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Mundo não foi capaz de cumprir um objetivo sequer para impedir destruição da natureza

19 de setembro de 2020
5 min. de leitura
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Pixabay

A humanidade está em uma encruzilhada após uma década em que todas as metas de Aichi de 2010 para proteger os animais silvestres e os ecossistemas foram descumpridas.
Na última década o mundo falhou e não conseguiu cumprir nem uma meta sequer para conter a destruição da vida selvagem e dos ecossistemas que sustentam a vida, de acordo com um novo relatório devastador da ONU sobre o estado da natureza.

Desde o combate à poluição até a proteção dos recifes de corais, a comunidade internacional não alcançou totalmente nenhuma das 20 metas de biodiversidade de Aichi acordadas no Japão em 2010 para retardar a perda da natureza. É a segunda década consecutiva que os governos não cumprem estas metas.

O relatório Global Biodiversity Outlook 5, publicado antes de uma importante cúpula da ONU sobre o tema, que ocorrerá no final deste mês, descobriu que, apesar dos progressos em algumas áreas, os habitats naturais continuaram a desaparecer, um grande número de espécies permanece ameaçado pela extinção devido às atividades humanas e 500 bilhões de dólares de subsídios governamentais para atividades que prejudicam o ao meio ambiente não deixaram de ser pagos.

Seis metas foram parcialmente alcançadas, incluindo aquelas em áreas protegidas e espécies invasoras. Embora os governos não tenham conseguido proteger 17% das áreas terrestres e fluviais e 10% dos habitats marinhos, 44% das áreas biodiversas vitais estão agora sob proteção, um aumento de 29% em relação aos anos 2000. Também ocorreram cerca de 200 erradicações bem sucedidas de espécies invasoras em ilhas.

Segundo a ONU a natureza está se deteriorando e o nosso fracasso em agir pode prejudicar as metas do acordo de Paris sobre a crise climática e os objetivos de desenvolvimento sustentável.

A chefe de biodiversidade da ONU, Elizabeth Maruma Mrema, disse que a humanidade está em uma encruzilhada que decidirá como as gerações futuras vivenciam a natureza.
“Os sistemas vivos da Terra como um todo estão sendo comprometidos. E quanto mais a humanidade explora a natureza de maneiras insustentáveis e mina as contribuições do planeta para as pessoas, mais minamos nosso próprio bem-estar, segurança e prosperidade”, disse ela.

O relatório é a terceira publicação em uma semana que destaca o estado devastador em que se encontra o planeta. O Relatório do Planeta Vivo 2020 da WWF e da Sociedade Zoológica de Londres (ZSL) disse que as populações globais de animais silvestres estavam em queda livre, despencando dois terços devido ao consumo excessivo humano, ao crescimento populacional e à agricultura intensiva. Na segunda-feira, a RSPB disse que o Reino Unido não conseguiu alcançar 17 dos objetivos de Aichi e que a distância entre a retórica e a realidade resultou em uma “década perdida para a natureza”.

As 20 metas de biodiversidade de Aichi são divididas em 60 elementos separados para monitorar o progresso global. Destes, sete foram alcançados, 38 mostraram progresso e 13 elementos não mostraram progresso. Não foi possível auferir o progresso de dois dos elementos.

Um dos principais objetivos para reduzir pela metade a perda de habitats, incluindo florestas, não foi cumprido. Embora as taxas globais de desmatamento tenham diminuído cerca de um terço nos últimos cinco anos em comparação com os níveis pré-2010, a degradação e fragmentação dos ecossistemas ricos em biodiversidade nos trópicos permanece alta. Áreas selvagens e áreas úmidas continuaram a desaparecer e os ecossistemas de água doce permanecem criticamente ameaçados.

O objetivo de proteger os ecossistemas que sustentam a vida, levando em conta as necessidades das mulheres, comunidades indígenas e pessoas pobres, não foi cumprido. A avaliação sobre estado da natureza na Terra descobriu que ecossistemas que fornecem água limpa, remédios e meios de subsistência não foram protegidos, afetando desproporcionalmente mulheres e comunidades vulneráveis.

Os autores do relatório, no entanto, apontaram como um sinal de esperança os esforços de conservação que levaram até 48 espécies a serem salvas da extinção nas últimas décadas.
Cooper disse: “Escondidos por trás dos números globais agregados há um progresso importante e, você sabe, isso nos dá sinais de que se você colocar políticas em prática, elas funcionam.”

Ele acrescentou que o fracasso em cumprir as metas se deveu, em grande parte a certos governos não entenderem o tamanho e a escala do desafio enfrentado pela natureza. “Acho que os países estão levando isso a sério, mas talvez, algumas vezes eles estejam deixando para os ministérios do meio ambiente e não elevando isso para que atinja todas as esferas do governo.”

Este relatório é publicado em um momento em que as partes da Convenção sobre Diversidade Biológica negociam as metas para esta década. A última rodada de negociações para o acordo estava programada para acontecer em Kunming, China, em outubro passado, mas foram adiadas pela pandemia do coronavírus e agora estão previstas para ocorrer em maio de 2021. Uma parte significativa do esboço da proposta é proteger 30% do planeta.

Basile van Havre, co-presidente do grupo de negociações, disse que uma das principais lições das metas de biodiversidade de Aichi são a noção de que que o próximo conjunto de metas deve ser alcançável. “Acho que foi um objetivo muito louvável estabelecer metas aspiracionais nas últimas décadas. Eles são difíceis de alcançar e claramente você ouve que as pessoas querem ter alvos realistas”, disse ele.


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