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Cadela morta a tiros é carregada ensanguentada nos braços de tutor de 13 anos

16 de outubro de 2020
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Anderson Cardoso / Arquivo pessoal / GaúchaZH

Uma cadela foi morta a tiros em um mercado na cidade de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), na frente de seu tutor, um menino de 13 anos que, desesperado, carregou Belinha ensanguentada em seus braços e tentou salvar sua vida.

O proprietário do mercado efetuou os disparos porque se incomodou com a presença da cadela, que apenas esperava seu tutor em frente ao estabelecimento. Nelson Edison Martins Fagundes, de 42 anos, foi preso após o crime, mas conseguiu na Justiça o direito à liberdade provisória, em decisão proferida na quarta-feira (14) por um juiz plantonista.

O caso aconteceu durante o Dia das Crianças, na última segunda-feira (12). Na data em que o tutor de Belinha deveria estar feliz, brincando e se divertindo, o que lhe restou foi a dor de ver sua companheira morrer em seus braços.

O menino fazia compras no mercado a pedido de seus pais e a cadela o esperava do lado de fora, como de costume, quando os disparos foram feitos. Assustado, o garoto saiu do estabelecimento e encontrou Belinha baleada. Em seguida, ele pegou a cadela ensanguentada em seus braços e caminhou até a casa dos pais. Em meio às lágrimas, a criança pediu ajuda para a cadela, mas não houve tempo para salvá-la.

Vídeos feitos por vizinhos registraram o momento em que o garoto segurava Belinha no colo e clamava por sua vida. “Ô, Belinha, tá me ouvindo?”, dizia o menino, que ficou com o sangue da cadela em seus braços.

Moradores da região ficaram indignados com o crime, que foi classificado pelo delegado regional de Canoas, Mario Souza, como uma verdadeira barbárie. O empresário confessou ter atirado na cadela e justificou dizendo que queria apenas assustá-la.

Anderson Cardoso / Arquivo pessoal / GaúchaZH

“Quando as guarnições chegaram, havia várias pessoas, em um tumulto grande que se formou. O autor, em seguida, se apresentou. Ele entregou a arma, uma carabina de pressão. O indivíduo foi autuado em flagrante com base na lei de maus-tratos aos animais“, disse ao jornal GaúchaZH o capitão Renato Rafell de Brito Fell, subcomandante da corporação em Sapucaia do Sul.

O caso passou a integrar a Operação Arca da Polícia Civil, por meio da qual crimes contra maus-tratos a animais cometidos na região são investigados. A operação tem caráter permanente.

“O crime já é grave, e, nesse contexto, com a morte do animal e na frente da criança, chama ainda mais atenção e destaca mais a gravidade do crime. Não é algo a ser tratado como simples, certamente a criança terá um trauma devido a essa situação”, afirmou o delegado. “Isso é barbárie, o que não pode ser permitido. Vamos atuar com todo o rigor da lei”, completou. Caso seja condenado pela Justiça, Fagundes pode ser condenado a uma pena de 2 a 5 anos de prisão.

Oito anos de amizade

Desde 2012, Belinha e seu tutor eram inseparáveis. O menino adotou a cadela após encontrá-la abandonada na rua. Ela ainda era filhote quando passou a fazer parte da família e construiu um laço de amizade com a criança.

Juntos, eles brincavam na praça que hoje abriga o corpo de Belinha, enterrado no local. Com a ajuda de adultos, o garoto providenciou uma cruz com o nome da cadela e cavou sozinho a cova de sua amiga.


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