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Dia Nacional do Cerrado: conheça a importância do segundo maior bioma da América do Sul

11 de setembro de 2020
5 min. de leitura
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Para muitas pessoas, o dia 11 de setembro pode ser lembrado pelo ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos. Mas, no Brasil, essa data é reservada para comemorar o Dia Nacional do Cerrado. A data foi criada por um decreto em 2003 pelo até então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Dia Nacional do Cerrado é reservado para lembrar a importância do segundo maior bioma da América do Sul. Essa vegetação se estende por um pouco mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, que equivale a aproximadamente 22 % do território Nacional. Com áreas contínuas nos estados do Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, com alguns reflexos no Amapá, Roraima e Amazonas.

Animais do Cerrado

O bioma do cerrado é considerado a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade, pois abriga diversos ecossistemas e, sobretudo, as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Bacia Amazônica/Tocantins, Bacia do rio São Francisco e Bacia da Prata.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), no bioma cerrado já foram catalogadas mais de 11, 6 mil espécies de plantas nativas. A diversidade de seus habitats abriga em torno de 199 espécies de mamíferos, 837 de aves, 1200 de peixes, 180 de répteis e 150 de anfíbios. Estima-se a hospedagem de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins trópicos.

Pixabay

Confira a lista de cinco animais nativos que vivem no Cerrado

1.Lobo-guará: o lobo- guará é um animal típico do cerrado e muito semelhante, fisicamente, a um lobo. Ele vive solitário e é considerado inofensivo, por esse motivo não se aproxima de populações humanas. Costuma ser visto no entardecer em grandes campos e, devido a urbanização dos espaços tem sido frequentemente atropelado ao atravessar estradas.

2.Tamanduá bandeira: o tamanduá-bandeira é um mamífero que vive no cerrado e apresenta hábitos solitários na vida adulta. Para caçar seu alimento, ele costuma caminhar durante o dia todo. Este animal vem sofrendo com a perda de seu habitat, atropelamentos e caça, sendo assim considerado uma espécie com risco vulnerável de extinção.

3.Jaguatirica: a jaguatirica é um felino também conhecido como gato-do-mato e encontrado na Mata Atlântica brasileira, além de outros países da América latina e no Sul dos Estados Unidos. E por muitas vezes confundida com a onça-pintada, porém ela é menor, com um comprimento que pode variar entre 25 e 40 cm, sem contar a cauda.

4.Anta: a anta é considerada o maior mamífero brasileiro. Ela vive no cerrado brasileiro e apresenta em média 300 kg. Visualmente, ela tem aparência de um porco. A anta costuma viver próximo de rios, pois apresenta habilidade de natação, o que auxilia a fugir de seus predadores.

5.Ariranha: a ariranha é um mamífero endêmico da América do Sul e pode ser encontrada na Bacia do Rio Amazonas, além de ser encontrado no Pantanal. E uma espécie que vive perto de rios, pois sua alimentação e baseada em peixes. Ela costuma ser encontrada na maior parte do tempo nadando, sendo que uma de suas características é que ela nada para trás.

Degradação do Cerrado

O cerrado é um dos biomas brasileiros que mais vem sendo degradado com o passar dos anos, uma vez que possui poucas áreas protegidas por lei. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, atualmente resta menos de 20% da área do cerrado e estima-se que 150 espécies de animais sofrem riscos de extinção.

As principais ameaças para os animais que vivem no cerrado são decorrentes da destruição de seus habitats, desde desmatamento, queimadas, crescimento urbano desenfreado, tráfico de animais, expansão de fronteiras agrícolas, pecuárias e monoculturas, exploração de madeira para a produção de carvão, dentre outros.

Alguns dos animais que correm o risco de extinção são: a onça-pintada, a jaguatirica, o tatu-canastra, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a águia-cinzenta, o gato-maracajá, o gato-do-mato, dentre outros.

Preservação do cerrado

Em 2019, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) apresentou três projetos de lei que têm como objetivos a proteção e a conservação do cerrado. Segundo o parlamentar, o bioma está perigosamente ameaçado pela perda de habitats, ele lembrou ainda que a principal causa do desmatamento é a expansão da agropecuária sobre a vegetação nativa. Entre 2007 e 2014, 26% da expansão agrícola ocorreram diretamente sobre a vegetação do cerrado, relatou o parlamentar ao portal senado notícias.

Para o biólogo Rafael Mana, 39 anos, que trabalha como consultor ambiental há 14 anos, no Núcleo de Pesquisa e Extensão em Fauna e Flora e Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, o ponto principal para a busca da preservação do cerrado é a mudança de postura dos órgãos ambientais.

“A legislação federal incluiu devidamente o cerrado apenas em 2012, com o Novo Código Florestal, porém, são poucos os Estados que possuem órgãos enérgicos na fiscalização e atuação”, salientou.

“A mudança de postura dos órgãos ambientais é necessária e urgente para que quaisquer medidas de preservação sejam efetivas”, enfatizou Rafael em entrevista à ANDA.

O biólogo ainda ressalta o corte inapropriado da vegetação nativa. “ Atualmente existem grandes propriedades que cortam a vegetação nativa para transforma-la em carvão, isso é inadmissível, se esses proprietários fossem incentivados de alguma forma a implantarem um sistema de manejo florestal, poderiam produzir muito mais carvão utilizando plantações de eucaliptos, por exemplo, sem a necessidade de destruir a vegetação nativa”, complementou o consultor ambiental.

Já para o biólogo Victor Cavalcante Basílio, 26 anos, que atualmente trabalha especificamente com resgate da fauna silvestre, o melhor caminho para amenizar a perda da vegetação do cerrado é a fiscalização das queimadas que acontecem constantemente no Cerrado.

“Tem que acabar com essas queimadas absurdas que tem no cerrado, e também frear o desmatamento fiscalizando as grandes propriedades para que sejam utilizadas de forma racional, assim não impede a produção, mas se melhora o aproveitamento da vegetação”, concluiu o biólogo.


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