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Quarentena: efeitos positivos e novas formas de cuidar do meio ambiente

22 de junho de 2020
5 min. de leitura
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Homem sentado olhando pela janela, isolado por conta do Corona Virus
Pixabay

A chegada da quarentena a nível mundial tem significado um respiro ao incessante castigo que a ração humana propicia à Terra e aos elementos naturais. Neste contexto, milhares de animais percorreram carros e cidades, agradecendo que, ainda que seja uma pandemia, colocamos o pé no acelerador.

Nesse sentido, Manuel Jaramillo, Diretor Executivo da organização Vida Silvestre, dialogou com a nação acerca das iminentes trocas que estão transitando no mundo. “O principal que podemos observar é que o planeta tem uma capacidade de resposta muito mais rápida do que pensamos”, afirmou.

Antes que avistassem animais no meio urbano no mundo “tem muitas espécies que estão muito perto da gente ainda que não os vejamos e, ao não haver presença humana, os animais silvestres se sentem muito mais seguros e ocupam lugares que usualmente não habitavam”.

A questão surge da raiz dos instintos animais que se tem encontrado nos carros do mundo, desde vacas, cavalos, aves e outros menos habituais, como raposas, lobos e ursos.

Ainda que longe de ver como um simples passeio pelo zoológico, Jaramillo afirmou que “nos confronta sobre o comportamento que deveríamos ter uma vez que voltamos a habitar esses espaços para não afetar tão negativamente às espécies como fazemos usualmente”.

Ademais, destacou que é importante “ter em conta que não são espécies que venham de lugares muito distantes, sendo que frequentam os arredores das cidades sem que as vejamos e hoje sentem muito mais confiantes e aparecem no espaço urbano”.

Com respeito à relação que se dá entre os espaços urbanos e naturais, destacou que é importante poder estabelecer um diálogo entre esses espaços. “Seria um desafio interessante repensar o desenho das cidades para favorecer as áreas de reservas urbanas para facilitar o movimento das espécies que estão perto e não vemos”, reforçou.

Ainda que alguns lugares do mundo se atentem a presença de ursos, lobos e até javalis, Jaramillo afirma: “Não são espécies que venham de lugares recônditos, muitas vezes se escondem ou se afastam ao sentir nossa presença, mas não estão relativamente longe”. Porém, frente a possibilidade de que esses animais aparecem no território do país, esclareceu: “Obviamente, na Argentina não podemos esperar que haja ursos ou lobos porque estamos no hemisfério norte, mas sim pequenos animais, insetos e aves.”

A realidade social do mundo nos ensina a viver a humanidade como alheia à natureza, é por isso que Jaramillo incita a reflexão: “Necessitamos baixar um pouco nosso antropocentrismo de pensar que somos a única espécie. O planeta está nos lembrando que nós precisamos muito mais dele, do que ele precisa de nós”, analisou.

O planeta Terra parece sentir-se melhor sem humanos que atravessam os espaços com uma lógica consumista, onde o material é mais importante que o pleno desfrute da existência natural. Porém, longe de chegar ao existencialismo Nietzschiano, Jaramillo assegura que “deveríamos usar o planeta de uma forma mais humilde, evitar o consumo irresponsável”.

Ademais, o especialista assegurou: “Não se tem visto ninguém que durante esses dias de isolamento sinta falta de coisas materiais. Sentimos mais falta de habitar a natureza, poder habitar esses espaços que nos mantém vivos”.

Por isso, foram propostas algumas mudanças que poderíamos realizar como espécie para reduzir o impacto no ambiente em que habitamos. “Durante esse tempo de isolamento tem-se reduzido os gases de efeito estufa, o que leva a pensar que é necessário poder analisar outras alternativas de transporte”. Para isso, propõe-se , sob a perspectiva individual, mas para um resgate coletivo, priorizar a bicicleta, o caminhar, o transporte público, para poder reduzir nossa produção de carbono.

Todavia, não foi a única medida que o especialista propôs para reduzir a contaminação do planeta. “Temos que ser mais responsáveis com nosso uso energético. Temos que evitar deixar coisas presas ou em stand by. É o único planeta que temos, não temos um planeta B. Temos que reduzir o consumo, buscar nossa realização na experiência pelo prazer, todas essas coisas que estamos perdendo”.

Decisões estatais e empresariais

Dentro da mesma temática mas em outra ordem de prioridades, Jaramillo criticou a forma que tem os distintos estados de reativar a economia e analisou as distintas possibilidades que terão os governos para fazer-las. “Os estados podem seguir elegendo entre enterrar seu dinheiro para a extração de petróleo e o combustível fóssil ou podem começar a investir na produção de outros tipos de energia, como a hidráulica, a eólica ou a agricultura urbana ao redor das cidades”, o que permitiria que “em caso de situação de emergência, ter alimentos saudáveis e por sua vez, trabalho para as pessoas”.

Além disso, não apenas criticou as decisões governamentais, como destacou também que são também as empresas que podem dar um giro na auto sustentabilidade. “Nós como usuários das empresas podemos eleger as que tenham um foco consciente sobre a natureza. A solução futura é parte de todos”.

Para Jamillo, diretor de Vida Silvestre, “tem que analisar a saúde planetária como um componente da saúde das pessoas e isso no contexto é central”. A saúde humana está em risco, mas para ele, a saúde do mundo deve ter sido atacado muito antes. Ainda estamos a tempo de gerar novos hábitos e mais saudáveis.


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