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Circos com animais ainda são uma realidade no Brasil

10 de abril de 2020
3 min. de leitura
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Dos 26 estados brasileiros e um distrito federal, apenas 12 estados têm lei que proíbe circos com animais. O que poderia mudar essa realidade é a aprovação de um projeto de lei que bane a prática em todo o país.

Projeto antigo ainda parece distante de virar lei

No Congresso, a iniciativa que mais se aproximou dessa proibição é o PLS 397/2003, de autoria do senador Álvaro Dias (Podemos-PR), que a princípio defendeu a regulamentação da exploração de animais em circos.

Ursa Rowena e elefantes antes explorados pela companhia de circo Ringling Bros. and Barnum & Bailey (Fotos: o Dia/Alamy)

Por bem, mais tarde o projeto foi modificado nas comissões de Meio Ambiente e de Educação e a matéria passou a proibir a exploração de animais.

Embora aprovado em 2009 em três comissões – Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Educação; e Constituição e Justiça e de Cidadania – desde então o projeto não evoluiu para se tornar lei, mesmo após inúmeras cobranças e discussões de lá pra cá.

Apenas 12 estados proíbem a prática

Também não há clareza em relação aos motivos, a não ser o objetivo entendimento de que não parece ser uma grande preocupação. Em fevereiro de 2019, o deputado Célio Studart (PV-CE) protocolou um projeto que também defende a proibição de animais em circos – mas, seis dias depois de apresentado, o PL 857/2019 foi apensado ao PLS 397/2003, que já se aproxima dos 17 anos.

No Brasil, utilizar animais em circos é proibido em Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

A justificativa para a oposição é bem simples – animais são tirados precocemente de seu habitat e do convívio familiar para serem explorados como meio de entretenimento e lucro. Nesse meio, acumulam traumas em decorrência da privação, ausência de contato familiar e treinamento severo.

Rowena, retrato do sofrimento imposto aos animais

No Brasil, um famoso exemplo das consequências do circo na vida de um animal é o da ursa Rowena, antes Marsha, que nasceu na Rússia e foi forçada a atuar por 25 anos em um circo que excursionava pelo Brasil.

Ela ganhou a liberdade aos 32 anos, quando ativistas se juntaram para enviá-la ao santuário Rancho dos Gnomos. Rowena, que ficou conhecida como “a ursa mais triste do mundo”, faleceu em julho de 2019 em decorrência de complicações de um tumor ovariano.

Elefanta baleada com 87 tiros 

Outro caso emblemático das consequências da má intervenção humana na vida de animais silvestres usados em circos é o da elefanta africana Tyke, que em 1994 se revoltou com o seu treinador e o matou pisoteado durante um espetáculo.

Abalada emocionalmente, a elefanta, que vivia situações diárias de estresse extremo, fugiu pelas ruas de Honolulu, no Havaí, onde acabou morta no centro da cidade com 87 tiros. Quando se aproximaram de Tyke, antes do suspiro final, havia lágrimas em seus olhos.

A sua história é contada na íntegra no documentário “Tyke Elephant Outlaw”, de Susan Lambert e Stefan Moore, lançado em 2015, que discute a ignorância, os abusos e os riscos de se levar um animal silvestre para viver uma realidade que não condiz com a sua natureza.


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