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TRÁFICOTRÁFICOTRÁFICO

Confinamento de animais selvagens catalisou a pandemia

Medos de que o acúmulo de gangues apostando em extinções pode ter sido exacerbado por recentes fechamentos de fronteiras,Medos de que o acúmulo de gangues apostando em extinções pode ter sido exacerbado por recentes fechamentos de fronteiras,Medos de que o acúmulo de gangues apostando em extinções pode ter sido exacerbado por recentes fechamentos de fronteiras

9 de março de 2021
Gabriela Alves | Redação ANDAGabriela Alves | Redação ANDAGabriela Alves | Redação ANDA
8 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Google Imagens

Especialistas da vida selvagem temem que o confinamento de espécies selvagens aumentará durante a pandemia nas fronteiras chinesas e vietnamitas, à medida que gangues criminosas exploram as vulnerabilidades atuais.

Apesar das consequências mortais do tráfico da vida selvagem – caçadores e outros atores-chave nesse negócio lucrativo estão apostando ativamente na extinção de espécies para aumentar o valor do estoque de partes de seus corpos.

O The Independent está trabalhando com instituições de caridade de conservação, incluindo a Space for Giants e a Freeland, para proteger a vida selvagem em risco devido à crise de financiamento da conservação, causada pela Covid-19.

Enquanto países do sudeste asiático e a China lutam para frear o comércio de animais selvagens, o The Independent tem trabalhado com nossos parceiros para conseguir mais informações sobre o negócio ilegal, sua história e seu fututo.

Mesmo que ainda não seja possível determinar o impacto que a pandemia teve em tendências da vida selvagem, dizem que grandes quantidades de escamas de pangolim estão atualmente estocadas no Vietnã, enquanto o empilhamento de marfim bruto está ocorrendo também no Laos e no Camboja, de acordo com o relatório de 2020 da comissão de justiça de vida selvagem.

Pelo fim do tráfico de animais

Estamos trabalhando com as instituições de caridade de conservação Space for Giants e Freeland para proteger a vida selvagem em risco dos caçadores ilegais, devido à crise de financiamento de conservação causada pela Covid-19. Ajuda é necessária desesperadamente para apoiar guardas-florestais de vida selvagem, comunidades locais e o pessoal da aplicação das leis para prevenir crimes relacionados à vida selvagem. Doe para ajudar a campanha “Pare o comércio da vida selvagem AQUI

O problema da acumulação também tem sido exacerbado por recentes fechamentos de fronteiras e o consequente aumento de segurança fronteiriça, tornando difícil o comércio e os locais fixos de comércio, o relatório adicionou.

“É importante ter em mente que o problema da estocagem começou muito antes do vírus chegar”, disse o fundador da Freeland, Steve Galster, que tem décadas de experiência planejando e participando de investigações e programas de remediação para parar os tráficos humano e de vida selvagem.

Apesar dos esforços da sua instituição de caridade, o Sr. Galster ainda acredita que muitas pessoas presumem que animais selvagens caçados estão indo direto para o mercado como troféus, alimento e medicamentos, “mas, na realidade, algumas carcaças – como as de rinocerontes, elefantes, gatos selvagens e pangolins – estão sendo armazenadas”.

Ele adicionou: Esses traficantes estão tratando esses animais como futuras commodities e apostando na extinção. As partes de seu corpo duráveis, incluindo chifres, presas, esqueletos e escamas, estão sendo armazenadas enquanto as populações diminuem e seus preços sobem.

“Eu estou preocupado que a estocagem e a especulação de chifres de rinocerontes, escamas de pangolins, presas de elefantes e esqueletos de gatos selvagens tenham aumentado durante a Covid, já que os traficantes olham para além da pandemia, para quando eles puderem vender e compensar suas perdas. Nós vimos evidências disso recentemente em fazendas tailandesas de tigres, onde grandes refrigeradores estavam armazenando carcaças de tigres”.

Nos nove primeiros meses de 2020, a China processou mais de 15.000 pessoas por crimes relacionados à vida selvagem, um aumento de 66% em relação ao mesmo período do ano anterior, disseram promotores públicos.

As restrições vieram conforme o país prometeu tomar ações robustas em relação ao comércio de vida selvagem em janeiro de 2020, após os primeiros casos do vírus terem sido ligados ao mercado de peixes na cidade central de Wuhan, que era conhecida por vender espécies de animais exóticos.

Em fevereiro, autoridades em Hong Kong apreenderam 8,2 toneladas de escamas de pangolim, um recorde para o território chinês, enquanto a alfândega chinesa interceptou 2.748 presas de elefantes, pesando 7,48 toneladas de marfim em seu continente.

Esse armazenamento ocorreu em outras partes da região: a remessa de escama de pangolim de 12,9 toneladas que foi interceptada em Cingapura em 3 de abril do ano passado foi a maior apreensão de um só transporte no mundo e no Vietnã, 9,12 toneladas também foram apreendidas em abril – todas sendo remessas de um único transporte.

