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A secretária do Trabalho e Assistência Social do governo do Rio Grande do Sul, Regina Becker, marcou uma reunião para a próxima sexta-feira (5) para que seja discutido o fim da exploração de galgos em corridas no estado. O governador Eduardo Leite, o Movimento Galgo Livre BR e o Núcleo Bageense de Proteção Animal (NBPA) tiveram a participação confirmada no encontro.
Em setembro do ano passado, o Ministério Público de Bagé (RS) acolheu a denúncia do Instituto Sulamericano de Estudos e Defesa Animal (i-Seda) contra as corridas de galgos. Associada a maus-tratos com os animais, a prática passou a ser investigada.
Um mês antes, o anúncio da Prefeitura de Bagé, no Rio Grande do Sul, sobre a construção de um centro de eventos ao lado da pista de corrida do Parque do Gaúcho Dimas Costa, na qual criadores da raça forçam os animais a competir, gerou revolta entre defensores dos animais.
Nas redes sociais, a secretária de Cultura e Turismo de Bagé, Anacarla Oliveira, anunciou o início da obra, com inauguração realizada na última sexta-feira (14). Segundo ela, o centro de eventos “abrigará um importante espaço que proporcionará conforto, viabilizando ainda mais os eventos e atividades turísticas culturais e esportivas que lhe é peculiar”.
Moradores da cidade e defensores da causa animal discordam. Na opinião deles, explorar galgos em corridas não é cultura, tampouco esporte. “Um absurdo a prefeitura investir em exploração animal. Deveriam investir em políticas públicas favoráveis aos animais. Corridas de galgos não são cultura nem esporte, são crueldade e exploração de animais”, escreveu uma internauta em resposta à secretária.
Protetores de animais denunciam treinamentos exaustivos e anti-naturais, maus-tratos, uso de anabolizantes, abandono de galgos doentes e feridos e a realização de apostas clandestinas durante as corridas. Apesar de negarem maus-tratos, os criadores admitem realizar apostas.
Em entrevista ao jornal GaúchaZH, a presidente do Núcleo Bajeense de Proteção Animal, Patrícia Coradini, informou que 60 galgos foram resgatados em Bagé em 2020. Segundo ela, a maior parte dos cachorros foi encontrada com fraturas ou ferimentos causados pelas corridas. O uso intensivo de anabolizantes também levou ao resgate de cães com atrofia muscular.
“Aumentou demais nos últimos anos o número de galgos abandonados. Muitos criadores não têm dinheiro para o tratamento ou simplesmente largam o cachorro porque o animal não consegue mais correr. É comum a gente chegar segunda-feira e encontrar um cão com a pata quebrada na porta do núcleo”, contou Patrícia.
Em 2018, quase mil cachorros da raça galgo explorados em corridas morreram ou foram mortos no Reino Unido, segundo a Greyhound Board of Great Britain (GBGB), entidade reguladora desses eventos.
Muitos dos cães que foram mortos poderiam estar vivos se tivessem encontrado pessoas comprometidas em dar a eles uma chance. Isso porque boa parte dos quase mil cães mortos tiveram suas vidas tiradas devido “aos custos elevados dos tratamentos médicos” e por serem considerados inúteis para os treinadores e competidores, que não tinham mais como explorá-los.