Um filhote de peixe-boi fêmea que foi resgatado após ser encontrado encalhado, na sexta-feira (17), na orla do Rio Amazonas, em Macapá (AP), iniciou seu processo de reabilitação, que pode durar até dois anos. Ao final do tratamento, o animal, que é órfão, retornará à natureza.
Ameaçado de extinção, o peixe-boi não consegue sobreviver sozinho na natureza durante a fase da infância. Por isso, os cuidados ofertados por pesquisadores, biólogos e veterinários do Bioparque e do Instituto Mamirauá são fundamentais.
Com cerca de um metro de comprimento e mais de 13 quilos, o peixe-boi foi submetido a análises física e clínica, com coleta de sangue para exames. Durante o atendimento veterinário, escoriações leves e uma lesão no olho direito foram identificadas.
O processo de reabilitação do animal é longo porque, segundo a oceanóloga Miriam Marmote, várias etapas precisam ser respeitadas, desde a estabilização da saúde até a readaptação do peixe-boi ao habitat.
“Temos a estabilização do animal em termos de saúde passando por todo processo de amamentação, o desmame e a transição da mamadeira para uma dieta totalmente baseada em plantas aquáticas, seguido de um período de pré-soltura para readaptação ao ambiente natural e finalmente a soltura do animal no ambiente natural”, explicou, em entrevista ao G1.
Mantido em um berçário improvisado, o filhote está sendo alimentado cinco vezes ao dia por meio de uma mamadeira gigante. Ele recebe alimentos calóricos para não perder peso.
“O animal está bem. Ele já passou por avaliação clínica. Está recebendo uma dieta bastante calórica, visando evitar perda de peso nesse início da adaptação ao cativeiro. Coletamos também amostras de sangue para exames, e em breve teremos mais informações sobre o estado de saúde geral”, relatou o veterinário Luiz Sabioni.
Ameaça de extinção
O peixe-boi está ameaçado de extinção, embora a espécie seja protegida por legislação desde 1967. Além disso, conforme explicou Danielle Lima, bióloga do instituto Mamirauá, o ecossistema desses animais tem sido destruído, o que também deixa o peixe-boi mais vulnerável.
“Tanto o peixe-boi marinho, quanto o peixe-boi amazônico são espécies ameaçadas de extinção e são protegidas por lei desde 1967. No passado, essas espécies foram muito caçadas, principalmente para o consumo e utilização do couro na indústria. Atualmente, o maior fator de ameaça é a destruição dos habitats naturais”, afirmou.
O diretor do Bioparque da Amazônia, Richard Madureira, também pede que a população se atente aos animais e solicite resgate ao encontrá-los em área urbana, sem fazer qualquer tipo de contato com o peixe-boi.
“Qualquer pessoa não pode simplesmente pegar esse animal. Tem que ligar para Polícia Militar, Guarda Ambiental, Corpo de Bombeiros ou Ibama. Todos os órgãos que participam de uma rede de proteção e de cuidados ao animal silvestre, para que quando eles tomarem conhecimento possam se dirigir ao local”, concluiu.