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Radialista alimenta e cuida de mais de 80 gatos em parque de SP

10 de agosto de 2020
6 min. de leitura
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Radialista não viaja para poder alimentar mais de 80 gatos diariamente em parque de São Paulo
Foto: Arquivo Pessoal/ Anderson França

Hoje é celebrado o Dia Nacional do Protetor de Animais. A data é comemorada todos os anos no dia 10 de agosto, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do protetor de animais para a saúde pública e para a proteção e promoção dos direitos animais. Segundo dados do Instituto Pet Brasil, existem mais de 170 mil animais abandonados sob cuidados de ONGs no Brasil.

A celebração nasceu a partir de um decreto no Congresso Nacional, em 2017, que fez vigorar o projeto de lei 8.055-A. É considerado protetor de animais toda pessoa física ou entidade sem fins lucrativos que desempenha, gratuitamente por mais de dois anos atividades que busquem proteger, cuidar, conscientizar e resgatar animais em condições de vulnerabilidade social.

Esse é o caso do jornalista Anderson Valença França, 66 anos, que atualmente atua na área educação e proteção animalista com os projetos Gatos do Parque e Não Machuque os Animais, realizando o trabalho de proteção e alimentação de mais de 80 gatos no parque da Mooca, Região da Zona Leste de São Paulo.

Além de disso, em conjunto com outros jornalistas, Anderson criou a sua própria rádio web: a “Rádio Nossos Bichos”, que todos os dias fala da importância da informação correta em relação às leis ambientais e protecionistas da fauna e da flora do nosso país.

E, recentemente, em parceria com Cacá Mendes, 59 anos, locutor, decidiu investir na abertura de um canal no Youtube com o nome de “Eta Mundo Animal”. O canal fala sobre assuntos diversos como; leis ambientais, leis animalistas, adoção de animais, entrevistas com famosos que lutam pela causa animal e também orientações aos tutores como lidar com os animais diariamente.

Tio da Mooca

Em 2014. Anderson se mudou para uma residência perto do parque da Mooca e ao passear com seus dois cães no local, começou a reparar na quantidade de gatos que eram abandonados por lá.

Desolado com aquela situação, o paulistano decidiu que a partir daquele dia iria todos os dias ao local para alimentar e cuidar dos mais de 80 gatos que vivem divididos em três colônias dentro do parque.

Atualmente, ele vai ao parque todos os dias das 16 às 19 horas. “Há seis anos que não viajo e nem vou para lugar algum, para não deixá-los sozinhos”, afirmou Anderson em entrevista à ANDA.

Radialista não viaja para poder alimentar mais de 80 gatos diariamente em parque de São Paulo
Foto: Arquivo Pessoal/ Anderson França

Devido à pandemia, o parque da Mooca teve que ser fechado para evitar a circulação de pessoas no local, mas para a sorte dos gatinhos, a entrada do protetor foi liberada. Além de ajudar na questão da alimentação dos animais, Anderson também atua na solicitação de pedidos de castração dos gatos junto ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São Paulo.

“Além de alimentação, ajudo na questão da saúde dos gatos que estão doentes e também ajudo na questão da adoção dos gatinhos”, disse França.

Já para alimentar os mais de 80 gatinhos, Anderson conta com a ajuda financeira de amigos que fazem parte do projeto Gatos do Parque e com recursos próprios. São gastos mais de 200 quilos de ração, 30 latas de pasta e 30 sachês por mês na alimentação dos animais.

“É um elo muito forte, no início eles eram ferais, hoje eles vão ao meu encontro e fazem a festa”, acrescentou o protetor.

Veja no vídeo abaixo, Anderson os gatinhos do parque:

Crime

No Distrito Federal, a Associação Protetora dos animais, Pro Anima, registrou nos últimos três meses um crescimento de 60% na quantidade de pessoas que querem se desfazer dos seus próprios animais domésticos.

Já na capital paulista, o número de animais abandonados pelas ruas não para de crescer, são aproximadamente mais de 2 milhões de cães e gatos vivendo em situação de rua.

Para Anderson, o abandono de animais é uma situação corriqueira no parque da Mooca. “Já peguei pessoas falando que se quisesse se desfazer dos gatinhos, era só deixar no parque, que lá tinha pessoas que cuidavam”, contou.

Segundo o protetor, o outro grande problema é que a maioria dos gatos que são abandonados por lá, não são castrados, assim a chance de procriação é maior, provocando um aumento considerável de gatos no local.“Várias vezes já deixaram a mãe e os seus filhotes em caixas lá no parque”, acrescentou.

Para impedir o aumento populacional de animais no parque, foi implementado o programa de captura, esterilização e devolução do animal ao seu local de convivência, conhecido popularmente como (CED).

Para o cuidador, esse trabalho é fundamental para controlar o número de colônias em volta do parque. “Nesse programa os gatos são capturados, esterilizados e devolvidos a sua colônia. O corte da ponta da orelha esquerda é o método utilizado para identificar se um gato foi esterilizado, assim não permitindo a expansão de colônias dentro do parque”, salientou.

Segundo França, atualmente a Guarda Civil Municipal (GCM) em parceria com a administração do parque fiscaliza a situação de abandono de animais no local. De acordo com a lei 9.605/98 é crime abandonar animais, com pena prevista de três a um ano de prisão.

Amor incondicional

Além de conseguir famílias para muitos dos gatos, as visitas diárias ao parque da Mooca rendeu alguns dos seus amores.

Um deles, Tuty, nome dado a um dos gatinhos resgatado, era alimentado e, um certo dia, apareceu na porta de sua casa. O lindo gato branco atravessou quatro pistas e um viaduto na Zona Leste da capital paulista até encontrar aquele que escolheu como tutor.

“Uma bela noite, quando sai do parque por volta das 20 horas, deixei ele comendo, e quando foi por volta da meia-noite minha mulher disse que tinha um gato parecido com o Tuty na frente do nosso portão e para nossa surpresa era ele mesmo, colocamos ele para dentro e, desde esse dia ele mora conosco aqui em casa”, lembra.

Foto: Arquivo Pessoal/ Anderson França

Ele ressalta ainda que na época sentiu que havia algo de especial na relação entre eles. “Eu não tive coragem de colocar ele para adoção, foi uma sintonia muito forte entre eu e ele”, concluiu o protetor de animais.

Atualmente, Anderson tutela mais de 10 animais resgatados, nos quais são oito gatos e dois cachorros, são eles; Polaco, Branquinho, Felix, Theodoro, Paco, Jimmy, Luna e o Tuty.

Foto: arquivo Pessoal/ Anderson França

E os cães Tequila e Lorenzo.

Arquivo Pessoal/ Anderson França

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