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Reduzir índices de poluição atmosférica pode ajudar a evitar a segunda onda de Covid-19

4 de junho de 2020
4 min. de leitura
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Pixabay

A poluição do ar precisa se manter em nível baixo para ajudar a evitar uma possível segunda onda do coronavírus, é o que diz um relatório publicado por um grupo interpartidário do Parlamento Britânico.

Há evidências vindas de todos os cantos do mundo que mostram o aumento de contaminações e mortes por Covid-19 ligadas à exposição à poluição. Lockdowns cortam a poluição do ar em muitos lugares, mas o Parlamento disse que medidas são necessárias para garantir que os níveis permaneçam baixos.

O relatório é baseado em evidências levantadas por cientistas, negócios e autoridades locais e propõe uma série de ações, incluindo a continuidade de home office, aumento de faixas para ciclovias e também para corridas, serviços de transporte público em maior frequência para evitar aglomerações e gradualmente eliminar a emissão de madeira e carvão das residências. O relatório também recomenda a implantação de zonas de ar limpos, atualmente atrasadas por conta da pandemia, e um esquema de sucata para veículos sujos.

A divulgação do relatório também revela uma nova evidência de um mecanismo biológico que poderia explicar como a poluição do ar aumenta a contaminação por Covid-19 e a sugestão que poluição poderia ajudar a explicar porque certas minorias étnicas estão sendo mais afetadas pelo vírus.

“Precisamos de uma resposta abrangente da qualidade do ar à medida que emergimos do confinamento e não um segundo pico acentuado da Covid-19, porque as pessoas entram no carro em vez de usar o transporte público ou trabalhar de casa,” disse o membro do Parlamento Geraint Davies, presidente do grupo parlamentar sobre poluição do ar.

“Algumas propostas podem ser introduzidas imediatamente e vai ajudar a garantir que um segundo pico não superlote os hospitais,” ele disse. “Todos fornecerão um ar mais limpo nos anos seguintes para ajudar a garantir melhor saúde pública e maior resiliência contra futuras pandemias.”

Davies disse que medidas para reduzir a poluição, tais como viajar menos, foram as mesmas usadas para reduzir o contato entre pessoas e então o risco de contaminação. “Elas caminham juntas,” ele disse. O relatório será enviado ao governo. Davies disse: “Isso é algo que deveria estar na mesa do Primeiro Ministro e precisa ser considerado seriamente.”

O professor Jonathan Grigg da Universidade Queen Mary de Londres disse: “É provável que a poluição do ar aumente a vulnerabilidade da contaminação pelo Covid-19. Prevenir que o tráfego mais poluente volte a emergir para as nossas estradas deveria ser parte da política de medidas do Covid-19.”

Ele disse no evento de lançamento que sua nova pesquisa de laboratório mostrou que a exposição a curto prazo das células das vias aéreas às partículas poluidoras do tráfego aumentou o número de receptores ACE2 que o coronavírus se utiliza para entrar no corpo. “Nós mostramos um aumento altamente significativo,” ele disse.

O próximo passo na pesquisa, a qual ainda não foi revisada, é confirmar que a contaminação pelo vírus aumenta nessas células. “Eu ficaria surpreso se não acontecesse,” Grigg disse.

Também falaram no evento de lançamento pesquisadores da Universidade de Harvard nos Estados Unidos, cujas pesquisas indicam que mesmo um pequeno aumento de uma única unidade nos níveis de poluição de partículas nos anos anteriores à pandemia está associado a um aumento significativo na taxa de mortalidade.

“A poluição do ar e o Covid-19 são ainda mais perigosos juntos,” disse Rachel Nethery em Harvard. “Essas informações podem nos ajudar a se preparar, incentivando essas populações em áreas com maior poluição do ar a tomar maiores precauções e alocar recursos extras.”

Ela disse que a poluição do ar pode ajudar a explicar as diferenças que estamos vendo na taxa de mortalidade por Covid-19 entre os diferentes grupos étnicos. “Pessoas de cor e pobres são desproporcionalmente afetadas pela poluição do ar,” ela disse.

O time de Harvard inicialmente estimou o aumento da taxa de mortalidade associado a um aumento de uma única unidade na poluição por partículas finas em 15%. Porém, análises posteriores, levando em conta uma gama mais ampla de outros fatores, reduziram para 8%, ainda um aumento significativo.

Xiao Wu, outro membro da equipe de Harvard, disse que o resultado foi consistente entre as áreas urbanas e rurais e entre diferentes abordagens estatísticas.

A equipe também encontrou resultados similares para dióxido de nitrogênio, um poluente produzido por veículos a diesel e em níveis ilegais na maioria das áreas urbanas do Reino Unido.

Alastair Lewis, professor na Universidade de York e presidente do grupo de especialistas em qualidade do ar do governo do Reino Unido, também falou no evento de lançamento. Ele disse: “As mudanças observadas em alguns poluentes do ar durante a quarentena foram dramáticas e servem como um indicativo do que seria possível para o Reino Unido no futuro.”


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