EnglishEspañolPortuguês

Animais e plantas estão morrendo mais rapidamente desde a extinção dos dinossauros

21 de junho de 2020
7 min. de leitura
A-
A+

Espécies estão morrendo mais rápido do que em qualquer outro momento desde a extinção em massa de dinossauros.

Pesquisadores dizem que esta é a aceleração da sexta extinção em massa da Terra.

A equipe por trás do estudo pede novas ações imediatas de conservação global.

Isto é para evitar um “colapso catastrófico do ecossistema” devido ao declínio das espécies.

Pixabay

Espécies de animais e plantas estão morrendo em todo o mundo no ritmo mais rápido desde o evento de extinção em massa que matou os dinossauros há 66 milhões de anos, alertam os cientistas.

Um novo estudo, realizado por uma equipe internacional de pesquisadores, descobriu que mais de 500 espécies de animais terrestres estarão à beira da extinção nas próximas duas décadas.

A equipe, que incluía especialistas da Universidade do México e da Universidade de Stanford (EUA), diz que a aceleração da taxa de declínio das populações de várias espécies é resultado de atividades humanas.

A equipe internacional de pesquisa está pedindo ações imediatas de conservação global para evitar um “colapso catastrófico do ecossistema”.

Pesquisadores dizem que a taxa de declínio dessas espécies é muito maior do que se pensava, além do que, a sexta extinção em massa do mundo já está em andamento.

Algumas dessas espécies especialmente em risco incluem o rinoceronte de Sumatra, a ave carriça da Ilha de Clarion, a tartaruga gigante de Española e o sapo-arlequim.

Paul Ehrlich, da Universidade de Stanford na Califórnia, junto a um dos autores do estudo, disse que estamos nos prejudicando cada vez mais por não enfrentarmos essa crise.

“Quando a humanidade extermina populações e espécies de outras criaturas, ela está serrando o suporte em que ela própria está sentada, destruindo partes funcionais do nosso próprio sistema de suporte de vida”, disse Ehrlich.

“A conservação de espécies ameaçadas deve ser elevada ao nível de emergência nacional e global para governos e instituições, da mesma forma que acontece com a perturbação climática à qual este fenômeno está ligado.”

Pixabay

Mais de 400 espécies de vertebrados foram extintas nos últimos 100 anos – extinções que levariam até 10.000 anos no curso normal da evolução.

Exemplos de espécies extintas devido à atividade humana incluem o pica-pau de bico de marfim, e a jiboia escavadora da Ilha Redonda.

O exemplo mais recente de uma extinção é o sapo dourado.

Diana Fisher, da Universidade de Queensland (Austrália), copresidente da IUCN (International Union for Conservation of Nature – União Internacional para a Conservação da Natureza), disse que espécies ameaçadas de extinção estão em todos os continentes, excerto pela Antártica.

“Concordo com os autores que esta crise de extinção precisa ser elevada ao patamar de emergência no mesmo nível das mudanças climáticas”, disse Fisher.

“Os esforços de conservação funcionam, e todas as populações podem ser salvas se quisermos salvá-las. Dezenas de aves e mamíferos se recuperaram do estágio de serem apenas pequenas populações, devido ao intenso esforço de conservação.”

Para entender melhor o risco atual de extinção enfrentado por algumas das criaturas, a equipe analisou a abundância e distribuição de espécies que estão criticamente ameaçadas.

Eles usaram dados da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e da Birdlife International.

Eles descobriram que 515 (1,7 por cento) das 29.400 espécies analisadas estão à beira da extinção, com menos de 1.000 indivíduos remanescentes em cada espécie.

Aqueles à beira da extinção estão localizados principalmente em regiões tropicais e subtropicais, em áreas fortemente afetadas pelas atividades humanas, disseram os pesquisadores.

O professor Ralf Buckley, diretor do Centro Internacional de Pesquisa em Ecoturismo (International Centre for Ecotourism Research) da Universidade de Griffith (Austrália), disse que o fato de extinções acontecerem concentradas em certas regiões é bom e ruim.

“Ruim, uma vez que onde uma espécie é levada à extinção, outras provavelmente irão pelo mesmo caminho. Bom, já que se uma espécie e seu habitat puderem ser protegidos, outras sobreviverão com ela”, disse Buckley.

