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Exploração de animais e destruição de habitats são as principais causas de transmissões de vírus

11 de abril de 2020
3 min. de leitura
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A exploração da vida selvagem e a destruição de habitats são as principais responsáveis pelo aumento da disseminação de vírus comuns em animais para seres humanos. A afirmação é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da UC Davis School of Veterinary Medicine, na Califórnia, que estudaram 142 vírus que são transmitidos de animais para humanos.

A pesquisa teve como objetivo mapear a ligação entre doenças infecciosas e mudanças climáticas e aponta que a destruição de ecossistemas por ações antrópicas e a caça de animais eleva drasticamente a propagação de vírus e outros micro-organismos infecciosos. O declínio da população de animais selvagens está intrinsecamente ligado ao surgimento de doenças.

A autora principal do estudo, a professora de Epidemiologia da UC Davis, Christine Kreuder, afirma que precisamos encontrar formas mais conscientes e sustentáveis de interagir com o meio ambiente e com os animais, pois o número de vírus presentes na natureza são incalculáveis. “A disseminação de vírus de animais é um resultado direto de nossas ações que envolvem a vida selvagem e seu habitat”, afirma.

A pesquisadora ponta ainda que a pandemia do coronavírus é resultado direto da exploração animal. “A conseqüência é que eles estão compartilhando seus vírus conosco. Essas ações ameaçam simultaneamente a sobrevivência das espécies e aumentam o risco de transbordamento. Em uma infeliz convergência de muitos fatores, isso causa o tipo de confusão em que estamos agora”, completa.

O estudo mapeou também os principais animais hospedeiros. Usando a Lista Vermelha da IUCN de Espécies Ameaçadas, eles examinaram padrões na abundância dessas espécies, riscos de extinção e causas subjacentes ao declínio das espécies. Eles descobriram tendências claras no risco de propagação de vírus de animais para seres humanos, que destacam como as pessoas interagiram com os animais ao longo da história.

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Os cientistas identificaram também que animais selvagens que têm sua população em curva crescente e são bem adaptadas ao meio ocupado e dominados por seres humanos compartilham mais vírus que outras espécies. Como exemplo, são citados roedores, morcegos e primatas que vivem em áreas urbanas. Espécies em extinção também estão lista de risco, pois devido à interação constante com humanos em esforços conservacionistas, se tornam fontes de transmissão.

A veterinária e consultora da ANDA, Dra. Rita Leal Paixão, usou seu perfil no Facebook para propor uma reflexão sobre os impactos e responsabilidades das ações humanas em suas interações com outras espécies e o meio ambiente. “Tenho visto muitos falarem em mudança de paradigma e das relações humanas pós-Covid-19. Cumpre-me lembrar que paradigmas vão mudar quando as relações entre humanos e não humanos não forem mais as mesmas, não podem permanecer as mesmas!”, diz a pesquisadora.

E completa: “Milhões de animais encarcerados em péssimas condições que favorecem a propagação dos micro-organismos que acabam por ultrapassar a barreira das espécies. A Covid-19, assim como as últimas pandemias e epidemias, gripe aviária, gripe suína, mers, etc, estão de alguma forma associadas a consumo de produtos de origem animal. É momento de se considerar seriamente o fim de certos hábitos. A exploração animal e a exploração humana caminham no mesmo sentido”, conclui.


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