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Jovens ativistas pelo clima propõem suas próprias pautas após atraso da COP 26

28 de setembro de 2020
6 min. de leitura
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Pixabay

Jovens ativistas pelo clima iniciaram um processo paralelo às negociações sobre a crise climática da ONU, causado pela frustração com a falta de progresso que percebem nos esforços dos governos mundiais para enfrentar a pandemia.

As negociações difíceis destinadas a cumprir o Acordo de Paris, COP 26, deveriam ser realizadas pelo Reino Unido em novembro deste ano, mas foram adiadas pela crise do coronavírus. Ativistas, participantes e observadores disseram ao The Guardian que estão preocupados com a falta de avanços até agora.

O governo britânico tem dito pouco em público desde a abertura em fevereiro, antes dos lockdowns iniciarem, além de concordar com o adiamento em conjunto com a ONU. A COP 26 será remarcada para novembro deste ano, mas os anfitriões enfrentam uma luta difícil para convencer os países que estão combatendo a crise da Covid a concordar com metas mais rígidas em relação às emissões de gases de efeito estufa.

Embora o progresso dos governos sobre a COP 26 tenha sido pouco, jovens ativistas do Fridays for Future, o movimento desencadeado pelas greves escolares de Greta Thunberg, estão avançando com seu próprio evento online em novembro, chamado Mock Cop26.

Eles estão convidando os jovens a “preencher a lacuna do adiamento da COP 26 com um grande e inclusivo evento de simulação da conferência de forma online”. O evento será realizado por jovens ativistas pelo clima, com o objetivo de unir de três a cinco delegados do maior número de países possível, com foco no sul global – em oposição ao que veem como dominação dos países desenvolvidos nas negociações da ONU.

O evento de duas semanas irá imitar o formato real, declarações de abertura de alto nível a serem realizadas por jovens delegados, palestras e painéis por pessoas de todo o mundo, seguida de uma semana de workshops e convenções regionais. As discussões serão moldadas em torno dos cinco temas da conferência: justiça climática; educação; saúde e saúde mental; empregos ecológicos; metas de redução de carbono.

O evento está planejado para terminar com uma declaração aos líderes mundiais da juventude, com demandas pelos resultados esperados com a verdadeira COP 26 no ano que vem.

“Até agora estamos bastante decepcionados com a forma como [os sediadores da COP 26 do Reino Unido] estão se posicionando”, disse Joel Lev-Tov, coordenador do Fridays for Future. “[É por isso que] começamos a trabalhar em nossa própria simulação da COP 26 para abordar o que presumimos ser o fracasso da COP 26… para mostrar como a COP poderia ser se os governos agissem de forma efetiva com relação a crise climática”.

Ativistas contra as mudanças climáticas protestam contra a BP em frente ao British Museum em fevereiro de 2020. Fotografia: Simon Dawson/Reuters

O movimento para começar uma conferência paralela da juventude vem para desenvolver os países e observadores internacionais disseram ao The Guardian que estavam preocupados com o progresso vagaroso feito até então pelos sediadores da COP 26 no Reino Unido.

“Nós estamos atrasados, em nossa opinião”, disse Carlos Fuller da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), grupo em que 44 dos Estados membros estão em maior risco por conta das mudanças climáticas. “Nós estamos muito decepcionados por estarmos tão atrasados. O Reino Unido precisa exercitar mais seus músculos”.

No início desta semana, o alto funcionário do Reino Unido no comando da organização da COP 26 admitiu que as negociações formais ainda não tinham começado, já que as sessões presenciais que deveriam ocorrer no início deste ano foram adiadas.

Uma liderança mais forte do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também é vital, de acordo com vários especialistas renomados. Johnson tem dito pouco em público sobre COP 26 ou a crise climática desde o lançamento de COP 26 em fevereiro, que foi ofuscado pela demissão fracassada da ex-deputada nomeada originalmente para liderar a conferência, Claire O’Neill.

Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e duas vezes enviada da ONU para questões climáticas, disse ao The Guardian: “Eu não vi a liderança necessária para entregar uma conferência de sucesso. É preciso cada grama de influência e músculo diplomático, e não estamos vendo isso ainda. Ela contrasta a falta de ações do governo francês nos dois anos anteriores à assinatura do Acordo de Paris, em dezembro de 2015. “Eles usaram tudo, cada embaixador, cada país estava engajado”.

Mohamed Adow, diretor do PowerShift Africa, um grupo de pesquisa de países em desenvolvimento, acrescentou: “O Reino Unido mostrou alguns sinais positivos com o presidente da COP, mas está claro que o camisa 10 realmente precisa começar a torná-lo uma prioridade política. Precisamos ver uma verdadeira liderança de Boris Johnson. Se ele quer que a marca “Global Britain” signifique algo mais do que apenas um golpe de RP, ele precisa passar para a próxima etapa e liderar de forma séria no que se refere ao clima”.

Outra complicação é a posição do governo sobre o acordo de retirada, do Brexit. O governo admitiu abertamente que suas propostas vão violar o direito internacional abalando a comunidade pelo clima. Muitos temem que a intenção de desrespeitar o direito internacional seja usada pelos opositores do Acordo de Paris para desacreditar os anfitriões da cúpula e promover a discórdia.

Tom Burke, co-fundador do grupo de pesquisa E3G, disse: “O primeiro ministro destruiu sua credibilidade global. [A decisão por quebrar a lei internacional] lançou uma praga em nossa habilidade de influenciar outros líderes na COP 26”.

“Os países [nas conversas britânicas] utilizam as fraquezas que percebem em outros países”, avisou Robinson. “Isto não é nada útil num momento em que já temos diversas dificuldades com que lidar”.

Um ponto crucial, no entanto, é que o Reino Unido ainda não se comprometeu publicamente com um novo plano para reduzir suas próprias emissões. Os compromissos atuais para diminuir emissões segundo o Acordo de Paris são muito flexíveis e o tratado requer que sejam mais rigorosos. Este ano, todas as nações estão sendo convidadas a apresentar planos reforçados para reduzir suas emissões até 2030, de preferência zerar as emissões líquidas até 2050.

Apesar de pedir a outros países que cumpram o prazo, quando questionado pelos deputados no início desta semana, Alok Sharma, Secretário de Negócios do Reino Unido e presidente da COP 26, não se comprometeu a produzir um plano revisado sobre as emissões carbônicas neste ano.


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