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Crise climática ameaça o futuro do esporte global

20 de julho de 2020
4 min. de leitura
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Imagem de bola no meio do campo de futebol
Pixabay

A rápida aceleração da crise climática ameaça o futuro de grandes eventos esportivos em todo o mundo, diz o relatório. Além disso, aponta que a indústria esportiva global não está conseguindo lidar com suas próprias emissões.

O estudo descobriu que, nos próximos anos, todos os esportes – do críquete ao futebol americano, do tênis ao atletismo, do surfe ao golfe – terão de enfrentar sérias distorções climáticas como ondas de calor, incêndios, enchentes e aumento do nível do mar.

Também previu que, no mundo todo, as emissões de carbono associadas ao esporte equivalem às de um país médio. Assim, os dirigentes e estrelas do esporte têm um papel importante nos esforços contra o colapso climático.

Andrew Simms, coordenador da Rapid Transition Alliance, que publicou o relatório, disse: “O esporte fornece alguns dos modelos mais influentes da sociedade. Se ele puder mudar a forma como opera para agir na velocidade e escala necessárias para interromper a emergência climática, outros o seguirão”.

O relatório apontou que nas próximas três décadas um quarto dos estádios da English Football League (Liga Inglesa de Futebol, em tradução livre) correrá o risco de inundação a cada estação, um a cada três campos de golfe britânicos será danificado pelo aumento do nível do mar e vai ser cada vez mais difícil promover os Jogos Olímpicos de Inverno, por conta do aumento da temperatura.

Também destacou que a crise climática já estava afetando os principais eventos esportivos. A Copa do Mundo de Rugby do ano passado foi atingida por um grande tufão e, neste ano, a abertura do torneio de tênis Australian Open foi interrompida pela fumaça tóxica dos devastadores incêndios no país.

Comentando sobre as descobertas, Rosie Rogers, chefe da Green Recovery (ou recuperação verde) no Greenpeace, disse: “Das inundações ao calor sufocante, nem o esporte escapa da emergência climática. Também está claro que o setor está contribuindo para alimentá-lo.”

Como o tema veio à tona por conta do “lockdown” durante a pandemia, a indústria teve chance de pensar em como fazer as coisas de modo diferente e como seria uma “recuperação verde no esporte”, ela disse. “Se for utilizar trens em vez de aviões, acabar com os plásticos descartáveis e com os combustíveis fósseis, o esporte pode mostrar que está do lado vencedor, levando a sério a crise climática”.

O estudo constatou que, de centenas de órgãos governamentais, apenas cinco têm uma meta carbono-negativa. É o caso do World Athletics, da Fórmula 1 e do All England Lawn Tennis Club – que administra o torneio de tênis de Wimbledon – que se comprometeram a se tornarem “carbono neutro” até 2030.

O autor do relatório, David Goldblatt, disse que o esporte deveria estar fazendo muito mais.

“Poucas práticas humanas possuem um eleitorado tão extenso, global e socialmente diverso quanto o que joga e segue esportes. Tornar um mundo de carbono zero a prioridade no senso comum no mundo dos esportes seria uma enorme contribuição para torná-lo, também, prioridade política.”

Jens Sejer Andersen, diretor internacional da Play the Game, organização global de boa governança no esporte, disse que o relatório ressaltou a necessidade da indústria assumir a liderança na luta contra a crise climática.

“Devemos estar prontos para rever a forma como organizamos nossos eventos e tarefas… Não vamos parar por aqui. A ação climática deve ser uma parte essencial da governança esportiva.”

Ele disse que a crise climática será o tema central da próxima conferência internacional da organização em 2021.

“Faremos o possível para engajar nossa rede global de repórteres, líderes esportivos, atletas e funcionários na elevação de seu jogo.”


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