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Após pressão de ativistas, zoo de "Tinger King" encerra as atividades

22 de agosto de 2020
5 min. de leitura
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Pixabay

O zoológico particular Greater Wynewood Exotic Animal Park, localizado em Oklahoma, fechará as portas definitivamente após uma forte pressão mobilizada por ativistas em defesa dos direitos animais. O zoo pertencia a Joe Exotic e ficou conhecido pela série documental da Netflix “Tiger King”, que aponta o antigo proprietário como traficante de animais.

O pronunciamento do fechamento do zoo foi feito pelo atual administrador, Jeff Lowe, nas redes sociais. Ele esclareceu que apesar do encerramento das atividades, os animais mantidos em cativeiro continuarão recebendo “excelentes cuidados”. Ativistas pedem que os animais mantidos em cativeiro pelo zoo sejam encaminhados para santuários, pois temem que eles sejam vendidos.

Entenda o caso

O zoo de estrada de Joe Exotic denunciado pelo documentário da Netflix ‘Tiger King’ (Máfia dos Tigres no Brasil) reabriu oficialmente no dia 24 abril no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos. O Parque de Animais Exóticos Greater Wynnewood é acusado de traficar animais e explorá-los para interagir com o público, principalmente filhotes de tigres, muitos deles brutalmente separados de suas mães.

Pessoas que visitaram o local em meio à pandemia de Covid-19, que já causou cerca de 85 mil mortes no país, afirmam que a reinauguração atraiu multidões. Ingressos foram vendidos por US$ 60 (cerca de R$ 350) e visitantes tiveram direito a ficar sozinhos por cerca de cinco minutos com dois bebês tigres. Ativistas em defesa dos direitos animais afirmam que a situação gera profundo estresse nos animais.

Uma reportagem feita pela National Geographic aponta que zoos privados, onde é permitido interagir com filhotes, estimulam a reprodução acelerada de fêmeas para que sempre existam bebês para atender a demanda do público. Assim que crescem, os animais podem se tornar mais agressivos, então são mantidos em recintos e explorados para reprodução, em um grande ciclo repleto de abuso e crueldade.

Atualmente, o Parque de Animais Exóticos Greater Wynnewood é administrado por Jeff Lowe, antigo companheiro de Joe Exotic, que enfrenta uma pena de 22 anos por assassinato e crueldade contra animais. Em respostas à reabertura, a PETA abriu uma ação pedindo o fechamento imediato das instalações afirmando que grandes felinos são suscetíveis à infecção por Covid-19.

A série documental da Netflix acabou popularizando e banalizando a exploração dos animais e isso atraiu de forma negativamente inesperada muitos turistas e visitantes. Até o momento, o local continua aberto e funcionando normalmente.

Novas denúncias

A organização em defesa dos direitos animais The Humane Society dos Estados Unidos (HSUS) divulgou imagens inéditas que mostram o abuso e exploração de grandes felinos vítimas do tráfico de animais. A denúncia tem como objetivo mostrar os bastidores da série do documental “Tiger King”, produzida pela Netflix. A série, que no Brasil recebeu o nome de “A Máfia dos Tigres”, conta a história do empresário Joseph Maldonado-Passage, também conhecido como Joe Exotic, e a coordenação de um grande e criminoso esquema de tráfico de animais selvagens.

As imagens divulgadas pela HSUS foram obtidas a partir de uma investigação secreta feitas por um voluntário da organização que trabalhou disfarçado em um zoo de Joe Exotic por 100 dias. O ativista presenciou diversos maus-tratos. Ele conseguiu filmar funcionários do local e, inclusive, o próprio Joe, agredindo tigres bebês com socos no rosto e puxando os animais indefesos pelas caudas, agressão que pode causar sérios danos à coluna vertebral dos animais. O investigador testemunhou ainda a morte de diversos animais.

Segundo Kitty Block, CEO da HSUS, o castelo do empresário foi construído em cima de mentira e artimanhas. “A equipe de Joe Exotic se disfarça como um grupo de resgate e conservação, mas na verdade eles criam tigres e sujeitam os filhotes, que são arrancados de suas mães imediatamente após o nascimento, a estresse e abuso. Depois de alguns meses, quando os filhotes são grandes demais para encontros íntimos com o público e a oportunidade de lucro acaba, os filhotes são enjaulados, vendidos no comércio de animais exóticos ou morrem”, disse a ativista em entrevista ao VegNews.

Atualmente, cinco estados norte-americanos (Alabama, Nevada, Carolina do Norte, Oklahoma e Wisconsin) não possuem nenhuma lei que proíba a guarda de animais silvestres. A HSUS denuncia ainda que mesmo onde há leis, há pouca fiscalização e regulamentação, o que dificuldade a ação de ativistas para o resgate e libertação destes animais. “Este ciclo de criação para uso temporário leva a um excesso de animais indesejados que perduram em condições horríveis. Isso não é conservação. Nenhum animal merece esta vida”, completa Block.

Sara Amundson, presidente do Fundo Legislativo da Humane Society, destaca a crueldade é intrínseca ao tráfico de exploração de animais silvestres. “Não deve ser filmado disfarçado as condições abismais desses majestosos tigres e seus filhotes para destacar por que a posse particular de grandes felinos e filhotes é uma crueldade animal. A atual colcha de retalhos das leis estaduais não pode resolver completamente o problema perpetuado pelos ‘santuários’ falsos que ganham dinheiro com as costas de espécies ameaçadas e ameaçadas”, conclui a ativista.


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