocos

O processo de obtenção do coco de muitos distribuidores não é ético, degrada o ambiente de onde eles vêm e, como alguns dos outros itens mencionados acima, a obtenção dele prejudica os animais. Em 2015, a NPR escreveu um artigo sobre produtos com coco e suas práticas de obtenção. O artigo enfatizou a noção de que, se você consumir produtos de coco vindos da Tailândia, é mais provável que estejam explorando macacos no processo. Outros países se juntam à Tailândia no treinamento de macacos para o trabalho, incluindo o Sri Lanka, a Malásia e a Índia.

No final de 2020, a PETA divulgou um relatório informando que os macacos ainda eram usados como mão de obra na indústria de produção de coco. A investigação revelou que esses pobres animais foram retirados de suas famílias e casas quando filhotes para serem mantidos acorrentados ou numa gaiola pela maior parte de suas vidas. Nas fazendas, locais de treinamento e competições, sofreram abusos físicos, além de serem forçados a trepar em árvores para a colheita de coco.

O National Geographic recentemente lançou um artigo afirmando que macacos ainda estão sendo usados, apesar de ter sido colocada pressão sobre empresas, vendedores de varejo, e o governo tailandês para proibir o uso de trabalho de macacos para coletar cocos. Alguns varejistas abandonaram marcas, notavelmente a Chaokoh, que ainda usa o trabalho de macacos, mas o Walmart e Kroger ainda vendem produtos da Chaokoh. O NatGeo também observou que uma investigação internacional da Chaokoh não encontrou evidência do trabalho de macacos e que as leis tailandesas de bem-estar de animais não se aplicam a animais selvagens, e os macacos de nariz comprido usados para a coleta de cocos são considerados “selvagens”.

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