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O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, anunciou a construção do AquaFoz, um aquário que vai aprisionar espécies de animais marinhos de água doce na cidade de Foz do Iguaçu para exibi-los ao público como se fossem objetos de entretenimento humano. O anúncio foi feito após reunião do governador com representantes do Grupo Cataratas, responsável pela obra.
O aquário será construído em uma área de 23 mil metros quadrados e receberá investimentos de R$ 100 milhões. A previsão é que as obras sejam finalizadas em 2023. O empreendimento ficará instalado na entrada do Parque Nacional do Iguaçu e terá tanques que, somados, terão um volume total de 3,8 milhões de litros de água.
Os animais marinhos aprisionados no local serão colocados na condição de objetos de entretenimento humano. Privados da vida em liberdade, eles viverão em tanques de água sem poder desfrutar da imensidão da natureza.
O secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes, afirmou ao portal XV Curitiba que “Foz é a âncora do turismo paranaense, um turismo de natureza que respeita e preserva o meio ambiente”. O mesmo discurso foi repetido pelo Grupo Cataratas, que afirmou que o AquaFoz será “um centro de conservação da biodiversidade” e realizará pesquisas.
Aquários, no entanto, não podem ser considerados centros de conservação, tampouco locais que preservam o meio ambiente e propagam um turismo sustentável. Isso porque conservar espécies para mantê-las aprisionadas em reduzidos tanques de água – que por maiores que possam ser ainda assim serão pequenos demais se comparados ao habitat desses animais – não é conservacionismo, mas sim antropocentrismo, já que o foco é o divertimento humano.
A ideia conservacionista se respalda na premissa de devolução do animal à natureza. Os aquários, por sua vez, muitas vezes fazem o caminho inverso: retiram animais marinhos do habitat para mantê-los trancafiados. E mesmo quando levam para os tanques animais nascidos em cativeiro, não fazem qualquer esforço para integrá-los à natureza, condenando-os a uma vida inteira de aprisionamento e estresse causado pela presença constante e barulhenta de visitantes.
Os animais – sejam silvestres ou marinhos, de água doce ou salgada – só devem viver em cativeiro caso não existam condições de mantê-los na natureza (como é o caso de animais resgatados em condição de debilidade que os impede de retornar ao habitat). Ainda assim, o lugar adequado para recebê-los são santuários – que devem ser criados pelos governos e por empresas e pessoas físicas realmente comprometidas com o conservacionismo, que tenham a intenção de realizar iniciativas visando única e exclusivamente o bem-estar animal, sem foco em lucro.
Os aquários, no entanto, não existem com esse propósito. O objetivo deles é o lucro, como também ocorre com os zoológicos. E se ainda existe alguma dúvida sobre isso, basta imaginar uma condição na qual os sócios desses estabelecimentos, por qualquer que seja a razão, parassem de ganhar dinheiro explorando animais para entretenimento. Se manteriam abertos? Zoológicos pelo mundo já deram a resposta fechando as portas quando os lucros não chegaram – muitas vezes, inclusive, matando os animais num ato que chamaram de sacrifício, mas que na verdade é assassinato.