Reconhecida internacionalmente como refúgio de araras-azuis, a Fazenda São Francisco do Perigara, em Barão de Melgaço (MT), teve 92% da sua área destruída pelo fogo que devasta o Pantanal.
O município no qual a fazenda está localizada é o mais afetado pelos incêndios florestais que atingem o bioma. Foram 1.926 focos de queimada registrados apenas nos primeiros 15 dias de setembro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A fazenda é o principal refúgio das araras-azuis no Estado de Mato Grosso e é responsável por abrigar 15% dos animais da espécie que vivem livres na natureza. Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul, contou ao Globo Rural que a fazenda é monitorada pela entidade desde 2001. No local, “dezenas de araras-azuis se reúnem todo final de tarde para pernoitar”.
Os focos de incêndio começaram a ser detectados na fazenda em agosto. Segundo Neiva, a situação atualmente é crítica. “Estão sendo feitos esforços para o controle do fogo, para que o dormitório e a parte do Pantanal não sejam atingidos, mas a situação é crítica e precisa de apoio de todas a forças públicas e privadas”, afirmou.
Mas não é só o fogo que coloca a existência dessas aves sob ameaça. A presidente da entidade cita ainda as alterações climáticas, a descaracterização do habitat e o tráfico de animais silvestres como importantes fatores que colocam as araras em risco.
Não se sabe ainda se as queimadas mataram araras-azuis que vivem na fazenda. Segundo Neiva, os adultos tendem a escapar, já que voam para fugir do fogo, “porém, ovos e filhotes podem morrer nos ninhos”. Na próxima semana, uma análise será feita para investigar as possíveis mortes.