Além disso, o financiamento para proteger muitas espécies ameaçadas agora depende em grande parte do ecoturismo. Então, se uma espécie é carismática e atrai turistas, isso também pode ajudar espécies menos conhecidas na mesma área.”

Ele disse que o turismo depende da segurança, então, áreas que não são tão seguras, mas onde se concentra uma série de extinções, podem estar em maior risco – especialmente no noroeste da Colômbia.

“O turismo para a Colômbia ainda é pequeno. Esta nova análise mostra, por exemplo, que se os esforços de conservação pudessem se concentrar em impulsionar o turismo para a Colômbia, haveria um alto retorno. O mesmo se aplica a outras zonas de sobreposição.

Os vertebrados terrestres que enfrentam a extinção incluem espécies como o rinoceronte de Sumatra, a ave carriça da Ilha de Clarion, a tartaruga gigante de Española e o sapo-arlequim.

Pixabay

Análises adicionais sugerem que mais de 237.000 populações de espécies de mamíferos e aves ameaçadas de extinção já desapareceram desde 1900.

O declínio das espécies está sendo impulsionado pelo comércio de animais selvagens e outras pressões humanas, como o crescimento populacional, a destruição de habitats, a poluição e as mudanças climáticas, disseram os pesquisadores.

Descobriu-se que a grande maioria (84 por cento) de espécies com populações abaixo de 5.000 indivíduos vivem nas mesmas áreas em que espécies com populações abaixo de 1.000 indivíduos.

De acordo com a equipe, isso significa que a perda de criaturas ameaçadas pode ter um “efeito dominó” em outras espécies

O autor principal, Gerardo Ceballos, da Universidade do México, disse: “O que fizermos nas próximas duas décadas para lidar com a atual crise de extinção definirá o destino de milhões de espécies.”

“Estamos diante de nossa última oportunidade para garantir que os muitos serviços que a natureza nos fornece não sejam irremediavelmente sabotados.”

Entre outras ações, os pesquisadores propõem um acordo global para proibir o comércio de espécies selvagens – particularmente a captura ilegal ou caça de animais silvestres para fins de alimentação, domesticação e pesquisa de medicamentos, considerando que isso seria uma ameaça contínua às espécies e à saúde humana.

“Cabe a nós decidir que tipo de mundo queremos deixar para as próximas gerações – um sustentável, ou um desolado no qual a civilização que construímos escolhe se desintegrar em vez de se basear em sucessos passados”, disse o coautor Peter Raven.

A Covid-19, que se acredita ter se originado em morcegos e sido transmitido aos humanos através de outra criatura em uma feira de animais vivos, é um exemplo de como o comércio da animais silvestres pode prejudicar os seres humanos, de acordo com os pesquisadores.

Eles destacam que os animais selvagens têm transmitido muitas outras doenças infecciosas para humanos e animais domésticos nas últimas décadas devido à invasão de habitat e à captura de animais selvagens para comer.

Chris Johnson, professor de Conservação da Vida Selvagem da Universidade da Tasmânia (Austrália), disse que a taxa de mudança está avançando rapidamente.

“A taxa atual de extinção de espécies é maior do que em qualquer momento desde 65 milhões de anos atrás, quando a colisão de uma rocha espacial com a Terra matou dinossauros e muitas outras espécies”, disse Johnson.

Pixabay

“Ameaças às espécies no mundo de hoje – coisas como destruição de habitat e mudanças climáticas – estão crescendo rapidamente.”

“Isso sugere que a taxa de extinção pode estar prestes a aumentar ainda mais. A importância deste estudo é que ele fornece evidências para esse aumento urgente das extinções”, acrescentou.

“A tragédia de tudo isso é que temos o conhecimento para salvar espécies da extinção, e fazer isso é barato em um contexto global. Mas essa tarefa não recebe prioridade suficiente pela sociedade e pelos governos.”

As descobertas foram publicadas na revista Proceedings da National Academy of Sciences.


Gratidão por estar conosco! Você acabou de ler uma matéria em defesa dos animais. São matérias como esta que formam consciência e novas atitudes. O jornalismo profissional e comprometido da ANDA é livre, autônomo, independente, gratuito e acessível a todos. Mas precisamos da contribuição, independentemente do valor, dos nossos leitores para dar continuidade a este imenso trabalho pelos animais e pelo planeta. DOE AGORA.


 

    Você viu?

    Ir para o topo