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Pantanal vive o pior ano de sua história em número de queimadas

18 de setembro de 2020
3 min. de leitura
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Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O ano de 2020 é o pior da história do Pantanal em número de queimadas. O mês atual, que ainda nem chegou ao fim, também já se consolidou como o pior setembro do bioma. Os dados são do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O fogo já destruiu 33% do Pantanal em Mato Grosso, transformando a vegetação em cinzas, ferindo e matando animais silvestres.

O combate às queimadas tem sido realizado com afinco por brigadistas e voluntários. O número de pessoas que trabalham para controlar as chamas, no entanto, é pequeno diante da imensidão do bioma. Segundo o biólogo Gustavo Figueirôa, coordenador de uma equipe de voluntários, também falta estrutura.

“A logística aqui está muito complicada. Não tem lugar suficiente para as pessoas ficarem, não tem veículos suficientes para as pessoas andarem. O fogo já passou pela região do Porto Jofre, está subindo para o norte novamente. O que a gente encontra aqui são poucos focos de incêndio, mas muitas áreas queimadas. Felizmente encontramos uma onça pintada e uma família de ariranhas sem machucados, sem queimaduras. Isso é um alívio. A fumaça está muito forte, a gente mal consegue enxergar dez metros na frente”, contou ao Jornal Nacional.

Foram mais de 5,2 mil focos de calor registrados pelo Inpe em setembro no Pantanal e quase 16 mil no ano de 2020. O cenário visto atualmente no bioma é classificado pelo climatologista da UFMT, Rodrigo Marques, como uma catástrofe para a natureza.

“A gente tem visto aí algo que fugiu completamente do controle, muito por conta da negação: ‘não, não é nada disso que estão falando’. E, agora que de fato viram que é algo sem precedentes, a gente vai pagar um preço muito alto, porque a gente não vai recuperar tudo que perdeu e vai levar um bom tempo para recuperar parte do que foi perdido”, afirmou o especialista.

Não se sabe ainda qual é o impacto das queimadas sobre os animais e o meio ambiente, tampouco o tempo que o bioma levará para se restabelecer. Uma força-tarefa foi formada para investigar o número de animais mortos. Os corpos encontrados serão registrados através de um aplicativo, com data e coordenadas geográficas. As equipes precisam localizar os animais mortos em até 72 horas depois do incêndio para que as ossadas não desapareçam.

Equipes também se mobilizam para montar e abastecer pontos de alimentação e água para os animais sobreviventes, que são condenados à fome e à sede por conta da devastação do habitat. Um grupo já arrecadou cinco toneladas de alimentos, compostos em sua maioria por frutas e legumes.

Especialista em onças, o médico veterinário Antônio Carlos Csermak Júnior saiu de Minas Gerais para ajudar os animais no Pantanal. O cenário, para ele, é desolador.

“É muito triste, qualquer queimadura a gente sabe a dor que é. Mesmo a situação do incêndio sendo controlada, a gente cuidando dos animais que a gente conseguir ter acesso, vai faltar comida para esses animais depois, então é preocupante, sim”, concluiu.


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