Logo após o vírus se espalhar pela cidade de Wuhan, onde vivem mais de 11 milhões de pessoas, o Congresso Nacional do Povo (NPC) da China proibiu o consumo de animais selvagens como alimento.

Conforme relatado anteriormente pelo The Independent, o movimento foi seguido por planos de revisar a Lei de Proteção da Vida Selvagem chinesa, reformar a Lei de Prevenção de Epidemia Animal e introduzir a Lei de Biossegurança.

Há pouco mais de uma semana, oficiais revisitaram a lista e adicionaram 517 espécies ao grupo de animais selvagens protegidos – um total de 980 animais selvagens estão agora sob a proteção do Estado.

Aqueles que caçam e traficam os animais enfrentam multas e até sentenças de custódia para espécies protegidas “nível um”, animais criticamente ameaçados de extinção como o panda, pangolim e o boto-sem-barbatanas do rio Yangtzé.

Falando sobre esse novo regulamento, o sr. Galter disse: relatórios afirmando que consumir vida selvagem vai se tornar algo do passado estão, infelizmente, incorretos para muitas partes da China ainda, e o consumo certamente não foi cortado pela raiz.

“Nós temos, de fato, visto enormes carregamentos de escamas de pangolim sendo contrabandeadas às pressas para a China (ou tentativas de contrabandear para a China) da África através da Malásia após a China ter anunciado a restrição relacionada à Covid-19. Isso sugere que alguns traficantes têm a intenção de ignorar as restrições.

“Mas, para ser claro, o público chinês nunca experimentou uma repressão e restrições ao comércio e consumo de animais selvagens como esta antes.”

O transporte de bens pelo mar é provavelmente uma opção alternativa, visto que o transporte aéreo se torna impossível durante este período, afirma a Comissão de Justiça da Vida Selvagem.

Um exemplo disso é um caso em que autoridades malaias apreenderam um recorde de 6 toneladas de escamas de pangolins africanos em 31 de março, enquanto a Inteligência também relatou que marfim foi contrabandeado até a cidade Ho Chi Minh pelo mar, também no final de março.

John M. Sellar, um ex-chefe de fiscalização que lida com situações de combate ao contrabando, de fraude e crime organizado para a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres em Perigo de Extinção (CITES), disse que a legislação da China, historicamente, tendeu a conter uma série de isenções.

O sr. Sellar, que realizou também 234 missões a 66 países, avaliando a fiscalização no campo e projetando estratégias para enfrentar o tráfico de vida selvagem, acrescentou: “Embora o consumo, como alimento, possa ser proibido, ainda pode ser legal ou lícito usar animais ou partes de seus corpos para medicina tradicional, preparação de bebidas alcoólicas, uso de peles para decoração”.

“Em alguns casos, tal uso comercial pode depender dos animais serem reproduzidos em cativeiro. Um exemplo disso é a forma como os ursos são protegidos pelas leis da China, mas ainda é legal, pelo que eu sei, que pessoas operem “fazendas” de ursos licenciadas, onde os ursos são mantidos em cativeiro e “ordenhados”, retiram a sua bile; que é, posteriormente, usada para fins medicinais.

“Infelizmente, o fato de algo se tornar proibido não significa que a demanda desaparece. Na verdade, a proibição pode criar mercados clandestinos e aumentar preços e lucros. A proibição, apesar de bem intencionada, pode às vezes ser exatamente o que os criminosos desejam”.

O sr. Sellar disse que comerciantes que estão, no momento, vendendo seus bens em mercados domésticos legais na China podem escolher, após um banimento, entrar em mercados em outros países, onde o comércio pode continuar a ser legal.

Ele disse que a aplicação da China de suas leis e regulamentos tem, às vezes, sido alvo de “críticas consideráveis”, acrescentando: “Mesmo que haja uma vontade genuína de implementar e fazer cumprir novas leis, as autoridades enfrentarão, como sempre, os imensos desafios que vêm do vasto tamanho da nação, suas fronteiras porosas, enorme população, dificuldade para erradicar a tradição de consumo e considerável corrupção.”

Embora o sr. Galster concorde que banimentos podem criar e mudar mercados “clandestinos”, ele argumenta que podem eles funcionar se implementados internacionalmente. “Menos comerciantes e compradores estão dispostos a ir para a clandestinidade e correr o risco de serem pegos em face de proibições e fiscalização, o que significa que o volume de comércio diminui e isso significa menos animais traficados.

Ele adicionou: “Nós aprendemos que o crime relacionado à vida selvagem pode mudar de um país para outro quando um país melhora a fiscalização, enquanto leis fracas ou frouxas na fiscalização persistem em outro. Por exemplo, quando o Japão finalmente começou a aplicar leis contra o contrabando de marfim na década de 1990, vimos a mudança do comércio de marfim para a China. Quando o combate à caça furtiva melhorou na África do Sul nos últimos 3 anos, vimos traficantes se mudarem para outros países africanos para contrabandear seus “bens”.

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