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Crueldade: governo chinês ordena que cidadãos abandonem e matem cães e gatos

1 de fevereiro de 2020
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Ao invés de proteger todos os seres vivos vulneráveis à exposição do vírus, cidades na China estão emitindo ordens para que cães e gatos sejam mortos e abandonados por seus tutores por supostamente contribuírem para a disseminação do coronavírus. A medida cruel e absurda teve início na última ontem (31/01), após a conselheira técnica da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Lanjuan, informar que o coronavírus, que tem contaminado centenas de pessoas em pelo menos 18 países, também pode ser transmitido a todos os mamíferos, inclusive cães e gatos.

Informações do MailOnline revelam que associações de moradores e empresas privadas estão coagindo residentes a “darem um jeito” em seus animais e até mesmo estão incentivando políticas de extermínios de cães e gatos em situação de rua. Relatos do tipo foram registrados em diversos locais do país como Pequim, Tianjin, Shandong, Heilongjiang, Hebei, Wuhan, Shanxi e Xangai.

Em Wuhan, considerado o epicentro da epidemia, tutores foram proibidos de passearem com seus cães nas ruas e informados que caso os animais tenham acesso a áreas comuns de circulação de pessoas, podem ser recolhidos e mortos. Pombos selvagens estão sendo assassinados para “evitar que o vírus se espalhe mais rapidamente”. Há relatos de centenas de animais sendo abandonados e esmagados até à morte, além outros métodos cruéis.

A política desumana por parte dos chineses aos interesses do consumo impõe aos animais vidas miseráveis com o intuito de apenas atenderem ao egoísmo dos seres humanos. Menosprezados, os animais são condenados a mortes terríveis e são os primeiros a serem punidos, abandonados e descartados em situações críticas. Apesar do crescimento da conscientização sobre os direitos dos seres vivos no país, este episódio deixa claro que os animais continuam extremamente vulneráveis na China.

Dr. Peter J. Li, porta-voz da Human Society (HSI) no país, afirma que a medida é uma forma de tirar foco dos verdadeiros problemas. “Esta não é a abordagem correta para as autoridades locais da China lidarem com a crise nacional que na verdade é atribuída ao tráfico e comércio de animais selvagens. Cães e gatos não contribuíram para o surto de SARS em 2002-2003. Eles também não têm nada a ver com a epidemia de Wuhan”, disse.

Li afirma ainda que essa é apenas mais uma prova da insensibilidade do governo chinês e da inaptidão para lidar com crises no país, condenado sempre os mais vulneráveis. “Essas ordens minam o esforço nacional para conter o surto e afastam o trabalho e recursos necessários do verdadeiro campo de baralha. Seus atos [do governo chinês] mostram que muitas autoridades locais da China não têm competência para administrar a sociedade chinesa”, conclui.

Enquanto comerciantes lucram vendendo máscaras faciais para cães e gatos mantidos sob quarentena, não há nenhuma tentativa de diálogo sobre os riscos do consumo de animais para a disseminação de grandes epidemias. Existe um desequilíbrio de forças que massacra os mais indefesos. Wuhan, marco zero do coronavírus, é mundialmente conhecida pela grande quantidade de restaurantes que servem carne de cachorro que cozinha os animais ainda vivos, conscientes e em situação de sofrimento extremo.

Há um silêncio incômodo sobre a responsabilidade humana na disseminação do vírus e a irresponsabilidade do governo de permitir que a exploração de animais para consumo se perpetue como prática econômica legítima. Para tentar conter as políticas de extermínio contra cães e gatos no país, a Organização Mundial da Saúde emitiu nota afirmando que não há nenhuma comprovação de que o vírus possa contaminar animais domésticos. É preciso cautela para fornecer dados que pesem sobre a vida de todos os organismos expostos ao vírus.

É de extrema crueldade e um desserviço que cães, gatos e outras espécies sejam condenados à morte enquanto o governo investe em campanhas de valorização à vida como a construção imediata de um hospital para atender as vítimas da epidemia. Todos seres vivos precisam ter a mesma oportunidade de viver e serem respeitados enquanto seres sencientes e capazes de sentir emoções complexas e superiores. Por que os animais devem pagar pelo erro humano quando são, também, vítimas?

O surto de coronavírus teve início em um mercado de animais na cidade Wuhan. Há suspeitas que a epidemia começou após o consumo de sopa de morcegos, mas também se especula que outros animais vendidos e aprisionados no local, como ratos, lobos e até mesmo coalas, também possam estar infectados. O vírus já atingiu toda a China. Já foram registrados cerca de 100 mil casos no país e mais de 100 no exterior. Mais de 213 pessoas já morreram, mas o número de animais assassinato é incontável.

Entenda o caso

O coronavírus, que tem contaminado centenas de pessoas em pelo menos 18 países, também pode ser transmitido a animais domésticos. O alerta foi feito pela epidemiologista Li Lanjuan, conselheira técnica da Comissão Nacional de Saúde da China, onde os casos da doença tiveram início.

A especialista afirmou, em entrevista à rede estatal chinesa CCTV, que é importante submeter animais expostos ao vírus a um período de quarentena. As informações são da revista Época.

“Esse vírus pode ser transmitido entre animais mamíferos. Precisamos tomar precauções em relação a todos os mamíferos”, disse Li Lanjuan, de acordo com o jornal South China Morning Post. “Se os animais forem expostos ao vírus ou tiverem contato com pacientes infectados, os casos precisam ser monitorados”, completou a profissional, que não mencionou se algum caso de animal infectado foi registrado.

Foto: Stringer / Getty Images

Conceituada epidemiologista na China, Li Lanjuan é professora na Universidade de Zhejiang. O alerta feito pela especialista, no entanto, não foi confirmado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirmou anteriormente que não há evidências de que o vírus pode ser transmitido a animais domésticos.

A OMS alegou que não se sabe ainda se o coronavírus “tem algum impacto na saúde dos animais e nenhum evento específico foi relatado em nenhuma espécie”.

Foto: Reprodução

Nota da Redação: a ANDA é absolutamente contrária e repudia veementemente políticas que responsabilizem e decretem a morte de animais inocentes seja por motivos de saúde ou qualquer outros. Assim como nós, animais têm direito à vida, a cuidados e à preservação da sua integridade física. É preciso que a humanidade se conscientize sobre a importância de assumir as responsabilidade e consequências das próprias ações sem causar danos e fazer mal a outras espécies.


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