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China: voluntários lutam para salvar milhares de animais isolados por determinação do governo

5 de fevereiro de 2020
4 min. de leitura
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Pixabay

Cerca de 50 mil animais domésticos estão vivendo sozinhos e à própria sorte na cidade chinesa de Wuhan após seus tutores terem viajados para as comemorações do Ano Novo Lunar, celebrado dia 25 de janeiro, e não poderem retornar aos seus lares devido às imposições de quarenta determinadas pelo governo.

Para driblar a política de isolamento e salvar seus animais, muitos tutores fizeram apelos para que voluntários se dispusessem a entrar em suas casas e alimentar e cuidar de seus cães e gatos. As informações foram divulgadas pelo portal Daily Mail na segunda-feira (04).

Um dos voluntários, Lao Mao, de 43 anos, disse que seu telefone toca constantemente e que ele e sua equipe já conseguiram cuidar e salvar mil animais. Ele afirma que mal consegue dormir, mas não consegue ignorar nenhum dos apelos que recebe. Seu engajamento pela causa animal lhe rendeu o apelido de “Gato Velho”.

Lao relata que certa vez encontrou dois gatos agonizando de fome presos embaixo de um sofá. Ao contar ao seu tutor sobre a situação dos animais, o viu desmoronar aos prantos. O ativista explica que apesar de todo o esforço que está sendo reunido, ele estima que durante o período de quarentena até 5 mil animais morram de sede e fome.

Tristeza e morte

Apesar dos esforços de Lao e muitos outros voluntários, há relatos profundamente tristes de animais condenados à morte. Um morador da cidade de Wuxi impedido de retornar à sua casa, pediu a empresa que administra o edifício onde mora para deixar seu gatinho na sacada para que um amigo próximo pudesse alimentá-lo.

Ele pensou que tudo correria bem, mas foi arrebatado após descobrir que a empresa colocou seu gato em um saco plástico e o enterrou ainda vivo afirmando estar cumprindo ordens do Controle de Doenças Infecciosas do país que determinou a morte de animais domésticos com protocolo de descontaminação.

Asia Wire

Desde sexta-feira (31/01), segundo o Daily Mail, o número de animais abandonados cresceu drasticamente. O município de Zhejiang proibiu que tutores saiam na rua com seus animais e informou que caso a ordem seja descumprida, os animais serão recolhidos e mortos.

Keith Guo, representante da Peta Ásia, afirma que existe resistência da população em buscar as informações corretas. “A Organização Mundial da Saúde emitiu uma declaração informando que não há evidencias de que cães e gatos serão infectados com o coronavírus. Nossos verdadeiros inimigos estão em fazendas industriais, matadouros e mercados de carne”, disse o ativista.

Novas denúncias

Um alerta feito ontem (04) pela organização Bo Ai Animal Protection Center (Centro de Proteção Animal Bo Ai, em tradução literal) afirma que a cidade chinesa de Guangyuan, na província de Sichuan, ameaçou matar todos os animais domésticos do condado de Cangxi durante o surto epidêmico de coronavírus.

O ativista Du Yufeng, fundador do Bo Ai Animal Protection, condena a decisão. “O condado de Cangxi, em Guangyuan, escolheu voluntariamente ignorar informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde esclarecendo que não há qualquer evidência cientifica que cães e gatos transmitam coronavírus”, disse.

Du afirma ainda que cães e gatos em situação de rua já estão sendo mortos.

Pixabay

Entenda o caso

O coronavírus, que tem contaminado centenas de pessoas em pelo menos 18 países, também pode ser transmitido a animais domésticos. O alerta equivocado e que causou pânico foi feito pela epidemiologista Li Lanjuan, conselheira técnica da Comissão Nacional de Saúde da China, onde os casos da doença tiveram início.

A especialista afirmou, em entrevista à rede estatal chinesa CCTV, que é importante submeter animais expostos ao vírus a um período de quarentena. As informações são da revista Época.

“Esse vírus pode ser transmitido entre animais mamíferos. Precisamos tomar precauções em relação a todos os mamíferos”, disse Li Lanjuan, de acordo com o jornal South China Morning Post. “Se os animais forem expostos ao vírus ou tiverem contato com pacientes infectados, os casos precisam ser monitorados”, completou a profissional, que não mencionou se algum caso de animal infectado foi registrado.

Conceituada epidemiologista na China, Li Lanjuan é professora na Universidade de Zhejiang. O alerta feito pela especialista, no entanto, não foi confirmado pela OMS, que afirmou anteriormente que não há evidências de que o vírus pode ser transmitido a animais domésticos.

A OMS alegou que não se sabe ainda se o coronavírus “tem algum impacto na saúde dos animais e nenhum evento específico foi relatado em nenhuma espécie”.

Nota da Redação: é importante esclarecer que as matérias publicadas pela ANDA sobre o impacto da epidemia do coronavírus na vida dos animais não tem como intenção incitar a xenofobia ou qualquer tipo de intolerância. Nosso objetivo é informar. Utilizamos como fontes informações de organizações internacionais como a Peta e a Humam Society Internacional, que dispõem de recursos para visitar o país para verificar a verdadeira situação dos animais. Gostaríamos de enfatizar também que não é nosso objetivo induzir a generalizações e preconceito. Repudiamos veementemente todo tipo de violência e discriminação. A luta pela defesa dos direitos animais precisa de todos, juntos somos mais fortes.


 

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