Kaavan está prestes a deixar no passado o título de “elefante mais solitário do mundo”. Na última sexta-feira (4), a ONG Four Paws International liberou o animal para viajar até seu novo lar. O elefante, enfim, abandonará o sofrimento do zoológico para viver em um santuário no Camboja.
O animal viveu por 35 anos no Zoológico Marghazar, em Islamabad, capital do Paquistão, após ser enviado ao local pelo governo do Sri Lanka em 1985. De 1990 a 2012, dividiu a vida com a elefanta Saheli, mas passou a ter apenas a solidão como companhia desde a morte de sua companheira.
As condições degradantes do zoológico levaram a Suprema Corte do Paquistão a determinar o seu fechamento. A decisão judicial se baseou na negligência sistemática e nas condições inseguras as quais os animais eram submetidos no zoo.
Diagnosticado com diversos problemas físicos e psicológicos, Kaavan tem as unhas e os pés danificados por ter sido mantido por anos em um espaço com pisos inadequados. Apesar de estar acima do peso, o elefante também está desnutrido.
A saúde do animal, no entanto, não o impede de ser transportado até o santuário, segundo a Four Paws. “Após as verificações, que confirmaram que Kaavan é forte o suficiente, medidas serão tomadas para finalizar sua realocação”, informou a entidade em nota.
O veterinário-chefe do Instituto Leibniz para Pesquisa em Zoológicos e Animais Selvagens em Berlim, Frank Göritz, afirmou ainda, em um comunicado, que “a falta de enriquecimento físico e comportamental, bem como a ausência de um parceiro, fizeram com que Kaavan ficasse incrivelmente entediado”.
Dentre as consequências de tamanha negligência estão os transtornos psicológicos. “Ele desenvolveu um comportamento estereotipado em que balança a cabeça e o tronco de um lado para o outro por horas”, explicou Göritz.
O sofrimento de Kaavan, no entanto, logo terá um fim, ao contrário de outros animais mantidos pelo Zoológico Marghazar, que não tiveram a mesma sorte que o elefante.
“Infelizmente, o resgate chega tarde demais para dois leões que morreram durante uma tentativa de transferência no final de julho, depois que os tratadores de animais locais atearam fogo em seu recinto para forçá-los a entrar nas caixas de transporte”, disse a Four Paws.