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Sexta extinção em massa da vida selvagem está acelerando, alertam cientistas

9 de junho de 2020
4 min. de leitura
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Pixabay

A sexta extinção em massa da vida selvagem na Terra está acelerando, de acordo com análises de cientistas que alertam que isso pode ser o ponto de inflexão para o colapso da civilização.

Mais de 500 espécies de animais terrestres foram consideradas à beira da extinção e provavelmente serão perdidas dentro de 20 anos. Em comparação, o mesmo número foi perdido durante todo o século passado. Sem a destruição humana da natureza, esse mesmo número levaria milhares de anos, dizem os cientistas.

Os animais vertebrados terrestres à beira da extinção, com menos de 1.000 espécimes sobrando, incluem o rinoceronte-de-sumatra, a carriça clarión, a tartaruga-de-galápagos e o sapo arlequim. Registros históricos de 77 das espécies foram disponibilizados e os cientistas descobriram que 94% de suas populações foram perdidas.

Pesquisadores também alertaram sobre um efeito dominó, com a perda de uma espécie acarretando na perda de outras que dependem dela. “Extinção alimenta extinção”, eles disseram, notando que diferente de outros problemas ambientais, a extinção é irreversível.

A humanidade depende da biodiversidade para sua saúde e bem estar, dizem os cientistas, com a pandemia de coronavírus sendo um exemplo extremo dos perigos de devastar o mundo natural. Crescimento da população mundial, destruição de habitats, comércio da vida selvagem, poluição e as crises climáticas devem ser urgentemente abordados.

“Quando a humanidade extermina outras criaturas, ela está serrando o membro em que se apoia, destruindo partes de seu próprio sistema de vida”, disse o Professor Paul Ehrlich, da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, em um de seus grupos de pesquisa. “A conservação de espécies em perigo deveria ser colocada como emergência global dos governos e instituições, assim como a interrupção climática ao qual está ligada.”

“Estamos encarando a última oportunidade de assegurar que muitos dos serviços naturais que a natureza nos proporciona não se torne irremediavelmente sabotados,” disse o Professor Gerardo Ceballos da Universidade Nacional Autônoma do México, que liderou a pesquisa.

A análise, publicada no jornal Proceedings da Academia Nacional de Ciências, examinou registros de 29.400 espécies de animais invertebrados compilados pela Lista Vermelha de Animais Ameaçados IUCN e pela BirdLife International. Os pesquisadores identificaram 515 espécies com populações menores do que 1.000 e cerca de metade delas possuem menos do que 250 restantes. Muitos desses mamíferos, aves, répteis e anfíbios foram encontrados em regiões tropicais e subtropicais.

Cientistas descobriram que 388 espécies de vertebrados terrestres possuem população menor que 5.000, e a grande maioria (84%) vivem nas mesmas regiões que as populações inferiores à 1.000, criando condições para um efeito dominó.

Exemplos conhecidos sobre isso incluem a caça de lontras marinhas, o principal predador de ouriços-do-mar comedores de alga. O aumento de ouriços devastou as florestas de algas no Mar de Bering, levando à extinção de vacas marinhas Steller.

Os pesquisadores disseram que suas descobertas poderiam ajudar nos esforços para conservação destacando as espécies e regiões que requerem uma atenção urgente.

O Professor Andy Purvis, do Museu Nacional de História de Londres, que não fez parte das análises disse: “Essa pesquisa fornece outra linha de evidência de que a crise da biodiversidade está acelerando. O problema mais difícil [que os pesquisadores] encaram é que não sabemos mais sobre a história da distribuição geográfica das espécies. Eles tiveram apenas informações de 77 das espécies em risco, e não podemos saber quão típicas essas espécies são.”

“Mas isto não mina a conclusão,” ele disse. “A crise da biodiversidade é real e urgente. Mas – e esse é o ponto crucial – não é tarde demais. Para transicionar para um mundo sustentável, precisamos dar passos mais suaves no planeta. Antes disso, estamos essencialmente roubando a herança das futuras gerações.”

A Professora Georgina Mace, do Colégio Universitário de Londres, disse: “Essa nova análise enfatiza alguns fatos sobre a extensão da população de vertebrados que tem sido reduzida mundo a fora pelas atividades humanas.” Mas ela disse que não está convencida de que simplesmente tendo uma população menor que 1.000 foi a melhor medição de espécies à beira da extinção. Uma linha de declínio da população é importante e ambos os fatores são usados na Lista Vermelha IUCN, ela disse.

“Agir é importante por várias razões, não apenas por que direta e indiretamente dependemos do resto da vida na Terra para nossa saúde e bem estar,” ela disse. “Interromper a natureza acarreta efeitos caros e efeitos difíceis de reverter. A Covid-19 é um extremo exemplo nos dias atuais, mas existem muito mais.”

Mark Wright, o diretor de ciência da WWF, disse: “Os números nesta pesquisa são chocantes. Entretanto, ainda há esperança. Se pararmos o desmatamento e a devastação em países como o Brasil, nós podemos começar a dobrar a curva na perda de biodiversidade e nas mudanças climáticas. Mas precisamos de uma ambição global para realizar isso.”


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